AGORA...
A vida na estrada não é nada fácil, ainda mais quando você tem que lidar com quatro roqueiros bagunceiros, mas sinceramente falando, eu não trocaria isso por nada. Foi uma boa quantidade de anos e muitos obstáculos doloridos até que nós cinco estivéssemos livres de tudo o que nos impediu de viver dias felizes por um longo tempo.
Estamos em turnê a alguns meses, ou seja, não sabemos mais o que é comer uma comida caseira ou mesmo dormir em um local que se assemelhe a um lar. Todo o conforto possível nos é proporcionado, mas nada se compara a uma cama com o aconchego de um ambiente familiar. Isso é exaustivo, mas por eles, eu posso suportar qualquer coisa.
Ainda é madrugada quando o ônibus para em frente ao hotel que iremos ficar até a hora do 'show'. Levanto-me esticando meu corpo rígido por adormecer no pequeno e desconfortável sofá ao invés de uma das beliches, antes de ir em direção aos fundos do ônibus. Hoseok está espalhado na cama, pela sua posição estranha e o cheiro forte, eu sei que ontem ele exagerou no álcool. Jooheon, por outro lado, está na beliche de cima abraçando as suas baquetas e ronronando baixo como um gato; o garoto pode parecer um mal-encarado, mas, na verdade, é bem manhoso. Do outro lado Hyunwoo, ele está deitado de bruços, o que faz com que ele ronque mais que o normal, já Changkyun, bem, ele não está em sua cama, o que me faz deduzir que ele já deva ter acordado e provavelmente está no banho. Diferente dos outros, Changkyun tem o sono leve e eu tenho reparado que ultimamente ele não tem dormido muito bem. Irei questioná-lo sobre isso depois.
— Levantem e se vistam, deixem para dormir mais no hotel. - Digo indo até o pequeno banheiro do ônibus, batendo na porta para chamar Changkyun. — Chang, está tudo bem aí?
No lugar da resposta, a pequena porta se abre junto a uma leve quantidade de vapor, revelando Changkyun vestido apenas em um jeans preto com rasgos no joelho. A imagem é tentadora e qualquer um com certeza não hesitaria em apreciar a vista, mas eu não. Eu não me permito apreciar seu físico, pois eu já venho fazendo isso, vezes o suficiente para perder a conta.
— Eu estou bem, Ki, já você, não parece ter dormido muito bem.
Changkyun se aproxima e deixa um leve peteleco em minha testa antes de me puxar, me envolvendo em um abraço úmido e caloroso, abraço que eu retribuo na mesma hora. Aspirar o cheiro fresco do sabonete em sua pele faz com que eu me tão bem que eu poderia ficar horas e horas assim com ele sem reclamar, mas eu não posso, pois, a proximidade com Changkyun faz com que eu perca o controle sobre as minhas próprias emoções e eu não posso permitir que todos esses sentimentos guardados sejam abertamente expressos. Somos todos irmãos e eu não quero que algo como um amor unilateral mude isso.
— Eu ... - Suspiro ao intensificar ainda mais o aperto dos meus braços ao redor da sua cintura, me aconchegando mais para dentro do seu abraço. — Os pesadelos são um pouco frequentes e eles vêm me acordando antes que eu consiga tirar meu descanso, mas o que me quebrou mesmo foi ter cochilado naquela coisa horrível que vocês chamam de sofá. Estou quebrado.
— Hyunwoo ama aquilo e olha que ele mal cabe lá. - A gargalhada de Changkyun preencheu o pequeno corredor antes de sua expressão suavizar e seus belos olhos me encaram com preocupação e zelo. Seus dedos sobem até os fios do meu cabelo que agora se encontram desordenados, arrumando o que é possível. — Você sabe que pode conversar comigo quando precisar, Kiki. - Me abraçando novamente, Changkyun acaricia gentilmente as minhas costas, balançando nossos corpos levemente de um lado para o outro. — Daqui a mais uns dias, estaremos voltando para Seul, o que acha de marcar uma consulta para você?
