Kapitel VI

312 32 24
                                    

SLETTET

capítulo seis — apagado


Os dias passavam, sombrios, e arrastavam Adrien Morgan ao longo deles.

Uma nova semana surge, vai embora e outra entra. É o tempo que leva para o rapaz tomar uma decisão definitiva: ele vai seguir aquela carta, aquele convite. Ele vai atrás de respostas e vai atrás daquela sensação esquisita que o tomou e o conquistou várias noites atrás.

De repente, Baekhyun acha que precisa dela para se sentir vivo.

E talvez ele não esteja errado.

Os minutos passam e o perseguem. É quinta-feira, sua gravata está tão desalinhada que é como se ele nunca tentasse arrumá-la e, mesmo tão cedo pela manhã, um filtro de Prince já encontrou lugar entre seus dedos esguios. Ele umedece os lábios, os olhos escuros varrem a paisagem sóbria da cidade ainda adormecida e seu corpo instintivamente se encolhe quando ouve passos na escada de pedra da torre da catedral.

O garoto Morgan não precisa olhar na direção do arco para saber que ele parou bem ali, para saber que está sendo observado — de longe, mas atentamente. Nos últimos seis dias, Dreier tem agido de uma maneira diferente — mais analítica e cautelosa — e Baekhyun se sente bem consigo mesmo por ter reparado nisso. Ao mesmo tempo, no entanto, ele também se sente cobrado por alguma coisa que não é capaz de compreender.

Leva alguns instantes, mas o professor se aproxima e apoia os cotovelos no parapeito da janela, daquela exata maneira à qual Baekhyun já se habituou. Ele não está fumando, mas junta as mãos e se inclina para frente, olhando para o chão lá embaixo por alguns segundos e então voltando os olhos de um azul inacreditável para o aluno em pé ao seu lado.

Adrien traga o cigarro nervosamente. Fingir que não se afeta é uma atividade vã, então ele encosta a cabeça no arco de pedra da janela e não devolve o olhar. Sua visão periférica é boa, apesar de não ser perfeita e, mesmo observando o horizonte, ele consegue enxergar o traço amarelo do suéter do professor. E acha incrível que ele tenha tantas peças de roupa iguais, tantas da mesma cor, quando nunca viu nada parecido à venda em qualquer loja — dessa cidade e de muitas outras.

Dreier se move de uma maneira mecânica, enfiando a mão por dentro da lapela do casaco pesado e alcançando no bolso interno o próprio maço. Baekhyun não se surpreende ao perceber que eles ainda fumam cigarros da mesma marca, porque Prince é a única vendida que pode ser encontrada nos mercados, bancas e bares.

O professor abre a cartela e bate com a base dela na superfície de pedra do parapeito, lançando os filtros para cima e alcançando um com dois dedos corados de frio. Baekhyun não percebe a maneira quase viciada como observa seus movimentos, mas é interessante olhar para ele. E também é quase bonita a maneira como as mãos esguias e pálidas têm pontos rosados de cor nas juntas e nas pontas dos dedos.

O menino Morgan quase tem vontade de traçá-los no papel.

"No que você está pensando?" A pergunta fisga Baekhyun de surpresa e ele percebe a si mesmo de repente estático, processando tudo muito devagar.

Dreier lhe olha uma segunda vez, de relance, mas não uma terceira. O filtro do cigarro encontra seu espaço apropriado entre os lábios do professor e ele tira do bolso aquele mesmo Zippo prateado de noites atrás, usando-o para acender a ponta. Quando traga para que o cigarro se mantenha aceso, leva alguns segundos para soltar a fumaça e ela espirala de uma maneira bonita ao seu redor, quase como se acariciasse sua pele, acabando por desaparecer no céu cinzento — sem nunca tocá-lo de verdade.

sociedade dos poetas mortosOnde histórias criam vida. Descubra agora