Prólogo

220 36 132
                                    

    Passo a ponta do meu indicador sobre o bocal do copo, entediada e desconfortável com o assunto da mesa. Já não via minhas amigas pessoalmente a alguns meses e fiquei feliz quando conseguimos marcar um dia bom para nos encontrarmos, mas nesse momento, pensava que era melhor ter ficado em casa.

— Vocês nem imaginam. O cara é um gostoso! — Karina exclamou com um sorrisinho nos lábios. — Aquele sim sabe usar o que tem.

— O amigo dele também não fica atrás. — Lívia comenta. — Tive uma noite maravilhosa com ele! Precisamos voltar naquele bar, lá só tem homem bonito.

— Fato. Esse final de semana já temos um destino. — Manu diz animada. — Você vem conosco, Lou? — questiona e me olha juntamente com as meninas.

— Hum, acho que não, trabalho no sábado, acredito que ficarei cansada. — dou uma desculpa.

    A verdade era que eu não curtia muito locais como balada e bares, por isso sempre que surgia convites como esse, eu evitava ir. Das duas vezes que fui com as meninas me senti completamente deslocada, as bebidas, cigarros e as vezes, drogas, não tinham muito a ver comigo. Fora que eu não sabia flertar e nenhum cara parecia se interessar por mim, então sentia que só estava perdendo tempo e gastando minhas roupas e maquiagem.

— Ah, Lou. — Lívia lamenta. — Vamos, vai ser legal. Você precisa se divertir, sentimos sua falta nesses rolês.

— Sim, fora que é uma oportunidade para você encontrar um gatinho. — Karina diz com um sorriso malicioso e eu apenas balanço a cabeça sem graça. — Beijar na boca e ter uma noite prazerosa com alguém, não é convidativo para você?

   Fico sem graça de responder e agradeço a Manu por ter dito algo.

— Para mim é muuuito convidativo. — ela ri. — Sério, Lou, você já tem quase 19 anos não sei como consegue ficar tanto tempo sem dar pelo menos um beijinho.

— Eu não ligo pra isso, as coisas acontecem no tempo que tem que acontecer. — rebato.

— Mas estamos na melhor fase da vida, amiga. Essa é a hora de acontecer. — Karina fala e dou de ombros.

   Nunca ter me relacionado com alguém não era um problema pra mim, se ninguém havia aparecido ainda era porque não era o momento. Eu acreditava nisso. O que me incomodava de fato era quando assuntos como:homens e sexo estavam em pauta, pois eu não tinha conhecimento algum sobre e ficava quieta e muitas vezes, sem graça com as histórias de minhas amigas muito bem vividas.

— Já te falei amiga, os homens gostam de mulheres experientes, que saibam o que fazer na cama, não querem ficar ensinando, querem ter uma noite de prazer. — Manu afirma. — Sai com a gente. Eu chamo o Rafael, ele leva alguns amigos, quem sabe role alguma coisa com um deles, o que acha?

   Faço uma careta com a ideia e torço para que eu tenha consigo disfarçar a tempo de que alguem perceber.

  Rafael era um cara legal, mas suas amizades eram duvidosas e eu não me envolveria com pessoas erradas nem que fosse pra ter só uma ficada.

— Eu realmente acho que vou ficar cansada. E vocês sabem que não vou a cara dos amigos dele. — Manu revira os olhos fazendo pouco caso do meu receio.

— Deixe a Lou. No tempo dela, ela irá conhecer alguém. — Liv diz e eu sorrio pra ela em agradecimento pela sua compreensão. — Mas e aquele cara que você estava conversando, Manu, rolou? — pergunta empolgada.

  Manu começa a falar sem parar sobre o carinha e como ele era gostoso, grande e muitos outros adjetivos favoráveis à ele.
Em algum momento que eu não aguentava mais não ter nada para comentar sobre o assunto, fingi uma indisposição e fui embora.

    Eu amava minhas amigas, mas odiava quando elas só ficavam nesse assunto. Existiam coisas mais interessantes para serem faladas do que isso.

    Caminho devagar, enquanto pensava. Desde que havia percebido que as pessoas a minha volta começaram a se envolver amorosamente com outras, me questionei do por que nenhum garoto se aproximar de mim com as mesmas intenções que chegavam em minhas amigas, mas nunca encontrei respostas para essa pergunta. Então simplesmente deixei pra lá, nesse tempo tinha que focar nos estudos e não em paquerinhas sem futuro, o real 'problema' era que até hoje essa pergunta rondava em minha cabeça, afinal o que havia de errado comigo?

  Encaro meu reflexo na janela de um carro aleatório. Por que será que nenhum cara se aproximava? Será que eram minhas roupas? Meu cabelo? Será que eu não parecia simpática ou atrativa o suficiente? Ou será que Manu estava certa em dizer que homens gostavam de mulheres experientes? Mas se ela estava certa, como eu iria encontrar alguém que quisesse se envolver comigo? Estava tão na cara assim que eu nunca havia dado sequer um beijo?

  Dou um suspiro longo e caminho até o ponto de táxi vazio do outro lado da rua. Me sento no banco e espero que algum carro chegue. Olho para o lado e um anúncio preso no ponto me chama a atenção.

Acompanhantes masculinos e garotos de programa, profissionais do sexo. Entre em contato.

Só podia ser uma piada comigo.

Balanço a cabeça e me levanto quando vejo um táxi se aproximar.

************************************************************************

O capítulo está sujeito a possíveis alterações em uma futura revisão.

26/04/21

Uma Noite Com VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora