Azura
Assim que saio do palco, troco de roupa e peço para que Lory chame Vince, que preciso conversar com ele. Meu coração batia acelerado no peito, e minhas mãos soavam. Eu estava nervosa. Vince e eu nos conhecemos a anos, e eu realmente gostava da amizade dele. O homem já me protegeu algumas vezes de clientes que não sabiam manter as mãos para si mesmos.
Assim que ele entra no camarim, arqueia uma sobrancelha para mim. Eu suspiro, e pego a minha mochila, com todas as minhas coisas já arrumadas. Esvaziei todo meu armário antes dele chegar, planejando ir embora assim que essa conversa acabasse.
"O que foi, Az?" Vince pergunta, cruzando os braços e se encostando contra a parede. Ele costumava me intimidar nos meus primeiros dias aqui. Não tenho mais medo dele. Já me perguntei se é porque eu deveria ter, ou porque acho que poderia me defender contra Vince.
"Eu estou indo embora. Essa foi minha última dança." Digo, e vejo que ele está surpreso. Normalmente, as mulheres que vem para cá só saem de dois jeitos.
O primeiro jeito é morta. Assassinada, overdose, suicídio... acontece mais do que eu gostaria, na verdade.
O segundo jeito é expulsa. Talvez porque a dançarina perdeu seu jeito, ou ficou mais velha, ou simplesmente não agrada mais os clientes tê-la dançando ali.
São poucas as vezes que uma dançarina realmente sai. Infelizmente, isso acontece bem menos do que os dois outros casos.
"Vai para aonde?" Ele pergunta, e eu suspiro, mordendo o lábio. Dou de ombros.
"Arrumei um negócio melhor para mim e Lexy. Aqui na cidade mesmo." Digo, e Vince estreita os olhos para mim. Ele não está feliz. Eu não achei que ficaria. Afinal, eu realmente sou sua melhor dançarina, e minha saída não vai ser nada boa para os negócios.
Vince desencosta da parede e se aproxima alguns passos, até parar bem na minha frente. Ele era bem mais alto que eu, e eu tenho que olhar para cima para olhar em seus olhos.
"Isso é sobre aquele motoqueiro? O que estava te seguindo por aí?" Ele pergunta, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto, colocando atrás da orelha. Eu me afasto do seu toque.
"Isso não é da sua conta, Vince." Digo, tentando fazer as palavras saírem do jeito mais dócil que consigo nessa situação. Mas Vince está perto demais, e eu estou desconfortável.
"Posso dar um jeito nele por você." Ele murmura, e se aproxima ainda mais, me pressionando contra a parede com seu corpo.
Realmente começo a ficar assustada, e boto minhas mãos em seu peito para afastá-lo. Vince segura os meus pulsos e os coloca um de cada lado da minha cabeça, na parede.
"Você não vai embora, Azura. Essa é sua casa. Eu te protegi por anos, fodidos anos, e é assim que você retribui?" Vince rosna, e eu me sinto mentalmente.
Ok, esse homem não era exatamente quem eu imaginava. Meu amigo, Vince, não faria isso. Mas acho que as pessoas enganam, certo? Porque, porra, meu coração acelera, e eu estou com um medo fodido.
Tento me lembrar das poucas aulas de autodefesa que fiz com Ocean antes de... Bem, tudo. Olho para as pernas de Vince, e noto que estão afastadas o bastante para o que tenho em mente.
Respirando fundo, me acalmo e paro de lutar contra seu aperto. Ele dá um sorrisinho, provavelmente achando que venceu. Então, é aí que eu tento, rezando internamente na minha cabeça para que realmente de certo.
Então lhe dou uma joelhada nas bolas. Forte. Tão forte, que tenho certeza que vai sentir por alguns dias. Vince me solta com a surpresa, suas mãos cobrindo a virilha. Então eu o empurro, com força, e corro. Corro para o inferno longe de lá.
Vince. Meu Vince. O homem que me protegeu por anos, dizia gostar de mim, e sempre foi nada menos que um cavalheiro ao meu redor. Puta que pariu. Eu não conseguia acreditar nessa merda, mas meus pulsos queimavam por conta de seu aperto, me lembrando de que não foi uma imaginação da minha cabeça.
Corro para a boate, aonde encontro Cowboy me esperando. Assim que ele vê a expressão em meu rosto, corre até mim. Estava prestes a falar o que aconteceu, quando ele olha para algo atrás de mim.
Imagino que Vince tenha se recuperado. Mas, antes que eu possa fazer qualquer coisa, Cowboy da alguns passos em sua direção, e lhe dá um soco no nariz tão forte que, mesmo através do som da música, eu consigo ouvir o barulho que indica que quebrou. Sangue começa a escorrer, e eu não consigo me sentir mal.
Cowboy pega a minha mão e corre para fora do clube comigo. Me bota em sua moto, e eu confesso que estou meio em choque. Minha mente simplesmente não consegue ir ao redor do fato de que aquele homem era Vince. Meu amigo.
"Obrigada." Murmuro para Cowboy quando ele senta na moto na minha frente, e o vejo assentir.
Seguro firme, e ele dirige de volta para o clube. Mordo o lábio tão forte que sinto gosto de sangue, então fecho os olhos.
Eu não confiava em Vince. Não era assim. Nao confiava em muita gente, na verdade. Mas... porra... Não esperava isso vindo. Achava que ele tinha o mínimo de decência. Sabia que o tinha machucado, mas isso não era desculpa. Nada era desculpa para aquilo.
Não sei o que ele iria fazer comigo se eu não saísse. E, sinceramente, não me importa. O que me importa é que ele me segurou, contra a minha vontade, com força. Deixando marcas nos meus pulsos.
Na minha humilde opinião, homens que usam seu tamanho e força, como Vince fez, para intimidar uma mulher eram uma fodida ofensa para a raça humana. E olha que a raça humana já não é das melhores.
Todos os pensamentos de carinho e amizade que eu tinha em relação a Vince vão embora naquele momento. Se eu fosse alguém diferente, poderia perdoar, talvez até entender, e deixar passar com um aviso, para não fazer de novo.
Mas não sou. E, para mim, aquilo é inaceitável.
E, foda-se o que era certo, mas eu queria quebrar o braço do filho da puta.
Suspiro e deixo o vento no rosto me acalmar. Um pensamento me atinge... Eu queria Sniper aqui agora. Comigo.
Afinal, não havia nada que aquele motoqueiro russo não conseguia curar.
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Sniper- Flaming Reapers 6
Storie d'amoreEle nunca pensou em se abrir com ninguém ou essas merdas do tipo. Era um motoqueiro solitário, e a única pessoa que jamais deixou realmente se aproximar foi seu melhor amigo. Mas ele também nunca pensou que iria encontrar alguém como ela. Ela se tor...