Sniper
Assim que Hacker entra e fecha a porta atrás de si, eu o encaro para analisar sua expressão. Ele não parecia puto, o que era bom, mas eu não conseguia afastar o fodido buraco no estômago. Eu bati nele. Porra, isso não era a gente. Eu e Hack já sofremos merda o suficiente na vida, para ter que aturar isso um do outro.
Hacker suspira e passa a mão no cabelo, um hábito que ele tinha toda vez que está nervoso. Os fios costumavam ser cortados curtos, mas ele estava com uma nova ideia de deixá-los crescer mais um pouco.
Sem deixar que ele comece a falar, me levanto da cama, usando apenas uma cueca, mas sem se preocupar muito com isso, caminho até meu amigo e envolvo um braço ao redor de seu pescoço, o puxando para perto em um abraço. Posso ver que, pela tensão em seu corpo, ele estava surpreso.
"Desculpa." Murmura baixinho. Ele suspira em alívio, mas sei que também ainda está surpreso. Me desculpar não era algo que eu fazia com muita frequência, mas sabia quando era necessário. Não era um orgulhoso filho da puta nesse ponto.
Hacker envolve os braços ao meu redor e assente. Quando me afasto, ele me oferece um sorrisinho, e sei que estamos bem. Não consigo evitar em franzir um pouco a testa quando vejo o hematoma em sua mandíbula, mas Hack só rola os olhos.
"Não esquenta, cara. Tudo certo, ok?" Ele diz, a mão no meu ombro, e lhe ofereço um micro sorriso. "Então... O que aconteceu entre vocês dois?"
Eu suspiro e mordo o lábio, pensando na noite passada. Porra... Eu não sabia o que tinha acontecido. Mas sabia de uma coisa, com toda a minha fodida certeza. Azura estava com medo. O que quer que a cadela sentia por mim, e eu sabia que era algo, a estava assustando. Eu vi em seus olhos quando me encarou apenas alguns minutos atrás.
E não ia deixar ela fugir. Eu gostava do que estava acontecendo, e gostava dela. E falei sério quando disse que ela era minha ontem a noite. Ela é minha, e eu não brinco quando algo meu está em jogo. E Azura aceitou isso ontem a noite, quando correspondeu com tanta vontade quanto eu a aquele beijo. E, bem, tudo que veio depois do beijo.
Dou de ombros para a pergunta de Hack, sem saber ao certo como responder a ele.
"Não sei, cara." Falo, honestamente, e ele me da um sorrisinho divertido.
"Ela é sua agora?" Pergunta, e sei que sabe a resposta. Todo esse clube soube a resposta no minuto em que dei um soco na porra do meu melhor amigo.
"Sim, porra. Ela é." Respondo, e ele parece divertido com a minha resposta. Arqueia uma sobrancelha.
"Ela sabe disso?" Zomba, e eu rolo os olhos, voltando para sentar na cama e lhe dando o dedo do meio. Hack da uma risada divertida. "Sério, cara. Ela sabe disso?"
Dou de ombros.
"Disse a ela ontem, e quis dizer aquilo. Não sei se Azura levou muito a sério, mas vou provar o quão verdadeiro eu estava sendo. " Digo, e ele da um sorrisinho divertido. Ótimo, pelo menos alguém estava se divertindo durante toda essa merda.
Decido analisar o estrago que fiz em seu rosto, e noto que o corte que meu anel causou na pele parecia ter sido cuidado. Sabia que Hack não tinha muita habilidade com machucados, o que era estranho, considerando a vida que tínhamos, mas podia comprovar que não tinha sido ele que cuidou. Franzi a testa e decido perguntar sobre.
"Quem cuidou disso para você?" Pergunto, indicando o machucando com um movimento do queixo. Sia expressão fica mais sombria e ele suspira.
"Alexis." Ele murmura, e eu arqueio uma sobrancelha com a raiva em sua voz. Não sabia ao certo se era raiva, na verdade... Era definitivamente algo.
"O que houve?" Questiono, e Hack evita um pouco meu olhar. Sei instantaneamente o que ele fez. "Caralho, irmão... Sério?" Falo, mais surpreso do que qualquer outra coisa.
Ele bufa e passa as mãos no cabelo novamente. O motoqueiro estava nervoso, e eu tinha a sensação que não estava ajudando muito.
"Eu não quero falar sobre ela, ou nada dessa merda, ok?" Diz, meio irritado. Mas eu sabia que não estava irritado comigo, e sim consigo mesmo.
Quando digo que grande diferença de idade é um gatilho para Hack, não estou exagerando. É, e sempre foi, um grande não. Meu amigo não ficava com mulheres dois anos mais novas que ele, quem dirá dez anos e meio.
Não ouvi sobre isso muitas vezes antes, mas ele já havia me explicado no passado, normalmente quando estava bem bêbado. Tipo, bem mais bêbado do que seria considerado minimamente saudável para qualquer pessoa.
Dizer que era uma história calma e bonita seria uma mentira descomunal, então não ia fazer isso. E mais, duvido que até eu saiba de todos os completos detalhes. Hack tinha mais naquela cabeça do que aparentava ter.
Então, não pressiono. Apenas concordo com a cabeça quando diz que não quer falar sobre. Não me importo o que Hack faz com a menina, e, sinceramente, não vejo a diferença de idade deles como um grande problema. Mas essa porra era um demônio que Hack tinha que combater por si só, independente do quanto eu gostaria de poder fazer por ele.
"Então... Estamos bem? Não vai mais me dar socos por aí?" Hack provoca, e eu não posso deixar de dar um sorrisinho divertido, apesar de rolar os olhos. Internamente, estou satisfeito que ele está fazendo piada sobre o assunto, e não ficando puto. Eu sabia que seria assim, mas era sempre bom confirmar.
"Talvez. Tenta não ser um babaca novamente, e veremos." Zombo, o que faz Hacker rolar os olhos, pegar minha jaqueta do chão e jogar em mim. Não posso deixar de rir.
"Tira seu traseiro da cama e levanta. Acho que Crow vai acabar com o bloqueio e abrir as portas." Diz, o que me faz franzir a testa.
"Não temos mais ameaças?" Pergunto, confuso, e ele da de ombros.
"Temos. Mas somos Flaming Reapers, cara. Não nos escondemos por muito tempo." Ele fala, e eu concordo com a cabeça.
Hack estava certo. Não nos escondemos por muito tempo. Não é quem somos.
Somos Flaming Reapers, afinal.
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Sniper- Flaming Reapers 6
Roman d'amourEle nunca pensou em se abrir com ninguém ou essas merdas do tipo. Era um motoqueiro solitário, e a única pessoa que jamais deixou realmente se aproximar foi seu melhor amigo. Mas ele também nunca pensou que iria encontrar alguém como ela. Ela se tor...