KAPITEL IV: ROMANTISK LITTERATUR
Segunda semana de aula. Segunda vez que Baekhyun não tivera uma boa noite de sono por causa da obrigação de frequentar um curso que ele sabe que não lhe representa. E segunda vez — só naquele dia — fumando no topo da torre da catedral, numa tentativa ridiculamente inútil de se acalmar antes de ir para a sala.
Ele se sente nervoso por causa do curso, mas também se sente nervoso por saber que está há tão pouco tempo na cidade e já conseguiu despertar preocupação em sua irmã mais velha. No fim da noite anterior, quando Juliet passou pela porta depois de voltar do trabalho, Baekhyun ainda estava na sala de estar — imóvel sobre o sofá, um cobertor no colo e os olhos fixos no fogo queimando na lareira. Ela estava cansada demais pra manter uma conversa sobre os motivos de seu irmão mais novo não conseguir pregar o olho, então ficou lhe fazendo companhia até que Baekhyun precisasse se mover e sair para a Universidade.
Quando voltasse para casa, já sabia que encontraria remédios pra dormir em sua mesa de cabeceira e um bilhete gentil na porta da geladeira. Juliet havia prometido o remédio e Baekhyun a viu escrevendo-lhe o bilhete.
O caminho até a Universidade foi complicado por causa disso. Solitário, sem livros que gostasse de ler e sem pessoas por perto com quem gostasse de conversar, ele só podia observar o subúrbio desaparecendo lentamente e se sentir culpado.
Desceu uma parada antes do que deveria e foi a pé o restante do caminho, fumando um cigarro e se concentrando em absolutamente qualquer coisa que não seus pensamentos conflituosos.
Agora, estava apoiado no parapeito de pedra da torre da catedral pela segunda vez. Um filtro de Prince entortava-lhe os lábios e os olhos escuros se perdiam na paisagem azulada e esmaecida da cidade. Baekhyun sentia o corpo cansado, enfraquecido pela noite insone, mas não tinha muito que ele poderia fazer.
Ajeitou o casaco ao redor dos ombros, encolheu-se dentro dele e continuou fumando compulsivamente, em silêncio e certamente sem qualquer expectativa de que seria importunado tão de súbito.
"Ei, garoto. Tem um cigarro?"
Baekhyun havia ouvido aquela voz a semana passada inteira e mesmo assim não foi capaz de se acostumar ao som dela. Às vezes, Dreier soava entediado, outras soava irritadiço, outras soava como se fosse um velho resmungão. Ele era um tanto quanto temperamental, mas — fisicamente — disfarçava isso muito bem. A única coisa que não era passível de mudança eram sua voz e seus olhos e Baekhyun havia descoberto que esse conjunto era fácil de interpretar se o professor estivesse vulnerável — coisa tão rara que só aconteceu duas vezes. Dois instantes oportunos em que ele expôs, mesmo que pouco, um lado mais... emocional. Humano, Baekhyun diria.
O rapaz alcançou o maço de Prince dentro do bolso do casaco, bateu com a base no parapeito para fazer os filtros saltarem para fora e estendeu-os na direção de Dreier. Havia descoberto que ele também respondia por dois nomes: Nikolai, o nome de batismo, e Sehun, cuja história ele não se preocupou em explicar a seus alunos curiosos.
"Você tem o hábito de vir para cá sozinho." Não era uma pergunta. Baekhyun se questionou por que seu professor queria puxar assunto, mas talvez aquela fosse, assim como em seu primeiro dia de aula, uma 'conversa de cigarro'. Talvez Dreier estivesse simplesmente matando o tempo e o silêncio de uma vez só. "Por quê?"
Morgan deu de ombros, sem saber o que responder. Sabia que ele não era exatamente discreto se enfiando nas escadarias e subindo a torre todo santo dia, mas também sabia que seu professor não tinha nada a ver com isso.
Além de tudo, estar na presença dele vinha lhe deixando desconfortável. No primeiro dia de aula, Baekhyun já havia entrado em estado de alerta em relação ao seu professor — ele estava vestindo amarelo, afinal de contas; era de se esperar que isso lhe gerasse problemas sérios em algum momento —, no segundo, pensou que a sensação diminuiria e que talvez até a semana seguinte tudo aquilo já tivesse virado puramente especulação.
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sociedade dos poetas mortos
Fanfiction[sehun/baekhyun] Na Dinamarca de 1988, Baekhyun Morgan está à deriva. Quando começou a estudar Literatura, ele não se imaginava fazendo parte dos boatos que seguiam Sehun Dreier pelos corredores da universidade. Porém, à medida que se deixa levar pe...