— Eu sei que se eu quiser conversar, você estará totalmente disponível para me ouvir lamentar, mas agora eu só quero descansar e vocês também precisam.
— E quanto a consulta com a Yoohyeon?
— Eu não julgo ser necessário.
— Kihyun...
— É sério, Chang. - Sorrindo, eu olho diretamente para ele. — Acredite, não é como das outras vezes.
Changkyun me observa atentamente, provavelmente procurando alguma inverdade em meio ao que eu disse, mas após alguns segundos, ele pôr fim se convence da sinceridade em minhas palavras.
— Tudo bem, eu acredito em você, mas fique sabendo que se eu perceber algo de errado com você, eu mesmo irei ligar para o consultório da Yoohyeon, ok!? - Eu aceno lentamente enquanto tento me desvencilhar do nosso abraço em prol de começar a agilizar as coisas. — Ótimo!
— Eu vou chamar os meninos mais uma vez, mas preciso que você e Hyunwoo me ajudem com Hoseok. - Suspiro ao me lembrar da situação em que ele anda ultimamente.
— O que aconteceu com ele?
— Pelo estado em que ele se encontra, com certeza uma recaída.
— Porra! - Changkyun amaldiçoa e pela forma com que ele suspira e depois passa os dedos através dos fios, eu sei que ele está se sentindo frustrado. — Eu vou falar com Hyunwoo.
— Obrigado, Chang. - Sorrio para ele. — Você não faz ideia do quanto está me ajudando.
— Somos uma família, Kihyun, ajudamos uns aos outros. - Changkyun se aproxima o único passo que nos separa, chegando próximo o suficiente para eu sentir seu alento bater em meu rosto. Se eu não tivesse certeza de que ele me considera um irmão, eu poderia jurar que ele olhou para os meus lábios antes de sorri e deixar um beijo estalado em minha bochecha. — Aliás, você vai dormir comigo hoje?
— Eu... - Limpando a névoa prazerosa em que Changkyun sempre me sufoca, eu limpo a garganta, dando um passo para trás. — Hoje não. Farei o check-in de um quarto para cara um. Não quero tirar de vocês a liberdade de aproveitar o restante da noite. E mesmo que ninguém te acompanhe hoje, pelo tempo que você dormiu no ônibus, tenho certeza que você não vai dormir e sim trabalhar em alguma música.
— Sabe que dispensamos qualquer companhia por você, Kihyun. - Eu aceno para ele, mostrando que eu sei da veracidade de suas palavras. — E sim, eu estou cheio de ideias para músicas e eu preciso colocar isso para fora da minha mente para eu poder compartilhar com os meninos depois para os ajustes.
— Viu só como eu te conheço!? Não exagere, pois amanhã tem 'show'.
Com o recado dado, eu dou as costas para Changkyun ao voltar pelo mesmo caminho pelo qual eu havia vindo. Chamando os meninos mais uma vez, dos três, Hyunwoo foi o que menos deu trabalho. Com todos já despertos — menos Hoseok que está mais para carregado do que andando com suas próprias pernas — , eu deixo o ônibus na frente de todos, me adiantando com o check-in.
Após ter tudo resolvido na recepção do hotel, eu despacho os meninos para seus quartos, me certificando de que cada um esteja confortável o suficiente antes de pôr fim eu ir para o meu. Após uma ducha morna para relaxar os músculos tensos, bastou que eu batesse com o meu corpo na cama, para que o cansaço me tomasse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rockers - O Som Dos Meus Sentimentos [Changki]
RomanceEu fui salvo por quatro meninos, esses que hoje são incríveis rockeiros e a minha única família. Como uma forma de agradecimento, eu venho cuidando deles da melhor maneira que posso, só não estava em meu currículo que eu, Yoo Kihyun, me apaixonaria...