May POV
Mabarbara, como qualquer criança saudável, cresceu, graças a Deus. Sim, porque por mais que bebês sejam fofos e lindos quando ainda não fazem nada sozinhos, eles dão um certo trabalho. E mesmo que nos arrependamos lá na frente por termos torcido para que eles tivessem crescido logo, no fundo sentimos uma alegria imensa por vê-los amadurecerem e se transformarem em pessoinhas cheias de saúde e prontas para conquistar o mundo.
Mas ela ainda não é uma adulta, nem uma adolescente. Está longe disso. Mabarbara tem 6 anos, há precisamente dois dias.
Ainda não presenciamos a queda do seu primeiro dente de leite ou sua primeira formatura, mas estivemos lá quando ela andou de bicicleta pela primeira vez e a encorajamos no seu primeiro dia de aula. Trocamos muitas fraldas, compramos muitas bonecas, escutamos muitos choros vindos de joelhos ralados. A ensinamos a nadar e exercitamos o início da sua leitura. Fomos pais de primeira viagem, mas segundo Barbara, nos saímos muito bem.
Eu concordo, apesar de não ter nenhuma base como referência. Mabarbara parece uma criança bastante serelepe. Sua simpatia e seu jeito de parecer gostar de todo mundo são sua marca registrada. Ela quase nunca se irrita, e às vezes, quando não sabe como reagir a um determinado estímulo, opta por cair na gargalhada. Ela pode fazer amigos com uma simples saída, seja indo ao parque ou à padaria.
Seus olhos se firmaram cada um na própria cor: O direito dourado como âmbar e o esquerdo marrom como chocolate. Isso é muitas vezes uma forma de puxar assunto onde quer que ela esteja, e basta que demonstrem interesse para que Mabarbara estufe o peito e comece seu discurso cheio de sabedoria: "É, eu tenho uma alomalia!".
É humanamente impossível não amá-la.Para uma melhor educação, William e eu dividimos nossas obrigações como pais. Isso significa que ele é responsável pelos "sins", enquanto que dizer os "nãos" necessários sobra para mim. Felizmente (porque a última coisa que eu quero é me tornar uma mãe chata e repressora competindo com um pai engraçado e "maneiro"), Mabarbara é uma criança boa. Um anjo, por mais agitada que seja. Não precisamos (eu não preciso) reprimi-la duas vezes. Ela simplesmente entende que, caso eu não a deixe fazer alguma coisa, deve haver algum motivo, e magicamente obedece (o que é um tanto esquisito. Crianças de 6 anos não deveriam ter esse discernimento).
Eu realmente não tenho do que reclamar. Muitas crianças são umas pestes, mas não ela.
E ela tem só 6 anos. Há precisamente dois dias. O que faz com que hoje seja um dia um pouco especial para mim.
Emma? - Chamei, chegando na cozinha e encontrando-a no fogão.
Oi, May! - Ela respondeu toda contente - Feliz aniversário!
Brigada... - Falei ainda morrendo de sono, abraçando-a e me jogando em cima dela - Que horas são?
Quase 11h. Estou fazendo o almoço, daqui a pouco eles chegam...
Merda... Dormi demais. - Falei, levando a mão à cabeça - Eu deveria estar te ajudando... Coisa nenhuma! É seu aniversário. E aniversariantes não trabalham.
Emma gosta de me dar ordens. A essa altura nós já temos esse nível de intimidade mesmo.
Ei, eu gosto de cozinhar, e você sabe diss...
Você - não - vai - cozinhar.
Bufei. Ela é teimosa como uma mula, e eu sabia que a única forma de chegar perto do fogão seria acertá-la com uma frigideira e deixá-la desacordada em um canto.
Desisti de brigar.
Ok. Onde está Mabarbara?
Ela estava na casa da árvore da última vez que eu vi.
Uma casa na árvore. Wiliam deu a Mabarbara uma casa na árvore como presente de 6 anos. E não é uma daquelas casas na árvore feitas de tocos de madeira e cordas: É uma casa com porta e janelas de vidro, varanda, escada e dois andares. Uma família poderia facilmente morar ali.A "casinha" foi construída na grande árvore rosa (como a chamamos) que fica no canto do jardim. Graças ao empenho de Wiliam em procurar uma empresa especializada em construções desse tipo e deixar claro que a queria pronta o quanto antes, ela foi terminada em menos de três semanas. Foram três semanas com placas enormes em torno da obra, impedindo que Mabarbara visse do que se tratava para que, no dia do seu aniversário, ela tivesse uma surpresa.
E ela ficou surpresa. E, para ser sincera, eu também. Era mesmo um trabalho belíssimo, embora eu tenha adquirido uma leve dor de cabeça só de pensar nos perigos que minha filha poderia passar naquela varanda, por mais que a casa ficasse só a dois metros do chão. E por mais que houvesse colchões fofos embaixo dela (porque William, graças a Deus, é mais neurótico do que eu).
Ela está sozinha? - Perguntei, querendo saber se William estava com ela.
Está com a Babalu.
Babalu é uma cachorrinha maltês fêmea, com olhos que parecem duas jabuticabas, branca feito uma bolinha de sorvete de creme que anda para lá e para cá atrás da dona: Minha filha. Esse foi o presente de Wiliam para os seus 5 anos, uma cachorra que parece ser movida a pilha. Ele se sentiu no dever de alegrá-la depois que seu sapo (outro presente de William, que não sabia dizer um "não") morreu. Seu nome era Musgo, e no seu velório - cuidadosamente organizado por Mabarbara-, Barbara, Carlos, William e eu tivemos que prestar nossos sentimentos diante da sua pequena cova.
Musgo permanece enterrado no jardim até hoje.
Mas Babalu chegou, trazendo de volta toda a alegria de Mabarbara. Ela dá pelo menos dois banhos na cachorra por semana com o shampoo de pêssego. É uma compulsão, o que torna Babalu um pequeno pêssego feliz ambulante. Com um lacinho rosa na cabeça.
Ah, certo... Mas você viu o William?
Não. Ele já não estava quando eu cheguei. Deve ter saído cedo.
Fiquei com medo. Por que Wiliam teve que sair cedo num domingo? Meu aniversário tinha alguma coisa a ver com aquilo, ou seu sumiço repentino não passava de uma coincidência?
Bom, tudo bem... Então eu v...

VOCÊ ESTÁ LENDO
Semelhante Atração
RomanceWilliam Levy é um homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Maite Perroni é uma prostituta de luxo, que odeia levar esse tipo de vida, pois tem princípios. Como havia de ser, os dois se encontram. E, como havi...