ou suis-je

651 72 47
                                    

ou suis-je

Steve sabia que não estava em seu apartamento. Aquele onde ele estava cheirava à comida gordurosa e balas de goma. Havia um cobertor cobrindo seu corpo, que tinha cheiro de mofo, e ele enrugou seu nariz para inalar o cheiro, quando uma pequena dor atingiu seu nariz. Foi então quando ele se lembrou da briga, e Tony indo entre os apartamentos para ter certeza de que ninguém sangraria até a morte.

Ele ouviu uma voz suave, "por que ele está aqui?" Uma voz aguda que ele reconheceu como a de Morgan perguntou.

"Ele e Bucky tiveram uma pequena discussão. Então, o Stee decidiu passar a noite aqui," uma voz mais profunda respondeu.

Steve sorriu ao ouvir o mais velho se referindo a ele por 'Stee'. Ele ajustou seu corpo, seu pé pendurado para fora do que ele achava ser o sofá da casa. Ele escondeu ainda mais seu rosto no travesseiro, ele queria poder saber que horas eram.

"Podemos acordar ele? Talvez ele queira pizza também!" A criança disse em voz alta, se esquecendo do aviso de seu pai sobre fazer silêncio. Ela aceitou o olhar severo que o mais velho a mandou, e se sentou à mesa novamente.

"Eu já te disse que você não pode comer o resto da pizza de ontem, de novo." Tony abriu o freezer, percebendo que suas opções para café da manhã eram bem limitadas, "panquecas congeladas?"

"Eu posso, por favor, acordar o Stee?" Morgan implorou.

Steve se virou, subestimando seu espaço, e caiu no chão de madeira. Um gemido saiu de seus lábios, assim que risos ecoavam através das paredes.

"Viu o que você fez!" Tony brincou, correndo até sua filha, fazendo cócegas em sua barriga, "você o fez cair no chão, agora ele nunca mais vai dormir aqui!" Os gritos de risada de Morgan preenchiam o ar assim que ele continuava fazendo cócegas nela; as pernas dela se movendo descontroladamente.

Steve não tinha certeza do que estava acontecendo, para dizer a verdade. Ele era alheio às coisas antes mesmo de seus olhos se tornarem brancos e seu mundo preto.

"Eu sinto muito!" Ela gritou em meio a ataques de riso.

"Anthony?" Steve finalmente chamou, "você pode, uhm, me ajudar?" Ele escutou um sussurro e uma pequena risada. Não muito depois, uma pequena garota segurou na mão do rapaz de vinte e um anos, o ajudando a ficar de pé em seus um metro e oitenta e três.

"Papai disse que podemos comer pizza."

"Eu não acho que eu disse isso," Tony corrigiu, da cozinha. Ele estava, naquela hora, colocando panquecas congeladas dentro do micro-ondas, porque não estava muito com vontade de fazer a massa de panqueca caseira. O micro-ondas era provavelmente sua máquina favorita no mundo, ela o havia salvado em muitas, muitas situações.

"O Steve quer pizza," Morgan informou aos dois homens. Ela ajudou Steve a se sentar na cadeira pouco firme. Ela havia tido uma longa e séria conversa com Tony minutos antes sobre como ajudar Steve. Seu pai já estava orgulhoso dela.

"Yes, daddy" o universitário balbuciou, sorrindo malicioso.

Tony ergueu as sobrancelhas, tentando segurar uma risada não muito máscula, "só por isso, Steve não vai ganhar nada." O rapaz de vinte e seis anos não conseguia entender esses universitários imaturos e esses daddy kinks, onde eles estavam com a cabeça?

Steve e Morgan choramingaram à mesa, querendo que Tony se apressasse com sua comida. A garotinha estava sentada no colo de Steve, sua cabeça encostada ao peito dele, enquanto ele envolvia os braços em torno da cintura dela. Seu queixo recém-barbeado estava posicionado no topo da cabeça dela, e o cabelo dela cheirava morangos, e ele sorriu com aquilo. A imagem de um cara viril feito o Tony, dando banho em sua filha e fazendo barba e moicano de espuma apareceu em sua mente, e aquilo fez o rapaz de vinte e uma nos sorrir descontroladamente.

