Praying

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Brunna

Abri os olhos e sentia a luz do sol no meu rosto, toquei no canto ao meu lado, estava vazio. A Ludmilla acordava cada dia mais cedo, ela era um pouco hiperativa, e como ela tava machucada eu tinha que estar perto para ter a certeza que ela não ia fazer nada demais para se machucar mais ainda.

Eu não sabia ao certo como agir, o que falar, ontem à noite tudo foi tão rápido e intenso que não tivemos tempo de conversar sobre tudo. Assim que subimos na cama dormimos exaustas. Suspiro. Vou ao banheiro, faço minha higiene matinal. Quando vou descendo a escada, escuto tia Silvana falando com a Ludmilla. Sua voz era alterada.

- Podia ter acontecido algo pior Ludmilla. - Ela falava irritada.

- Mas mãe, não aconteceu. Para com isso. - Ludmilla falava baixo. - Para de gritar que você vai acordar a Brunna.

- Não. Você só vai saber o que é esse sentimento quando você for mãe. Ele poderia ter te matado. - Silvana falou. Ela estava certa. - Não é possível que você tenha sido tão estúpida...

- Mãe, você não precisa falar comigo assim... - Ludmilla agora se irritou. - Eu fui defender o meu relacionamento. - Pontuou.

- Da forma errada. Você não enxerga isso? - Silvana falou. - Talvez seja isso que ele queira. Te expor.

- Ele já fez isso, mãe. Você não vê isso? Ele expôs a Brunna de forma horrível. Ontem ele me falou tanta coisa, e isso me machucou. Eu não sou de ferro. - Espera... O que ele tinha falado pra Ludmilla? A gente definitivamente precisava conversar.

- Meu amor.. - Falou agora mais calma. - Eu entendo. Acredite, eu entendo que você não tenha sangue de barata. Mas você tem que entender que, aquela facada poderia ter sido não só no seu ombro. É esse o meu medo Ludmilla.

- Não precisa ter medo. - Ela falou.

- Você tem noção como eu fiquei como o Marcos chegou aqui em casa dizendo que você estava no hospital por que tinha levado uma facada? - Ela chorou. A tia Silvana chorando não era uma coisa que você via todos os dias. Ela era uma das mulheres mais fortes do mundo. Chorei junto. - Desde que vocês eram novos, você sabe que eu nunca dormi antes de estarem todos em casa. Sob as minhas asas. Alguém está querendo te prejudicar e eu não posso fazer nada aqui. Lud, entenda que eu amo meus filhos mais do que tudo nesse mundo. Se eu perder um de vocês eu enlouqueço, eu morro. - Ela falou chorando. A Lud escutava e aquilo mexia com ela. Eu chorava junto, escutando tudo.

- Calma mãe... Eu estou bem. - Ela abraçou a Sil..

Nesse momento entrei na cozinha...

- Bom dia... - Falei.

- Bom dia Bru... - Tia Sil falou enxugando as lágrimas. Me abraçou.

- Hey... - Lud me puxou para um abraço de lado.

- Como você tá? - Perguntei.

- Um pouquinho de dor... - Ela fez uma careta. - Mas essa moça sensível está aqui mais brigando do que cuidando de mim... - Deu língua para a mãe.

- Tia Sil, desculpa não ter evitado a Ludmilla de entrar nessa confusão... - Falei sincera. Ludmilla pensou em protestar e eu apenas fiz um sinal para que ela se calasse. - Psiu, a gente ainda vai conversar... - Falei olhando pra ela, mas logo voltei meu olhar pra Silvana. Que me olhou. - Acredite tia, se eu soubesse o que estava acontecendo eu iria embora com ela, eu evitaria que tudo isso acontecesse. De certa forma é minha culpa tudo isso.

- Bru... - Tia Sil falou.

- Eu não pude evitar escutar tudo o que vocês estavam conversando, me desculpe por isso. - Baixei a cabeça. - A senhora está mais que certa. Eu fico pensando em como vai ser quando eu for mãe, e eu posso imaginar toda dor e preocupação que a senhora tem. Me desculpe por tudo isso. Saiba que eu nunca, nunca, nunca deixaria ninguém machucar a Ludmilla na minha frente. - Chorei. - Eu não aceito ninguém fazer nada de mal pra ela. Me dói saber que ela está machucada e a causa sou eu. Eu amo a sua filha mais do que tudo nesse mundo. - Falei. Emocionada.

I'll never love againOnde histórias criam vida. Descubra agora