Capítulo 7

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Os saltos finos dos scarpins negros ecoavam pelo longo corredor de paredes creme um pouco brilhante e com um forte cheiro de produto de limpeza de má qualidade, Maite, que normalmente torceria o nariz para o aroma fétido, o ignorava completamente naquele momento. Sua mente estava em outro lugar, focada somente em sua raiva, tanto que a cada passo que ela dava pelo longo corredor de seu edifício evidenciava a sua ira.
O jantar que havia partilhado com os Levy poderia ter sido incrível – pelo menos a refeição foi, já que a companhia era de causar indigestão, para se dizer o mínimo. Além do Senador Wiliam Levy que não mediu esforços nas técnicas de provocar Maite sem chamar a atenção dos outros, ele a havia rebaixado em uma vagabunda de beira de estrada durante há uma hora e meia que ficaram naquele restaurante, a profanando para provar ao seu próprio filho que aquele corpo que ele estava cobiçar pertencia a ele, e a ninguém mais.
Persistente Christopher tentou interceder Maite no banheiro longe dos olhares mortíferos do pai, porém, para a sorte de Maite, e talvez uma pequena ajuda de Kailey, a mulher foi salva pela recepcionista. Carlos, em contrapartida, ainda desconfiava da Assessora que tanto o recordava um antigo desafeto, e querendo descobrir o que podia sobre a jornalista a interrogou como se Maite fosse a principal suspeita de um homicídio, exigindo dela jogo de cintura excepcional para escapar de suas perguntas cheias de especulação.
A única pessoa que não incomodou Maite durante o indigesto jantar fora Kailey, que parecia estudar toda a situação, avaliando com demasiado cuidado como seu pai e a amante se comportavam juntos, para que assim ela pudesse traçar seus planos e objetivos tão milimetricamente que nenhum deles perceberia que estaria sendo manipulado para que ficassem juntos.

Kailey não conseguia ver o futuro político de seu pai, sem Maite ao seu lado, não sendo apenas sua Assessora de Imprensa, mas principalmente sendo a sua esposa. E, ela faria de tudo que pudesse para que esta resolução se confirmasse; tanto que para isso a loira fitava com olhos atentos à morena, que em determinado momento se incomodou com a intensidade deste, que parecia lhe tragar para uma profundeza capaz de descobrir todos seus segredos mais bem guardados, exigindo dela muito mais atenção em suas atitudes e respostas a todos os membros daquela família.
Sim, fora uma noite infernal para a jornalista, e não era por menos que ela estava irritadíssima, literalmente soltando fogo pelas ventas enquanto marchava pesadamente para o seu minúsculo apartamento.
Foi um verdadeiro desgosto para Maite quando abriu a porta de sua casa encontrou o seu amante Daniel a esperando nu no sofá. Se antes ela já estava irritada, a cena que se apresentou diante de seus olhos só fez piorar o seu humor nem um pouco agradável.
- Sai! – demandou com a voz cheia de objetividade para o homem tirando seus sapatos e já procurando o zíper de seu vestido para tirá-lo.
- Mas Ma, eu comprei aquele seu peixe favorito e aquele vinho que você diz ser um manjar dos deuses... – defendeu-se o moreno levantando-se do sofá e com apenas dois passos chegando onde Maite estava para tentar persuadi-la a lhe dar prazer, contudo ela somente deu um passo para trás e tornou a dizer:
- Sai. Eu estou com uma dor de cabeça infernal Daniel, eu preciso ficar sozinha, então fora! – exclamou caminhando em direção ao seu quarto para tomar um banho restaurador e relaxante capaz de eliminar todos os vestígios do dia que fora uma completa merda para ela.

Daniel, que conhecia Maite bem demais para o seu próprio bem, não discutiu diante da imposição de sair do apartamento, quando ela estava irritada daquela forma, nada que ele dissesse poderia auxiliá-lo, assim o moreno agilmente vestiu sua roupa e agarrou sua mochila dos tempos de exército e deixou o diminuto apartamento, se ela precisasse dele, ou quisesse vê-lo, uma ligação bastaria para que voltasse ali.
Daniel Arenas fazia qualquer coisa que Maite lhe pedisse, seja o que for.
A jornalista que assim que ficara desnuda seguiu diretamente para o seu banheiro, optou por encher a banheira de água fervente para tomar o seu banho, e tirar de sua pele todos os vestígios da imensa humilhação que sofreu. Os seus pensamentos foram todos consumidos mais uma vez pelos eventos daquela noite. Maite não conseguia evitar lembrar-se da maravilhosa experiência que era compartilhar os desejos da carne com o Senador Wiliam Levy.
Ele, de alguma maneira inexplicável para a morena, conseguia levá-la à esferas do prazer, da luxúria, da volúpia nunca sequer imaginados e possíveis para ela. A forma como ele a preenchia, como se moviam em sincronia, o desejo voraz e feroz que sentiam um pelo o outro. Toda a conexão que existia quando fazia sexo com Wiliam era uma experiência memorável, e por mais que odiasse confessar, Maite aguardava ansiosamente esses momentos com ele.
Todavia, além de sexo excepcionalmente prazeroso, existia uma vaga gama de coisas que ela não considerou no início e que agora parecia estar lhe prejudicando. Primeiramente o comportamento gélido do Senador depois das experiências sexuais que partilhavam. Naqueles momentos ele nem parecia se importar com o que tinha acontecido, era como se ela, Maite, não passasse de um objeto para lhe dar prazer, uma boneca inflável ou ainda uma prostituta. E a jornalista odiava ser comparada a uma prostituta, ela poderia gostar de sexo e muitas vezes usá-lo como passaporte para conseguir aquilo que ansiava, mas prostituta, não, isso Maite não era.

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