Steve parecia bem confortável, as mangas da camisa cobriam suas mãos, enquanto seus braços seguravam a criança como se ela fosse sua, seus pés cobertos com meia soquete estavam contra o piso de madeira, esperando para que a comida fosse posta à sua frente.

Tony amava aquela cena.

Três pratos com panquecas meio queimadas foram postas na mesa, "por que você não larga o Steve pra que ele possa comer?" Tony ofereceu.

"Não!" Os dois responderam juntos, sem ter combinado. Steve abraçou a menina mais fortemente, "eu vou levá-la pra casa, comigo."

A pequena menina deu pequenos risinhos, mergulhando as panquecas em calda.

Steve tentou alcançar, ainda com seu braço em volta da menina, encontrando um prato e por pouco evitando colocar a mão na vasilha com calda, pegando uma miniatura de panqueca. Os três conversaram um pouco ali na mesa do café, todos curtindo um a existência do outro. Morgan gostava mais do seu pai do que de sua mãe, simplesmente porque ele era o pai legal. Ter mais do que uma figura paterna em sua vida ao mesmo tempo estava fazendo todos os pequenos sonhos dela se tornarem verdade.

"Sua mãe vai chegar a qualquer hora, Morgan," Tony informou-a, "suas coisas já estão arrumadas?"

"Posso ficar aqui?" Ela implorou, ficando ainda mais perto de Steve. Ele envolveu os braços em torno dela, novamente, mastigando, sem pensar, seu café da manhã.

Tony havia passado uma noite boa com Steve, mesmo que noventa por cento tivesse sido fazer parar sangrar a cabeça dele, e segurá-lo enquanto ele chorava. O pobre garoto estava assustado.

"Vai ser só uma noite," Tony beijou a cabeça dela, assim que pegava os pratos vazios, "vai se arrumar, eu quero conversar a sós com o Steve."

"Mas ele é meu."

"Maguna..." ele advertiu. Steve sentiu um peso sendo retirado de seu colo, e ruídos de pés descalços caminhando preenchendo sua audição. Ele se sentou corretamente em sua cadeira, estava usando aquele mesmo par de jeans por mais de vinte e quatro horas, e eles já não estavam confortáveis no primeiro dia, muito menos agora. "Você ainda está com fome?"

"Não, mas obrigado mesmo assim." Ele abaixou a cabeça, "obrigado por tudo, cara."

Tony sorriu, depositando os pratos na lava-louças que estava quase cheia. Ele correu as mãos pela pia, antes de responder "eu já disse isso antes, estou aqui toda vez que você precisar de alguma coisa. Você sempre é bem vindo aqui. Você quer que eu vá com você até lá? Ele não deve estar tão bravo."

"Eu nem sei por qual motivo ele estava bravo!"

"Às vezes, as pessoas não precisam de uma razão para ficar bravas ou tristes. Elas estão apenas irritadas. Isso é a vida. Eu não sei nada sobre a vida de vocês, mas eu sei que ele vai voltar ao seu normal. Eu não acho que você vai querer dormir no meu chão, de novo."

Steve não queria admitir, mas ele não se importou com o sofá. A noite passada havia sido um alívio. A maneira como Tony posicionou os travesseiros em volta de sua cabeça e de seu pescoço, deixando-o aconchegado feito uma criança. Seus lábios suaves deixaram uma marca na testa dele, antes que a presença dele sumisse em direção ao corredor, com uma criança dormindo em seus braços.

"Eu não sei o que faria se você não fosse meu vizinho." Steve queria poder enxergar Tony do outro lado da cozinha, suas mãos cruzadas enquanto ele sorri feito um idiota. Ele queria poder enxergar o outro rapaz olhá-lo de volta, o desejo preenchendo o ar com paixão.

Ele não pode.

the boy with the white eyes ♡ stonyOnde histórias criam vida. Descubra agora