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Eu gosto de escrever, sinto que consigo existir melhor no papel.
Mas carrego um fardo por viver assim, troco o sono por palavras e acabo sonhando poesia.
Meu alimento tem sido a dor de rasgar a alma, com pedaços de alento alheio que misturados com o medo da existência sacia-me com angústia.
Meu corpo enfraquece, pois embora me pareça eficaz, a fome grita dizendo ser amargo demais o punhado de amargura digerido lentamente.
Tudo bem, resolvo beber finalmente algo que me parece doce ao olhar. Triste enfim me contento, percebendo que eram só lágrimas salgadas que jorravam bem do fundo desse
meu bravio mar.

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