Jealousy

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  Eu sempre amei minha irmã.

Sempre estive de olho em Yim por onde ela passasse ou o que fosse que ela fizesse. Eu sentia que era meu dever e direito cuidar dela ainda que eu fosse mais nova. Idade para mim não importava nada. Só ela, o bem-estar dela. A felicidade dela.

Yim.

Três letras que alteravam meu humor e abalava minha existência, eu amava todas as minhas irmãs e meus irmãos, claro, mas com ela era diferente. Eu sabia que era, mas não sabia como e por quê.

O fato é que sou prática então ficar me digladiando em perguntas sem respostas não me atraia, assim eu ignorava os fatos e agia pelos meios.

Sempre fomos muito amigas também, existia o laço profundo e ela também sentia, sentia que era diferente, eu via nos olhos dela. Mas minha irmã... Sempre foi um pouco cega e eu só me dei conta depois.

Lembro exatamente do dia em que eu me dei conta dos meus sentimentos: estávamos vendo um filme de romance por causa dos quíntuplos que adoravam melodrama. Em casa tudo era meio caótico, mesmo, não é figura de linguagem, mas nos amávamos muito e sempre dávamos um jeito de não sair da linha demais contudo naquele dia, eu percebei algo que não tinha percebido antes.

Quando a mocinha da história percebeu que amava o melhor amigo.

Meu amor pela Yim não era de irmã, não era como era com todos os outros.

Era um amor romântico. Eu a amava de um jeito mais específico. Não que eu não a amasse como irmã e família, mas também havia esse outro amor e eu o sentia borbulhar na minha alma.

Foi a primeira vez que me dei conta completa do que queria.

Yim era minha. E eu ia me casar com ela, se ela de fato correspondesse aos meus sentimentos como eu sentia que ela fazia.

Mas nada é fácil nesse mundo, tudo tem um preço e um dos meus pais sempre disse isso. Tudo tem um preço e o preço da minha descoberta era um ciúme que me devorava e impaciência que me corroía.

Yim fez seus dezoito anos e quis sair para um barzinho de Paris para "conhecer pessoas".

Naquela noite eu me isolei na cabana da floresta para não quebrar tudo em meu quarto. Sabia do meu temperamento, da minha ferocidade, das minhas emoções que sempre mantinha controladas pela paciência sem fim que eu adquiri com o tempo. Eu tinha dezesseis anos e era uma bomba relógio de ciúme e raiva.

Alguém ia tocar na minha Yim, ela ia tocar em algum estranho e eu ia querer matar essa criatura!

— Mei, Mei, calma meu amor.

E as mãos de pai Can estavam sobre meus ombros, tranquilas como uma brisa de primavera. Meu pai era especial, não que os outros não fossem, mas eu nasci da barriga dele, nós tínhamos uma conexão muito profunda...

— Eu não vou suportar, papai, a Yim... Ela, ela...

— Gu Hai está com ela, a seguindo e conhece a sua irmã, ela é meio lerdinha para se dar conta das coisas, tenha paciência. Mei, olhe para mim - E meu pai ergueu meu queixo para que nos fitássemos – Ela está confusa e curiosa, ela não tem a mesma certeza que você, ela é diferente de você, meu amor. Precisa ter paciência, Gu não vai deixá-la atravessar o sinal, prometo, mas não pode querer colocar sua irmã em uma redoma, ela precisa vir para você com os próprios pés e ela virá, é o destino de vocês duas, confie em mim.

Eu sabia que ele tinha razão, eu sabia daquilo tudo, mas doía como um inferno e foi quando eu passei a ficar mais irritada do que o costume. No dia seguinte eu não conseguia olhar para a cara dela e na menor das oportunidades eu a alfinetava.

Irmãs PhiravichOnde histórias criam vida. Descubra agora