Wiliam POV
Eu estava no meio da sala na Casa de Elizabeth, que parecia estar mais cheia do que o normal. Não me lembrava como havia parado ali, mas não me importava com isso. O ambiente estava estranhamente escuro e frio, sem música, onde só podiam ser ouvidos os sons de gemidos altos e desagradáveis vindos do andar de cima e de conversas baixas - quase sussurros - ao meu redor, como se estivessem contando segredos uns aos outros.
Comecei a perceber que enquanto falavam, todos olhavam de esguelha para mim. Me perguntei o motivo de ser o assunto que corria por ali, então comecei a me sentir mal.
O bar estava vazio, sem meninas e sem bebida. Senti falta de uma dose de whisky, e minha boca ficou seca abruptamente. Sem opções, me convenci de que o melhor seria subir e encontrar Maite.
Tão rápido quanto esse pensamento, Elizabeth surgiu ao meu lado, segurando com força meu antebraço.
Ela não está disponível.
Como assim não está disponível? - Olhei em volta e pude notar que agora a conversa havia cessado e todos do lugar, clientes e garotas, nos encaravam.
Você chegou tarde. Ela já tem um cliente.
Não cheguei tarde merda nenhuma! Eu paguei pela semana dela!
Ele ofereceu mais dinheiro, portanto ela é dele por agora.
Olhei incrédulo para ela, enquanto tramava um jeito de me esquivar de seu aperto - mesmo que isso resultasse em quebrar o pulso dela - e subir as escadas. Como se pudessem ler meus pensamentos, alguns homens se moveram de forma a ficar entre mim e a escada, formando um escudo humano.
Que merda é essa? - Falei, já exaltado - Eu paguei primeiro!
Ela é um objeto desejado, querido. Entenda...
Ela é MINHA!
Ela não está a venda! Se quiser, alugue-a, mas não a considere sua! Ela não é, e nunca vai ser!
Sua filha da...Por que você demorou? - Uma voz interrompeu meu xingamento. A voz que eu conhecia. Que eu procurava, e que nunca na vida desejei com tanta vontade ouvir.
Ergui os olhos e a vi. Ela estava com roupas que eu jamais a havia visto usar. Roupas vulgares, maquiagem pesada e um rosto triste. Embora as cores fortes em seu rosto fossem gritantes, não conseguiam tirar a atenção dos vários machucados que ela tinha na boca, em volta dos olhos e, descendo, por todas as partes do corpo, expostas pela saia indecentemente curta e pelo top quase transparente.
Uma puta.
Um objeto, com as marcas de todos os aluguéis ao longo do tempo.
Eu esperei por você, mas você não veio. Pensei que você fosse me proteger.
O cenário havia mudado, e agora existíamos só nós dois, ainda em nossas posições, enquanto todos os outros coadjuvantes haviam desaparecido. Fui tomado por uma esperança ao ver que podia caminhar até ela, mas minha alegria durou o tempo necessário para que eu me desse conta de que não conseguia me mover. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz também não era audível.
Eu estava impotente, e só podia rezar para que ela pudesse ler meus pensamentos. Mas ela não podia.
Você disse que estaria por perto.
Eu disse... Eu vou estar!
Você mentiu pra mim.
Não menti, eu quero estar!
É sua culpa. Eu estou assim por sua culpa.
Eu vou cuidar de você... Eu vou...
Não volte mais aqui. Não quero mais ver você, não quero mais falar com você. Finja que não me conhece, que eu nunca existi.
Me desesperei, ainda preso no mesmo lugar, tentando por tudo quanto era mais sagrado gritar alguma coisa, qualquer coisa, mas minha voz não me obedecia. Ela não podia me jogar para fora da vida dela daquela maneira! Eu não podia ir!
May! Por favor...
Ela se virou e caminhou lentamente para o corredor que dava para os quartos, e eu não pude fazer nada senão olhá-la ir embora.
Por favor! Por favor...William?
Uma voz aveludada conhecida chamou meu nome, tirando-me lentamente daquele sonho😅. Abri os olhos e vi o rosto de Victoria em frente ao meu, me encarando com curiosidade. Aos poucos, me dei conta da dor que sentia no pescoço, proveninete da péssima posição em que me encontrava, com a cabeça apoiada nos braços em cima da mesa de meu escritório.
Você cochilou.
Levantei a cabeça lentamente, ciente que meus músculos gritavam em protesto.
Desculpe. Tive uma noite péssima.
Lembrei-me da noite em questão. Depois de chegar em casa, tomei um banho e me deitei na cama, fazendo toda força que podia para não pensar no que tinha ouvido de Maite. Portanto, obviamente foi a única coisa na qual eu pensei durante a noite toda, o que me impediu de ter um sono normal. Eventualmente o início de um sonho começava a nebular minha mente, mas imediatamente era espantado pela lembrança da conversa que tivemos algumas horas antes, ou pela minha imaginação fértil que teimava em pintar, com os mínimos detalhes, o que me fora contado.
Como resultado, passei a noite inteira acordado.
Você estava resmungando coisas - Victoria começou, tentando soar sensível. Fitei-a um pouco preocupado. Eu não sabia que murmurava enquanto dormia.
O que eu disse?
Um nome.
Ótimo. Eu não precisava perguntar, sabia exatamente qual era.
Quem é May? - Ela perguntou, ainda me encarando.
Ninguém.
Mentira. Você parecia preocupado demais pra ela não ser ninguém. - Ela disse com convicção, o que me fez lembrar o motivo pelo qual ela sempre ganhava todas as discussões que aconteciam entre nós.
Ok. Ela é uma amiga. Está com problemas.
Victoria me olhou com várias perguntas não ditas, mas que eu consegui captar. Era óbvio que coisas como "Quem diabos é essa mulher" e "Onde diabos você a conheceu" estavam passando pela cabeça dela, mas me permiti aproveitar sua santa discrição e ficar em silêncio, já que nada fora me perguntado.
Certo. - Ela enfim falou, depois de me analisar um pouco - Vou conhecê-la algum dia?
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RomanceWilliam Levy é um homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Maite Perroni é uma prostituta de luxo, que odeia levar esse tipo de vida, pois tem princípios. Como havia de ser, os dois se encontram. E, como havi...