KAPITEL II: FØRSTE ØJEKAST
A Dinamarca é um lugar esquecido pelo Sol.
Baekhyun Morgan tem mais certeza disso a cada manhã. Os dias só começam de verdade por volta das nove horas, e sempre terminam antes das quatro. Na Universidade, as aulas começam às dez e o comércio abre poucos minutos antes.
Nunca dá pra tomar café indo para a aula, e Baekhyun nem precisa ter vivenciado a experiência para saber que é verdade.
Tem duas semanas que ele se mudou para a capital e, apesar de as coisas serem consideravelmente mais agitadas que em sua cidade natal, não é tão diferente assim. Vejle também tinha bares que oferecem cerveja pela metade do preço nas sextas e salões com luzes coloridas e música alta que ficam abertos a madrugada toda. O ritmo era bem mais acelerado, mas Copenhagen passava muito longe do que Baekhyun imaginou que seria.
Catando o maço de cigarro nos bolsos, o rapaz acendeu o terceiro desde que acordou. Havia fumado um de manhã, enquanto fazia o café para Juliet e estendia as roupas no varal perto da janela. O segundo, fumou enquanto esperava o bondinho vermelho e branco que fazia caminho até a Universidade; era seu primeiro dia numa instituição que não costumava aceitar alunos de fora da capital, motivos pra estar nervoso ele tinha aos montes.
Agora, no entanto, estava fumando pra passar o tempo, para manter as mãos ocupadas. Copenhagen ainda estava escondida debaixo de névoa, coberta por um tom azulado e esmaecido, melancólico. De onde estava — no alto de uma das torres que indicavam as capelas da Universidade — dava para enxergar quase a cidade inteira de dia. Tinha vontade de retratar aquela vista, com aqueles tons melancólicos, no papel um dia.
Havia descoberto a entrada para o topo da torre na primeira semana em Copenhagen. A Universidade era enorme e tinha um monte de lugares onde era fácil se perder, tanto que haviam mapas nos corredores principais para indicar aos alunos onde eles deveriam ir. Além disso, os prédios eram marcados por cores diferentes; o de Linguagens, onde Baekhyun estudaria, tinha bandeirinhas laranjas penduradas acima da entrada principal.
O prédio de Artes tinha bandeirolas verdes e o das áreas de Conhecimento e Números tinha bandeiras azuis. Cada andar representava uma subárea dentro do tema principal. O andar de Baekhyun era o quinto, o oitavo e último — de Línguas Estrangeiras — sendo o mais importante. Segundo Juliet, era muito raro ver gente comum circulando pelos corredores do oitavo andar, porque era ali que os membros da Igreja estudavam. Eles eram os únicos autorizados a falar outra língua que não o Dinamarquês sem que isso fosse considerado heresia.
Baekhyun, que não era da Igreja mas falava Inglês fluentemente, era obrigado a esconder isso de todo mundo. Seus pais eram estrangeiros, nativos da Inglaterra num país que não era abrangente com diferenças e desde criança ele foi ensinado a andar corretamente na corda-bamba que era a sociedade dinamarquesa; a ser extremamente educado com todo mundo, a manter os documentos sempre ao alcance das mãos e a andar com boa postura pra nunca levantar suspeitas ou qualquer tipo de questionamento a seu respeito.
Era estressante.
Talvez fosse esse o motivo de fumar tantos cigarros por dia.
"Isso faz mal, garoto."
Baekhyun levou um susto de gelar os ossos quando ouviu aquilo. Pensava que estivesse sozinho na torre como esteve em todos os outros dias — ninguém nunca ia ali —, nem sequer se preocupou em checar os arredores, e de repente havia alguém ali, um estranho.
Aquilo podia se tornar perigoso muito rápido.
Afastou o cigarro da boca lentamente, soprando para fora a fumaça presa na garganta. No horizonte, os primeiros sinais do amanhecer estavam surgindo, levando embora do céu a cor azulada, substituindo-a por um laranja opaco, morto.
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sociedade dos poetas mortos
Fanfic[sehun/baekhyun] Na Dinamarca de 1988, Baekhyun Morgan está à deriva. Quando começou a estudar Literatura, ele não se imaginava fazendo parte dos boatos que seguiam Sehun Dreier pelos corredores da universidade. Porém, à medida que se deixa levar pe...