Ilha do rei sem coroa

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— Caramba... Caraaaaabaaaaa! Isso é tão irado, né, Aura?

O mais velho dos quíntuplos, Yeonjun, irmão das minhas amadas – Sim, agora eu as chamava assim em meu coração, já que eu tive a graça de ter quatro criaturas divinas para mim nesta vida. Ela se dividiu em quatro lindas e maravilhosas partes e eu estava radiante de felicidade – Disse saltitando efusivo ao meu lado enquanto o navio se aproximava da tal ilha onde a família passaria morar. Não mais na França em um castelo e sim ali, cercado de oceano por todos os lados e em um ponto que Marco dizia ser quase invisível no mapa.

Ainda que eu não me interessasse muito pelo assunto. Eu estava com elas e isso era tudo o que me interessava. Eu iria para onde elas fossem e se era ali o meu novo lar, então ali seria.

Eu ainda não sabia quem eu era e Marco disse que meu nome podia ser uma variação da bela adormecida dos contos de fadas. Eu achei bonito o nome e agora aquele era o meu.

Aura.

— Você gosta de ilhas, Yeonjun?

Ele me olhou e sorriu todo empolgado:

— É romântico! Sabe aquela coisa de piratas e tesouros? Não existe piratas e tesouros sem ilha, não é verdade?

— Meu tesouro é a suas irmãs – Dei de ombro – E elas estavam em um castelo.

— Porque elas são princesas né, Aura, princesas moram em castelos... Ou ilha agora, porque nós podemos! Eu escreverei um conto de fadas em um castelo de uma ilha no alto de uma... Mont... AI SANTA MIO! AURA DO CÉU, TEMOS UM CASTELO!

Dei um pulinho de susto quando ele gritou apontando frenético e acabei olhando para a direção vendo que sim, algo como uma torre despontava da mais alta montanha do lugar, mas não parecia bem um castelo e sim uma montanha com um farol baixo de teto arredondado.

Que coisa diferente... E elegante.

— Gente, GENTE, A GENTE TEM UM CASTELO!

Ele saiu do meu lado para ir espalhar a boa nova pelo navio e eu acabei rindo baixinho de toda aquela energia. Os irmãos homens da família tinham tanta energia que muitas vezes me desnorteavam, mas era engraçadinho de ver, ainda que os quíntuplos fossem praticamente adultos.

Dei as costas para a ilha que se aproximava mais da minha visão e vi o que agora seria a estrutura da minha família. Muitos homens de branco, de uniforme que lembrava uma variação de batina clerical e outros tantos de roupa preta estilo soldados andando de ela para cá. Eles eram o exército do rei e seus consortes, assim como as mulheres que usavam aquela vestimenta inteira negra e capuz também eram.

Eles eram exército, mas também família.

Shawn tinha me garantido mais de uma vez e eu não tinha dúvidas.

Era real.

Então vinha o médico e seus dois maridos. Uma das amigas da família que não falava com a boca, mas dizia tudo com os olhos e seus sete maridos que eram alguma variação de soldados também, mas sem uniformes. Um dos consortes reais e suas quatro esposas. O mordomo e seus oito maridos. O irmão do mordomo, os filhos e irmãos e irmãs das minhas amadas, os dois consortes delas e finalmente o rei e seus quatro maridos.

Era uma família imensa, mas calorosa. E protetores, por isso meu coração estava em paz. Dessa vez o medo de ser tirada dela foi aplacado. Não parecia ser uma possibilidade ao qual me pudesse atormentar.

Estávamos indo morar em um local isolado.

Em um lugar seguro.

— Tão pensativa, nossa esposa.

Roy chegou perto de mim e tocou com cuidado meu pescoço e eu só o deitei para receber mais dos toques. Elas eram táteis e isso para mim era o céu. Eu queria ficar ali, ao alcance dos dedos delas para sempre.

E o melhor de tudo é que eu poderia.

Marco surgiu no outro lado e eu só estendi minha mão enlaçando meus dedos aos dela.

— Eu ainda não me lembro quem sou ou de onde vim. E se isso um dia ficar entre nós?

— Nada ficará entre nós, eu destruiria antes.

Shawn disse firme surgindo a minha frente com seu sorrisinho divertido. Elas eram tão lindas... E todas minha.

— Eu não sei dizer como fico aliviada por ouvir isso, eu sinto que sou de vocês há muitas vidas, muitas mesmo. E não quero perdê-las outra vez.

— Não vai, agora somos casadas pelas leis da OMMP, Aura – E Ka chegou próxima de mim estendendo a mão. Ali, um relógio delicado repousava na pele clara com elegância, como meu nome dentro do visor, bem como em todas as outras três. Em mim eram uma aliança com quatro arcos. Eram o símbolo na nossa união e eu a consegui bem como uma cerimônia simples e linda no dia anterior, antes de partimos do castelo.

Nos voltamos as cinco para o píer que se aproximava, mas o navio não atracaria tão perto. Havia barcos que nos levariam até a ilha, ninguém queria prejudicar a flora do lugar.

— Papai agora é apenas membro honorário, já que fez da tia Aza rainha e tio Ren seu consorte real. Será que ele vai conseguir viver como um aposentado? – Marco disse pensativa me puxando para seu corpo até ficar as minhas costas – Papai não é do tipo, por mais que ele diga que quer paz e tudo isso, e se ele não se adaptar?

— Estaremos aqui para ele, Marco – Roy disse firme – Estaremos aqui. Vamos lidar todos juntos com o que o futuro nos reserva. Um dia de cada vez.

Sorri, gostava daquela perspectiva, um dia de cada vez.

— UAU, É MESMO UM CASTELO!

Alguém dos sétuplos disse animado atrás de nós e eu sorri.

Aquela agora seria minha família. Eu estava tão feliz!

Shawn deu uma risadinha e disse em seguida:

— Papai vai ficar ocupado, não tenho dúvidas nenhuma.

Todas riram e eu fechei os olhos.

Eu as amava e elas me amavam.

Tudo ia ficar bem.




Fim


Gostaram?

Beijinhos!!!

Irmãs PhiravichOnde histórias criam vida. Descubra agora