Wake up

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No outro dia, tomo um café bem cedo e vou até o hospital. Precisava ficar com Liz.

—Qual o nome da paciente? —a recepcionista.

—Elizabeth Barrow.

—Você é o que dela? —ela digita alguma coisa no computador e me olha.

—Namorado.

—Aqui. —ela me entrega uma etiqueta com meus dados. —Pegue o elevador. Andar 5, quarto 45.

—Obrigado.

Ando até o elevador com o coração o peito. Não via a hora de ver Liz. De toca-lá e ver que tudo está bem. Procuro o quarto e vejo o médico sair de dentro.

—Oi doutor, como está Liz? —chego ao seu encontro.

—Ela vai indo bem. Ainda não acordou por causa dos remédios mas você pode ir vê-la. —ele abre a porta e eu entro.

Fico surpreso ao ver Adélia ali no quarto, ao lado de Liz.

—Adélia?

—Joel...o que você está fazendo aqui? —ela se assusta ao me ver.

—Vim ver a Liz, desculpa por isso mas, eu que deveria te perguntar isso né?

— Fiquei preocupada com ela, então vim visita-la. — tento acreditar mas tem algo de errado nisso tudo, elas nem ao menos se conheciam.

— Entendi. — ela dá um sorriso de lado e eu retribuo. A vejo soltar a mão da Liz e tudo se confunde mais ainda em minha cabeça.

— Eu vou deixar vocês a sós.

— Obrigada! — digo.

Ela sai do quarto e me sento na poltrona que havia ali do lado da cama da Liz. Seguro em sua mão e faço carinho.

— Fiquei tão preocupado contigo, achei que ia te perder de novo, e isso eu não suportaria. — falo sozinho. Bufo.

Sinto seus dedos mexerem e levanto em um pulo. Vou até a porta e aviso a primeira enfermeira que vejo.

— Ela está despertando ao poucos, então se ela mexer alguma parte do corpo é normal. Daqui a algumas horas ela já vai está consciente. — a enfermeira diz após ler o prontuário da Liz.

— Muito obrigada. — ela dá um sorriso como resposta e sai do quarto fechando a porta. No mesmo instante a porta se abre novamente e a Adélia surge atrás da mesma.

— O que aconteceu? Vi a enfermeira saindo daqui. —disse com um ar bastante preocupada.

— A mae..quer dizer, a Liz mexeu os dedos das mãos, eu a avisei e ela disse que logo ela estaria acordando, e se mexesse algo mais é normal. — vejo-a soltando o ar aliviada, que nem ela mesmo sabia que estava segurando.

— Graças a Deus! — ela sorri.

— Pensei que você tinha ido embora. —retruco. Estava estranhando o jeito de Adélia.

— Não, vou ficar mais um tempo aqui, vou esperar a Márcia chegar. —Continuo a olhando confuso. — Ela me pediu. — ela complementa.

Dou um sorriso seco e volto a me sentar na poltrona.

[...]

O dia já estava acabando, os meninos e a Joce passaram aqui pela tarde, ficaram um bom tempinho. Jocelyn tinha que voltar para livraria e os meninos tinham outros compromissos.

Saio do quarto e vou a procura de algo para comer no refeitório do hospital. Quando volto ao quarto, a porta estava entreaberta, não me preocupo muito pois havia deixado Adélia lá. Sim, ela ainda estava aqui. Percebo que ela sussurrava algumas coisas para a Liz.

— Desculpa atrapalhar. — digo entrando no quarto

— Ah, oi Joel. Pensei que ia demorar mais. — ela se afasta da Elizabeth e a vejo passando a mão por sua bochecha, como se tivesse limpando lágrimas. Ignoro isso.

— Não estava com muita fome. — vou caminhando até o outro lado do quarto. — Ela se movimentou alguma vez?

— Não, ainda dormindo feito uma pedra. — ela solta um sorriso.

— Eu vou tomar um banho.

— Eu já vou indo embora. — ela volta até o lado da cama e deposita um beijo na testa da Liz e depois me dá um abraço. — Fica bem, qualquer coisa, avisa tá bom?

— Pode deixar!

[...]

Fico um bom tempo, mudando os canais da tv, tentando me distrair e tirar a angústia que estava sentindo. Eu só queria a Liz sorrindo ao meu lado, citando frases de seus livros favoritos ou até mesmo falando junto com os personagens de Harry Potter.

— Jo..el. — ouço uma voz bem fraca me chamando e não podia ser. Maeve? Espera, Liz, era a Liz, ela acordou.

—Amor. —corro para seu lado. —Você está bem?

—Estou. —ela responde ainda de olhos fechados. —O que aconteceu?

—Você desmaiou. Te trouxemos pro hospital e...vou chamar o médico, ele vai te explicar melhor. —me afasto até a porta e chamo o doutor que havia a atendido.

—Joel, fica comigo? —ela estica suas mãos e vou até seu lado. Entrelaço nossos dedos e deposito um beijo.

—Está tudo bem minha linda. —vejo um sorriso discreto sair de seu rosto.

O médico adentrou logo em seguida, com a enfermeira.

—Boa noite Liz, como você está? —ele chega ao lado dela e começa a fazer alguns exames obrigatórios, depois de uma cirurgia de risco.

—Cansada, e com um pouco de dor de cabeça. —ela faz uma careta ao olhar em direção a luz.

—Logo logo irá passar. —ele observa suas pupilas e seus reflexos. —Bom, você sabe onde está?

—Em um hospital.

—E sabe o que aconteceu? —o médico a questionou.

—Só lembro de tudo ter ficado preto. —respondeu. Sinto um aperto forte em minha mão, como se ela não quisesse se soltar nunca mais.

—Bom, você teve um aneurisma cerebral, ou seja, um rompimento. —Liz acompanhava tudo com atenção. —Sorte sua que seu namorado te trouxe a tempo. Conseguimos reverter os dados e você está bem.

—Mesmo?

—Sim. O aneurisma sempre dá alguns sinais antes. Joel disse que você teve bastante dor de cabeça e algumas tonturas, certo? —ela balança a cabeça em resposta. —Eram sintomas. Mas o que importa é que você está melhor.

—Quando ela irá sair? —questiono o médico.

—Bom, para uma recuperação melhor, umas duas semanas no máximo. Depende da melhora dela. —ele faz uma pausa e digita algo no tablet. —Vou deixar vocês conversarem, mas antes, pedi para trazerem um lanche para você. Precisa se alimentar Liz.

—Ok.

O médico sai satisfeito com a resposta de Liz e nos dá um pouco de privacidade.

—Eu estava preocupado com você. Muito. —deposito um beijo em sua testa. —Não podia perder mais ninguém.

Liz não diz nada, apenas me encara por alguns segundos e me beija em seguida.

—Eu te amo tanto.

—Eu também te amo.

Connected • Joel PimentelOnde histórias criam vida. Descubra agora