Capítulo 8

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-Sim? Elaija. - a rainha desvia seus olhos de fogo para o servo. Ele só responde com um simples desvio de olhar para a porta e de volta para a rainha.

- Claro, pode se retirar. Obrigada por trazer nossas vizitantes até aqui.

Ele se curva para a frente em um gesto de saudação e se retira do local, após ouvirmos o baque das portas de madeira se fechando voltamos a nos entre olharmos.

- Pronto ele já foi. - Diz Maia, apontando o óbvio.

- Espera.... agora sim. - Diz a rainha fazendo uma pausa para ouvir os passos se afastando.

Ela nos encarou, abriu um sorriso maior ainda, se levantou do trono e veio correndo em nossa direção. Quando nos alcançou ela abraçou cada uma de nós.

- É tão bom vê-las aqui. -Disse ela com empolgação.

- Vai com calma ela acabou de voltar, ainda não se lembra de nada.-Maia disse como se eu fosse uma criança assustada. O que me irritou um pouquinho.

- Ah sim, desculpe.- Ela se ajeitou, alisou o vestido, estendeu a mão e disse: - Muito prazer eu sou Marceline. Não precisa se apresentar pois eu já te conheço, isso é só por mera formalidade.

Eu sorri e apertei sua mão. Quando fiz isso minha vista começou a ficar embarçada, apareceram alguns pontinhos pretos que foram aumentando até que tudo estivesse escuro. Eu já não sentia mais minhas pernas e acho que desmaiei, mas começaram a aparecer flexes de imagens e eu pude ver, Marceline, Maia e eu, nós nos divertindo, brincando, rindo, eu pude ver tudo, cada cena que passamos juntas, quando invadimos o castelo por diversão e nos deparamos com Elaija que nos levou até Marceline, foi quando nos conhecemos; Quando levamos Marceline pra dar um passeio noturno sem avisar ninguém e quando chegamos todos no castelo estava desesperado atrás dela; quando mergulhamos no lago para ver o que tinha lá dentro, e novamente Elaija teve que nos tirar de lá antes que Marceline batesse tanto nos crocodilos que eles parecessem mais com gatinhos assustados. Isso explica a calma no lado. Mas resumindo me lembrei de todos os momentos em que estive com Marceline, e Maia estava certa éramos grandes amigas.

Os flexes pararam eu abri os olhos, e foi quando me dei conta de que estávamos eu e Marceline no chão, Maia estava me ajudando a levantar enquanto Elaija ajudava Marceline. Quando foi que ele voltou?

Não sabia o que havia acontecido mas em dois anos foi a primeira vez que eu me lembrei do meu passado.

Estava tão feliz que não sabia como descrever isso.

- O que foi isso? - perguntou Marceline ao se levantar e ver que as duas estávamos bem.

-Eu não sei. - Na verdade pensei que ela soubesse.

-Você também viu...?

-Sim eu vi e me lembro, me lembro de nós, e de você Elaija, eu me lembro de você. - Disse abraçando-os, primeiro Marcy e depois Elaija. Estava tão feliz e empolgada, isso nunca tinha acontecido antes.

-Estou feliz de que tenha recuperado suas memórias, mas infelizmente isso significa que vocês vão voltar a me dar trabalho. - Disse ele sorrindo, mas escondendo sua preocupação com nós, afinal ele era o guardião da rainha e nosso amigo.

-Isso quer dizer que você se lembra de tudo? Lembra de nós? De Mysterious Country? Da sua vida? - Perguntava Maia tão animada e ansiosa pela resposta que tive dó de contar que não me lembrava de tudo.

-Não... eu... só me lembro das aventuras que passamos com a Marcy. - Quase não consegui falar. Maia estava arrasada seu sorriso sumiu instantaneamente, e eu não pude esconder o quanto estava decepcionada comigo mesma também.

-Mas só faz quatro anos que conhecemos a Marcy, e dois deles você esteve no Brasil sem se lembrar de nada. - Maia não conseguiu esconder o quanto estava triste, mas o que eu poderia fazer? - E o resto? E nós? Você não se lembra?

Ela pegou a minha mão tentando fazer o mesmo que eu e Marceline fizemos antes do choque de lembranças, mas nada aconteceu.

-Desculpe. - Eu respondi ao ver o quanto ela ficou chateada por ver que nada tinha acontecido. Os olhos claros de Maia já estavam deixando escapar algumas lágrimas quando ela me soltou, se virou para a porta e saiu correndo.

- Maia.... - Eu queira gritar mas isso mal passou de um sussurro, já que tinha um nó em minha garganta e minha visão também já estava embaçada pelas lágrimas, eu queira correr atrás dela mas minhas pernas não ser mexiam.

- Eu vou atrás dela. -Marceline se ofereceu.

- Não majestade, deixa que eu vou, será melhor para ela. - Elaija esperou pela aprovação da Marcy que acenou com a cabeça concordando.

Ele saio tão rápido pela porta que eu nem consegui ver, tinha até me esquecido da super velocidade dos vampiros.

♧♣♧ Elaija ♧♣♧

-Espera.- Eu finalmente a encontrei. Caramba para uma feiticeira ela até que corre rápido.

- Ahhhh.- Ela gritou assustada quando parei na frente dela impedindo-a de continuar correndo.

- Desculpe. - Eu não queira te-la assustado.

Maia não olhava para mim, ela encarava o chão e sua lágrimas caiam de seus olhos que eram tão brilhantes quanto as próprias lágrimas.

- Maia, olha pra mim. - Pedi

Seus olhos já estavam vermelhos e seu rosto ensopado pelas lágrimas.

- Você tem que entender que ela não tem culpa disso. - Tentei faze-la entender da forma mais direita e educada possível.

- Eu... eu sei mas, como acha que eu deveria me sentir? - Caramba esse era um bom argumento.

- Exatamente assim. - respondi depois de alguns segundos - Mas não pode culpar Carolina por isso.

-Não, não a culpo. - Ela havia parado de chorar e agora me encarava atentamente.

- Então por que...? - Não sabia completar a frase, mas sabia que ela intendeu. Eu estava chocado não esperava por aquela resposta.

- Não culpa-la não faz com que eu não me sinta mal. - Ela era mais esperta do que eu pensava.

- Porque estamos tendo essa conversa, então? - Eu já não sabia mais o que dizer. Ela não precisava de consolo, já tinha se alto consolado, e eu nunca vi alguém fazer isso antes.

-Porque veio me consolar, sinceramente, você não é muito bom nisso. - Eu não sei como sou capaz de ficar tão admirado e bravo com alguém ao mesmo tempo.

-Então, já que não precisa de consolo, volta lá para aquela sala e consola a Carol. - Não tinha certeza se isso ia funcionar, mas eu tinha que tentar.

- TÁ BOM, acho que não pensei em como a Carol se sentiria. - Ela estava falando sério? Ela concordou? Isso era novo pra mim, e olha q eu sou bem velho.

Ela se levantou e foi em direção a sala do trono.

- Espera, você não pode ir assim. - Ela parou, me olhou com uma cara de confusa, esperando que eu me explicasse. - lava o roto primeiro.

Ela limpou o rosto e depois a acompanhei até a sala do trono.

Entramos e ela correu para os braços de Carolina e começou a se desculpar.

- Nossa você é bom. - a rainha cochichou ao se aproximar de mim. - Como fez isso? Ninguém é consolado desse jeito tão rapidamente.

- Eu tenho meus truques majestade. - Eu nunca ia admitir que não fiz nada.

♣♧♣

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