Azura
Rússia. Ele voltou para a Rússia. Foi isso que ouvi quando decidi finalmente procurar por Sniper e resolver tudo. Hacker me disse que não sabia o que tinha acontecido, mas que pareceu uma emergência. Tentei não me preocupar, mas agora minha mente tinha vontade própria, e eu não consegui impedir.
Então, mais tarde, naquele mesmo dia, resolvi parar de resistir, e mandei uma mensagem para ele.
Azura: Hey. Você tá bem? Hack me disse que teve uma emergência. Tô preocupada... E nós precisamos conversar quando você voltar.
Por muitas horas, eu não recebi uma resposta. Dormi por pouco tempo, e apenas na tarde do dia seguinte meubtelegone apitou, indicando uma mensagem de Sniper.
Yuri: Conversa boa ou conversa ruim?
Eu dou uma desculpa para Thea e vou para o meu quarto, com um sorrisinho no rosto. Quando estou sozinha, fecho a porta e me foco no meu telefone.
Azura: Depende do ponto de vista, eu acho. Você tá bem?
Não espero muito por sua resposta.
Yuri: Yeah, tô. Só um susto com uma conhecida minha...
Eu franzi a testa e mordo o lábio. Conhecida... É alguém importante? Uma namorada antiga? Merda... Eu não podia estar com ciúmes, né? Ok, eu estava. Yep, o aperto no peito era ciúmes.
Acho que demoro um pouco mais que o normal para responder, porque ele logo manda outra mensagem.
Yuri: Não é uma namorada, relaxa.
Rolo os olhos, mas não posso evitar uma risadinha.
Azura: Não estava preocupada.
Yuri: AHAM. Não minta para mim, kotyonok. Não funciona, nem mesmo por mensagem.
Não posso evitar meu sorrisinho bobo, e mordo o lábio. Porra, esse cara consegue ter essa reação de mim mesmo em outro país. Não sei se isso me faz gostar mais dele, ou odiá-lo um pouquinho.
Acho que um pouco dos dois, se é que isso é possível.
Azura: Ok. Talvez o pensamento tenha passado pela minha cabeça.
Tento me impedir de mandar a próxima mensagem, mas acho que meus dedos trabalham mais rápido que a minha mente, porque, quando vejo, já estava enviada e vizualizada.
Azura: Sabe quando volta?
Espero alguns segundos mais que o normal para a resposta vir, e tento imaginar o que está passando pela cabeça dele nesse momento.
Sniper: Provavelmente vou pegar o vôo de volta para casa depois de amanhã. Não quer que eu volte?
Rolo os olhos de novo, mesmo que ele não possa ver.
Azura: Não disse isso.
Yuri: Então quer que eu volte?
Mordo o lábio e considero minha resposta por alguns segundos. Sim, eu queria que ele voltasse. Mas era... complicado, certo? Não era tão fácil assim. Ou pelo menos eu acho que não era.
Azura: Quero.
Meu coração acelera no segundo que eu envio, e confesso que faço algo que não pensei que faria. Jogo o telefone na cama, nervosa, corro para o banheiro e fecho a porta.
Demora uns segundos para eu notar que estou sendo meio idiota, então saio do banheiro e, com o coração batendo forte contra meu peito, sento na cama e pego meu telefone novamente.
Yuri: Não achei que realmente falaria. Estou me sentindo lisonjeado, kotyonok. Acho que vamos ter uma conversa boa, então?
Fico pensando um tempinho sobre o que responder. Nossa conversa seria boa? Eu espero que sim. Quero dizer... parecia boa para mim. Eu queria aceitar a jaqueta.
Mas, talvez fosse tarde demais? Talvez eu machuquei ele de verdade e agora ele não vai querer me dar mais a jaqueta? Suspiro, mordendo o lábio forte. Eu estava sendo estúpida. Se ele não aceitasse, não aceitou.
Não foi totalmente culpa minha, e me recuso a pensar que foi. Vai doer se ele não quiser mais que eu seja sua Old Lady? Vai. Para um inferno. Mas eu vou sobreviver. Eu sempre sobrevivo.
Azura: Yeah. Eu espero que sim.
Yuri: Que bom. Eu espero também =)
Eu sorrio e deixo o telefone de lado. Preciso urgentemente de alguns minutos sem Sniper na minha cabeça. Quero dizer... Ele está lá desde que eu acordei daquele fodido coma. É apenas justo que eu tenha um tempinho para mim.
Então, deixo o celular virado de cabeça para baixo, e não volto a vê-lo até de noite. Tomo um banho demorado, tentando não pensar no motoqueiro russo que ocupava meus pensamentos.
Depois, boto um short jeans e um top preto, com uma jaqueta jeans preta por cima, e saio do clube. Cowboy me acompanha novamente, depois de Hacker ter uma conversa com ele, e eu vou direto para o Strip Club.
Vou para meu camarim, cumprimentando Vince com um aceno da cabeça no caminho. Terei que falar com ele depois, que essa é minha última dança.
Quando estou sozinha, troco a minha roupa por um top preto brilhoso e uma... Bem, uma calcinha do mesmo estilo. Boto um salto quinze azul marinho, com plataforma, e prendo meu cabelo em um rabo de cavalo, com algumas mechas caindo estrategicamente no rosto.
Conforme me olho no espelho para começar a maquiagem, uma onda de nostalgia me atinge. Quero dizer, eu não gosto de trabalhar aqui. Nunca gostei dos olhares de homens que tinham idade para ser meu pai, ou até homens da minha idade, que me olhavam como se eu fosse sua máquina de tesão.
Mas, mesmo assim, esse lugar foi o que me salvou, de certa forma. Eu e Lexy vivemos nas ruas, porra. Antes de eu virar stripper, nós chegamos a ficar sem comer por um ou dois dias. Então, eu comecei a ganhar dinheiro o suficiente para nos comprar um apartamento, mesmo pequeno.
Talvez não fosse o jeito ideal na cabeça de todos. Mas, foda-se, era o jeito que eu encontrei. O jeito que eu sobrevivi. E eu podia dizer que eu tinha um orgulho do caralho de mim mesma. Não ligo se não é humilde dizer isso. É verdade.
Então, pela primeira vez desde que comecei isso, abri um sorriso quando termino a maquiagem. Abro um sorriso, e vou para o palco.
Vou fazer o que fiz por anos, pela última vez. Vou fazer o que me deixou viva, o que me sustentou, o que sustentou minha irmã. O que trouxe comida para nossa mesa.
Vou para o palco, e faço o que fiz de melhor por anos, pela última vez. Eu danço.
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Sniper- Flaming Reapers 6
RomanceEle nunca pensou em se abrir com ninguém ou essas merdas do tipo. Era um motoqueiro solitário, e a única pessoa que jamais deixou realmente se aproximar foi seu melhor amigo. Mas ele também nunca pensou que iria encontrar alguém como ela. Ela se tor...