Miss you

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Liz P.O.V

—Vim o mais rápido possível. —Jocelyn aparece na porta de meu quarto. —O que aconteceu?

—Eu não sei nem por onde começar. —respondo cabisbaixa. —Joel saiu daqui depois que contei sobre o sonho que tive quando estava desacordada.

—Sonho? Que história é essa? —minha amiga se senta ao meu lado na cama e eu começo a contar tudo.

[...]

—Espera, você é irmã da Maeve? Então tudo faz sentido agora. —Jocelyn andava de um lado para outro no quarto, mais nervosa que eu. —Os seus sonhos, o seu coração...

Balanço a cabeça em concordância e ela volta ao meu lado novamente.

—Mas quando você contou, ele simplesmente saiu? —Jocelyn estava mais atordoada do que eu, tentando entender toda essa bagunça.

—Sim, disse que precisava pensar. —resmungo. —Eu não sei o que fazer.

—Ja falou com sua mãe?

—Não, não sei nem como falar. —arrasto meu corpo pra debaixo da coberta.

—Amiga, vamos lá, eu vou com você. —Jocelyn puxa a coberta e depois me puxa.

Desci a escada nervosa, pensando se questionaria minha mãe ou não.

—Mãe, será que posso falar com você? —a encontro na sala, assistindo tv. Jocelyn ficou no começo da escada.

—Claro, sobre o que? —ela pausa o filme e se vira para mim. Sento ao lado dela e puxo todo o ar possível para me dar coragem.

—É... —tento juntar as palavras na minha cabeça. —Quando estava no hospital, desacordada, eu tive um sonho.

Olho para a mesma que prestava atenção em mim.

—Não foi um sonho mais ou menos mas nele a Maeve apareceu. —sinto a mandíbula dela se enrijecer. —E ela me contou algo que ainda estou tentando entender.

—O que ela disse? —vejo uma expressão no rosto de minha mãe que não consigo identificar. Não sabia se era nervosismo ou medo. Olho para Jocelyn e ela dá um leve sorriso, me encorajando.

—Que nós duas somos irmãs.

Minha mãe me olha com um certo nervosismo. Realmente ela me escondia algo de uma proporção gigante.

—Mãe, é verdade isso? —a olho tentando descobrir o que se passava na cabeça dela. Sinto a mão de Jocelyn no meu ombro e me viro para ela.

—Você está indo bem. —sussurrou.

Volto meu olhar para minha mãe e a vejo suspirando.

—Bom, eu sabia que essa história iria vir à tona em algum momento. Mas não tão rápido. —percebo uma lágrima descendo no seu rosto. —É uma longa história, espero que esteja atoa para escutar.

—Com certeza estou. —respondo um pouco grossa.

—Adélia e eu éramos amigas de infância, assim como você e Jocelyn. Vivíamos coladas para cima e para baixo. Quando Adélia conheceu Olavo, tínhamos 19 anos. Ela acabou engravidando, e nessa gravidez ela descobriu que teria gêmeos. Foi um choque e tanto para os dois e para mim, já que era muito apega a eles.

Ela enxuga algumas lágrimas e voltou a falar.

—Os dois não tinham condição de criar dois bebês, pois eram novos. Todos nós. Por isso Adélia decidiu colocar uma das meninas para a adoção. E sim, descobrimos que era duas meninas mas, vocês seriam bivitelinos, ou seja, não seriam idênticas. —nessa altura de campeonato, já segurava a mão de Jocelyn, tentando me acalmar. —Quando nasceram, eu fui a primeira pessoa a pegar você, além da equipe médica óbvio, e quando eu te vi, eu me apeguei, me apaixonei por você. Não suportava a ideia de alguém tão pequeno ir para um lar esperando uma adoção. Por isso conversei com Adélia e a adotei. No começo, mantínhamos contato direto, mas com o tempo já não era a mesma coisa. Maeve crescia saudável e feliz, e você também. Comigo.

—Eu nunca sequer encontrei Maeve depois de crescida? —vejo minha mãe balançar a cabeça em resposta. —Porque vocês guardaram esse segredo?

—Porque tínhamos perdido o contato. Não sabia onde ela estava vivendo ou o que estava fazendo. Quando você se acidentou e preciso de um transplante, eu a vi de relance no hospital. Não tinha certeza se era ela mesmo então não me importei muito. —ela limpa o rosto, que já estava inchada por tanto chorar.

Eu estava confusa, era muita coisa para entender e digerir.

—No aniversário de Joel foi quando a reencontrei, e fiquei sabendo do ocorrido com Maeve. Tão nova. —abaixo o olhar para o chão e o fitou por alguns segundos. —E foi aí que ela conheceu você e me viu. O resto você sabe o que aconteceu.

—Eu ainda estou confusa. —respondo, me levantando e indo e direção a rua.

—Liz? —Jocelyn vem atrás, me chamando.

—Me deixa sozinha por favor. Só vou dar uma volta. —meus olhos lacrimejavam, com as lágrimas querendo sair a qualquer custo. Jocelyn cede pois sabe que sou teimosa. Ela se volta para dentro da casa e eu continuo a andar. Vou em direção ao meu refúgio desde criança. Um parque que havia ali perto, com uma casa na árvore. Apesar do frio, não me incomodo. Subo os degraus ja gastos e entro logo depois, despejando todo o choro que estava entalado em mim.

Um turbilhão de sentimentos estavam explodindo dentro de mim. Eu só queria que tudo passasse. Essa história, a briga com Joel. Tudo. Eu só queria tudo normal novamente. Puxo minhas pernas para o peito e a abraço. Observo a lua e tento organizar meus pensamentos. Me lembrei da noite em que passei com Joel, olhando as estrelas. Ele era tudo para mim. Era minha luz, meu céu, meu combustível diário. Com ele ao meu lado os problemas desapareciam, e tudo o que eu mais queria agora, era ele. Me abraçando e dizendo que tudo iria ficar bem. Porém, ele está longe e isso torna toda essa situação muito pior.

Connected • Joel PimentelOnde histórias criam vida. Descubra agora