[5]

3.9K 582 222
                                    

Eu já me apaixonei algumas vezes. Lido com temas relacionados ao amor diariamente com meus pacientes, mas nunca tinha pensado que poderia voltar a falar sobre isso na minha vida pessoal de repente.

Sempre soube diante dos meus amigos, de experiências de terceiros, que se apaixonar pelo melhor amigo é algo bastante complicado. Não é fácil esconder sentimentos diante de uma pessoa que você vê tantas vezes na sua rotina.

Eu tive que começar a fazer isso. Sim, eu confundi as coisas depois de um selinho tão inocente. Eu comecei a enxergar Jimin além de uma amizade linda de sete anos. Eu estremecia aos seus toques, sorrisos e palavras doces. E a cada nuance, meu sentimento crescia.

Numa noite com nossos amigos no bar, Jimin ficou do meu lado. Eu estava sentado em uma banqueta de frente para um balcão e ele estava ali, virando sua garrafa de cerveja.

Nossos amigos estavam ao nosso redor, conversando com a gente. Taehyung falava alto com Seokjin, que tomava a sua terceira dose de tequila.

- Eles estão doidos, você não acha? - Jimin disse, rindo da cara deles.

- Com certeza. - Assinto, sorrindo. Jimin sorri para mim e pousa a sua mão em minha coxa. - Jimin. - Disse sem pensar direito.

- O que foi? - Ele respondeu e eu olhei direto para minha coxa, onde sua mão estava. - O que aconteceu? - Ele riu baixinho, apertando minha coxa com seus dedos. Meu Deus.

- Nada, Jimin. Tá tudo bem! - Sorri para ele e o mesmo continuou a apertar minha coxa. Tive que levantar um pouco.

Comecei a observar ainda mais Taehyung com Seokjin e acho que eu não era o único apaixonado naquele momento. O mais novo não parava de tocar no nosso hyung, mas de forma íntima, não parecia algo usual.

Saí um pouco do ambiente e fui até o banheiro ficar mais calmo, dar uma "respirada". Hoseok veio atrás de mim e me perguntou se eu estava bem.

- Você está bem, cara? Parece tão avoado. - Neguei com a cabeça.

- Eu estou bem, Hoseok. Não se preocupe comigo. - Ele olhou para mim e sorriu.

- Você é um péssimo mentiroso, sabia? Eu percebi o que está acontecendo com você e Jimin. - Balancei a cabeça de um lado para o outro, negando.

- Não, Hoseok, não... É só eu, entende? Eu estou confundindo as coisas desde aquele maldito selinho, que ódio! Jimin não pode tocar em mim, apertar minhas coxas como fazíamos antes de tudo isso acontecer, porque eu simplesmente fico excitado.- Ele sorriu.

- Cara , você está apaixonado por ele e não  tem nada de errado nisso! Você gosta dele, sente tesão, isso é ótimo! - Disse, empolgado.

- Hobi, isso não é bom, ele é meu melhor amigo há sete anos, o que está acontecendo é ridículo, não deveria ser assim. Somos irmãos... - Suspiro.

- Nam, aceita que o Jimin é um garoto atraente, aceita que se aquele selinho não tivesse acontecido, talvez você nunca sentiria isso, e é bom, não é? Não minta pra mim. - Ele apontou para mim e depois pousou sua mão em meu ombro.

- Sim, é maravilhoso. - Rimos.

- Então! Fala pra ele! - Neguei com a cabeça.

- Oi? Você está maluco! Jamais, em hipótese alguma eu vou falar alguma coisa pra ele, eu preciso esquecer! Esquecer, Hoseok! - Ele segurou meus ombros.

- Namjoon, você é psicológo e eu estou sendo seu psicólogo agora, então faça isso.

- Não. - Dou risada. - Hoseok, você não entende, sete anos não são sete meses. Construímos essa amizade há muito tempo, não posso simplesmente chegar assim do nada e falar alguma coisa, não dá pra simplesmente chegar e falar "olha, estou apaixonado".

- Vocês dariam um belo casal, pense bem. - Hoseok me alerta antes de me soltar e em sequência, sair do banheiro.

Sim, Hoseok tinha razão. Eu precisava falar para Jimin, mas não. Não era uma tarefa fácil, eu não podia chegar e dizer, precisava fazer isso com mais cautela.

Quando voltei para o balcão do bar, Jimin sorria em minha direção, enquanto eu conseguia ouvir os meninos gritando ao conversar entre eles.

- Por que não está conversando com eles? - Questionei a Jimin.

- Porque eles estão bêbados. - Dou risada.

- Uau! Que novidade! - Jimin levantou seu copo de cerveja em minha direção.

- A nós! - Brindei com minha garrafa de cerveja que acabara de abrir.

- Por qual razão? - Ele sorriu, fechando os olhos. Era lindo quando fazia isso.

- Por nossa amizade, sabe? Jamais vou encontrar alguém assim como você, nós somos quase irmãos, a gente se entende pelo olhar... Eu acho que esse brinde é para nós, pra que a gente se dê conta que esse tipo de amizade quase não existe hoje em dia. - Fiquei estático com suas palavras. Elas eram claras.

Amizade.

Quase irmãos.

A gente se entende pelo olhar.

Esse tipo de amizade quase não existe hoje em dia.

Amizade.

Uma palavra nunca me atingiu tão diretamente como essa. E as pretensões de Jimin eram claras como raios de sol. Um vínculo, um laço quase familiar que não envolvia toques que causavam excitação e nem muito menos sorrisos com segundas intenções.

Tesão, selinho, toque, olhares diferentes.

Nada.

Só faziam sentido para mim. Então aquela conversa que tive com Hoseok de nada adiantaria, não haveria como contar algo a Jimin já sabendo que meu coração partiria ao meio.

Eu era um completo idiota. Sim, eu era, porque deixei essa situação chegar onde ela está. Dentro de mim há mais confusões do que certezas.

Depois do nosso brinde, Jimin procurou a minha mão e apertou com força, com propriedade e entrelaçou seus dedos nos meus.

- Obrigado, Moni. - Ele me agradeceu e eu sorri, genuíno, procurando forças para falar três malditas palavras que semanas atrás tinham um significado completamente diferente. É tão difícil. Tão complicado.

Droga! Eu te amo, Park Jimin!

Friends | [Minjoon] Onde histórias criam vida. Descubra agora