26.10.19

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Hoje a dor física não veio
aos poucos me recupero
mas a tristeza tá aqui
uma hóspede insolente
que aos gritos mando embora
mas que não me esforço pra deixar ir
hoje não quis fazer poesia
só me fez chorar como criança
eu teimo dizendo querer escrever
mas a inspiração só me fez chorar
mesmo assim continuo rabiscando, mesmo não sendo tão bom, aqui me sinto livre e sei que quase ninguém vai ler.
A pauta de hoje foi minha carência.
Me sinto deslocada, sabe?!
A verdade é que sonho em um dia que irei viver um amor recíproco, mas eu nem sei o que é isso na prática.
As minhas experiências são tão superficiais. Uma amiga me disse que eu era interessante, mas a verdade é que eu me sinto um animal silvestre, daqueles que pouca gente sabe que existe, e quando sabe não procura conhecer e quando conhece tem medo de se aproximar.
Não sei em que parte da minha vida eu me tornei tão desinteressante, ao ponto de não ser "digna do amor".
Eu sei que a aparência ajuda bastante quando se trata de encontrar alguém e a minha é de dar dó, além disso eu só sei falar de estrelas, escutar Chopin e ler poesia. Essas coisas são até legais para as pessoas quando são acompanhadas de outros atributos, como beleza ou carisma. Eu não tenho nenhum dos dois.
O que eu mais tenho são histórias estranhas de uma vida mediana e bem confusa, que se eu parar pra contar sou chamada de louca ou de coisas piores. Estou cansada de só mostrar a parte mais legal que eu tenho, mas é que essa parte já é tão pequena e desgastada e já tem tão pouquinha gente... se eu for eu, só vai sobrar a mim. Deveria ser suficiente, mas nem é.

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