Estava ouvindo um podcast sobre a morte de abelhas e suas consequências e achei interessante quando uma especialista explicou o quanto a naturalização do serviço prestado por elas é importante e o quanto a quebra desse ciclo natural poderá trazer consequências maléficas para vários âmbitos sociais, inclusive, forte crise econômica.
No final das contas, eu não sei realmente o porquê das afirmações me deixarem tão reflexiva, tendo em vista que já tinha algum conhecimento prévio sobre o assunto. Mas quando ela falou, de uma forma tão naturalizada, que as abelhas trabalham em função social sem ao menos terem noção de sua importância para o funcionamento de tais estruturas, me peguei pensando em quantas existências como as delas podem ter por aí, sem ao menos ter ideia de quão importantes são para algo ou alguém.
Ultimamente eu sinto que as coisas têm mais sentido quando estão só na minha cabeça, mas eu senti vontade de escrever.
Quando falo de existência com potencial para contribuições estruturais, falo no âmbito geral, não só as humanas.
Começando com minha gatinha que, mesmo sem consciência comprovada, ao perceber minha tristeza se achega ao meu rosto, me olha com olhos atentos e com delicadeza posiciona suas patinhas em minha pele e isso sem fugir de sua rotina diária. Ela muito provavelmente não faz ideia, mas esses gestos me enlaçam em amor e me fazem compreender o verbo em sua literalidade.
Se um dócil felino consegue influenciar drasticamente no funcionamento de minhas emoções... imagina o quanto se pode fazer os demais com os demais seres?!
Não sei.
Aliás, sei.
Sei que é meio confuso tentar entender o curso do meu raciocínio.
Mas é eu tenho alimentado muito um olhar realista, vezes beirando o negativismo.
Então, hoje eu resolvi deixar meus sentidos me guiarem em outras nuances e perspectivas.
E talvez esse olhar não seja de todo refutado, mesmo parecendo uma utopia oriunda dos dias de isolamento social.
Sinto ser bom acreditar na funcional potencialidade de servir.
Mesmo que de forma mínima, sem consciência, mas servir.
Talvez a inutilidade esteja em pauta também em minhas reflexões, mas no final das contas... não é tão ruim se imaginar sendo um possível colaborador para a funcionalidade da existência de outrem, pelo simples fato de ser e estar no curso natural da vida.
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Sentidos
PuisiPara dias que eu não sei o que fazer e só preciso de um espaço para rabiscar poesia. O roteiro é guiado pelo sentir, o que sinto me faz existência, existir me faz versos e eles ditam a escrita. Logo, existo para escrever meus versos ao sentir poesi...