Quando me dei conta de que havíamos passado um bom tempo tempo conversando, eu resolvi olhar as horas no meu relógio de pulso, e aparentemente já era meio dia no Brasil eu precisava voltar.
-Tudo bem, nós podemos ir, não quero que seu pai desconfie nem um segundo de que eu te fiz perder aula hoje.
-Você não pode nos teletransportar para o momento em que nós saímos de lá ou algo assim?
-Esta maluca? O que seu pai anda te ensinando em casa? É proibido mexer com o tempo. Faz idéia da confusão em que isso pode nos meter?
-Tudo bem, já entendi.
- Não vão nem perceber, e se acabarem descobrindo finge que cabulou porque não gosta do professor ou porque estava com um garoto, todo mundo sempre acredita nessa. Não deixe nunca ele saber para onde você veio.
-Ok, mas e quando eu quiser te ver de novo? O que eu faço? - Essa não podia ser a última vez que nos víamos.
Ela revirou os olhos, colocou a mão no bolso de traz da calça jeans, e retirou um pequeno aparelho. Era uma caixinha preta, com um único botaozinho violeta. Ela me entregou e disse que se eu quisesse vê-la novamente bastava eu apertar uma vez o botão.
- Mas presta atenção, é só uma vez esse negócio vai apitar na minha mente como se fosse uma campainha. E não deixe seu pai ver isso ele vai saber o que na hora em que bater o olho.
-Já entendi.
Ela abriu o portal novamente e voltamos para a praça.
-Porque você não abre o portal num lugar mais perto tipo no meu porão?
-Tem um alto nível de poder aqui, acho que as proteções que seu pai fez estão interferindo na criação do portal, ou já existe um portal fixo por aqui. Esse é o mais próximo da sua casa que eu consigo criar.
-Eu ainda não entendo o porquê de tanta proteção. - Meu pai deveria estar maluco, tudo bem que estamos no Brasil, que aqui é a grande São Paulo, mas estamos em um bairro tranquilo e até agora nunca vivenciei um assalto.
Maia se virou e entrou dentro do arbusto. Como pode existir uma praça tão vazia?
Cheguei em casa no horário que sempre volto depois da escola, eu tinha de admitir, a Maia é boa no que faz.
Almocei. Meu pai e eu ficamos nos olhando.
-Aconteceu algo de interessante na sua escola hoje? - perguntou ele colocando uma garfada de arroz na boca, mas sem tirar os olhos de mim.
-Não, nadinha. E com você algo de novo?
-Não.
Depois do almoço eu fingi fazer meu dever de casa, quando na verdade estava escondendo a caixinha que Maia me dera, como meu pai nunca entrava no meu quarto resolvi guarda-lo de baixo dos travesseiros. Arrumei minha cama e desci para a aula de feitiços.
-Hoje vou te ensinar uma coisa muito importante, que todo feiticeiro tem o dever de saber. Nunca um feiticeiro pode mexer com o tempo, é proibido para qualquer um tentar voltar ou avançar no tempo. - Agora é que ele avisa. - Esse feitiço demora um certo tempo para ser efetuado e quando é inicializado solta uma grande onda de poder que é facilmente percebida e os guardas da rainha conseguem localizar o feiticeiro antes mesmo do feitiço estar com um terço do processo completado.
- Mas ele pode ser localizado em qualquer parte do mundo?
-Sim, ele pode, e para evitar que haja demora na chegada dos guardas eles são mandados para os países mortais e vivem entre os humanos, até que recebam a ordem para que voltem. O que também nos permite vigia-los e garantir que nosso segredo esteja sempre a salvo.
Ele passou o resto da tarde me explicando todas as consequências de se mexer com o tempo e o como guarda real é eficiente ao detequitar um impulso de energia como esse.
Fui dormir cedo naquele dia, sair do país passar a manhã toda me escondendo de pessoas que não conheço e voltar pra casa a tempo de meu pai nem desconfiar que eu faltei na escola hoje, cansa muito.
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Amnésia
RandomCarolina é uma poderosa feiticeira que perdeu a memória. E ela vive se deparando com pessoas que não conhece. Mas Carolina corre grande perigo já que um poderoso feiticeiro está atrás dela. O que ela fará sem saber em quem confiar?