Impróprio

Capítulo 11

*Leiam a tradução para entender melhor o contexto das músicas.

Sentados na primeira fila, meus pais pareciam respirar com dificuldade. De acordo com o relógio, o show começaria em cinco minutos mas eu podia apostar que para eles seria uma eternidade.

Decidi sentar no fundo do teatro para poder apreciar melhor, ter a experiência completa. Eu estava me sentindo bastante deslocada naquele lugar, para falar a verdade. Não era um show comum. Não haviam fãs com cartazes, não haviam groupies aguardando a banda, não se parecia em nada com um show de rock. Aquilo era um acústico, um show privado, as pessoas ao meu redor estavam bem vestidas e sem contar com as câmeras espalhadas por todo lugar.

Eu estava com roupa esportiva, a mesma que usei para visitar meus pais no começo da tarde. Acho que nunca fiquei tão arrependida por vestir uma calça legging.

As luzes do palco piscaram duas vezes e como se fôssemos ímãs, meu olhar foi direcionado a Leo que entrava devagar segurando seu violão. Ele sentou em uma cadeira no meio do palco, John, Erick e Ben sentaram-se atrás, com seus respectivos instrumentos. Leo respirou fundo e sorriu, segurando o microfone com uma das mãos.

- Eu gostaria de agradecer a presença de todos que vieram se certificar de que minha voz não é playback - Ele riu, sendo acompanhado por todas as pessoas no recinto. - Também gostaria de agradecer ao Alex por organizar esse show íntimo e tranquilo como forma de encerrar nossa última turnê, que por sinal, foi incrível. E por último, gostaria de agradecer ao Alex novamente por ter nos dado a notícia de que após essa noite entraremos de férias - Leo suspirou, parecendo realmente cansado e sorriu. - É isso, pessoal. Aproveitem o show!

Ele fechou os olhos e começou os primeiros acordes de Rock And Roll All Nite. Eu nunca tinha visto o The Throwbacks sem o poder das guitarras e preciso admitir, não havia nada mais incrível do que o som natural e sincero que eles estavam fazendo naquele momento.

- You show us everything you've got, you keep on dancing and the room gets hot. You drive us wild, we'll drive you crazy¹⁸- Leo balançou a cabela no ritmo da música e mordeu o lábio. Era nítido que ele estava se divertindo.

Como ele podia ser tão bonito? Como alguém podia ser daquela forma? Depois de um mês sem poder tocá-lo, vê-lo assim tão perto, era uma verdadeira tortura. Leo causava em mim coisas que eu nunca tinha sentido antes.

Enquanto ele dedilhava a introdução da próxima música, arrisquei um olhar para meus pais. Papai estava com um dos braços por cima dos ombros da minha mãe e ela encostava sua cabeça no peito dele. Era impossível não acreditar no amor convivendo com um casal como eles.

Do ângulo em que eu estava, era perfeitamente possível vê-la limpando suas lágrimas de emoção por estar naquele lugar. Eu jamais poderia agradecer a Leo por um presente tão especial.

A música que enchia o local naquele momento era, até então, desconhecida para mim. Porém, nas primeiras notas consegui sentir a dor que ela transmitia.

Leo estava com os olhos fechando, apenas dedilhando a introdução. Mais ninguém tocava algo, o salão todo estava em silêncio. Só se ouvia o violão dele e sua introdução.

- No one knows what it's like to be the bad man, to be the sad man, behind blue eyes¹⁹- Ele sussurrou.

Não demorei para reconhecer a música, era de seu último álbum. Escrita por ele, gravada por ele e sobre ele. E naquele momento eu só queria que os olhos azuis descritos na música se abrissem e focassem em mim para que eu pudesse, de alguma forma, capturar toda e qualquer dor que ele estivesse sentindo.