Capítulo 6

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Quando me dei conta de que havíamos passado um bom tempo tempo conversando, eu resolvi olhar as horas no meu relógio de pulso, e aparentemente já era meio dia no Brasil eu precisava voltar.

-Tudo bem, nós podemos ir, não quero que seu pai desconfie nem um segundo de que eu te fiz perder aula hoje.

-Você não pode nos teletransportar para o momento em que nós saímos de lá ou algo assim?

-Esta maluca? O que seu pai anda te ensinando em casa? É proibido mexer com o tempo. Faz idéia da confusão em que isso pode nos meter?

-Tudo bem, já entendi.

- Não vão nem perceber, e se acabarem descobrindo finge que cabulou porque não gosta do professor ou porque estava com um garoto, todo mundo sempre acredita nessa. Não deixe nunca ele saber para onde você veio.

-Ok, mas e quando eu quiser te ver de novo? O que eu faço? - Essa não podia ser a última vez que nos víamos.

Ela revirou os olhos, colocou a mão no bolso de traz da calça jeans, e retirou um pequeno aparelho. Era uma caixinha preta, com um único botaozinho violeta. Ela me entregou e disse que se eu quisesse vê-la novamente bastava eu apertar uma vez o botão.

- Mas presta atenção, é só uma vez esse negócio vai apitar na minha mente como se fosse uma campainha. E não deixe seu pai ver isso ele vai saber o que na hora em que bater o olho.

-Já entendi.

Ela abriu o portal novamente e voltamos para a praça.

-Porque você não abre o portal num lugar mais perto tipo no meu porão?

-Tem um alto nível de poder aqui, acho que as proteções que seu pai fez estão interferindo na criação do portal, ou já existe um portal fixo por aqui. Esse é o mais próximo da sua casa que eu consigo criar.

-Eu ainda não entendo o porquê de tanta proteção. - Meu pai deveria estar maluco, tudo bem que estamos no Brasil, que aqui é a grande São Paulo, mas estamos em um bairro tranquilo e até agora nunca vivenciei um assalto.

Maia se virou e entrou dentro do arbusto. Como pode existir uma praça tão vazia?

Cheguei em casa no horário que sempre volto depois da escola, eu tinha de admitir, a Maia é boa no que faz.

Almocei. Meu pai e eu ficamos nos olhando.

-Aconteceu algo de interessante na sua escola hoje? - perguntou ele colocando uma garfada de arroz na boca, mas sem tirar os olhos de mim.

-Não, nadinha. E com você algo de novo?

-Não.

Depois do almoço eu fingi fazer meu dever de casa, quando na verdade estava escondendo a caixinha que Maia me dera, como meu pai nunca entrava no meu quarto resolvi guarda-lo de baixo dos travesseiros. Arrumei minha cama e desci para a aula de feitiços.

-Hoje vou te ensinar uma coisa muito importante, que todo feiticeiro tem o dever de saber. Nunca um feiticeiro pode mexer com o tempo, é proibido para qualquer um tentar voltar ou avançar no tempo. - Agora é que ele avisa. - Esse feitiço demora um certo tempo para ser efetuado e quando é inicializado solta uma grande onda de poder que é facilmente percebida e os guardas da rainha conseguem localizar o feiticeiro antes mesmo do feitiço estar com um terço do processo completado.

- Mas ele pode ser localizado em qualquer parte do mundo?

-Sim, ele pode, e para evitar que haja demora na chegada dos guardas eles são mandados para os países mortais e vivem entre os humanos, até que recebam a ordem para que voltem. O que também nos permite vigia-los e garantir que nosso segredo esteja sempre a salvo.

Ele passou o resto da tarde me explicando todas as consequências de se mexer com o tempo e o como guarda real é eficiente ao detequitar um impulso de energia como esse.

Fui dormir cedo naquele dia, sair do país passar a manhã toda me escondendo de pessoas que não conheço e voltar pra casa a tempo de meu pai nem desconfiar que eu faltei na escola hoje, cansa muito.

AmnésiaOnde histórias criam vida. Descubra agora