| Capítulo 2 |

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Passo pela sala lotada de gente se pegando e saio até a varanda

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Passo pela sala lotada de gente se pegando e saio até a varanda. O ar fresco da madrugada toca meu rosto. Encosto em uma pilastra e apanho o maço de cigarros e o isqueiro no bolso da calça.

Acendo um e trago com força, para ver se o tédio vai embora. Essas festas são um porre, nem sei por que continuo vindo toda semana.

Bufo, cansado dessa merda.

Tudo tem sido assim. Só vou vivendo os dias como um borrão até que se acabe de vez.

Encaro o nada e fico fumando sem perceber o tempo passar.

— Você está aí, cara! — Miguel abre a porta da sala, deixando o som alto lá de dentro reverberar nos meus ouvidos.

Continuo tragando e olhando para frente, sem me mexer com o seu chamado.

Ele é o conhecido com quem mais converso. Não o considero meu amigo porque não tenho nenhum. Nunca me abri com ninguém, e pretendo continuar assim. Proximidade demais só traz problema, e já tive minha cota para a eternidade.

— O Marquinho trouxe bebida da boa. — Ele se aproxima e entrega na minha mão uma dose do destilado verde. — Bora lá pra dentro que agora essa festa vai realmente começar.

Sua voz é arrastada e lenta, sinal de que está bêbado e drogado. Encaro-o pela primeira vez e aceito o líquido, permitindo que o absinto desça queimando minha garganta.

Sem dizer nada, termino de fumar, jogo a bituca fora e caminho ao seu lado, evitando ao máximo esbarrar na multidão que se aglomera em cada canto. A curtição está sendo na casa de um playboyzinho qualquer do curso de Publicidade, em comemoração à volta às aulas.

O lugar é enorme, de dois andares, com piscina, sauna e essas frescuras de gente rica.

Logo que chego na parte dos fundos, onde a farra acontece, avisto a turma do Miguel rodeada de gente. Eles são sempre convidados para qualquer festa, por isso, acabo vindo de tabela.

São os bad boys ricos, o pessoal mal-encarado que chega no ápice da noite oferecendo acesso fácil a bebidas e drogas. Por causa do meu estilo quieto, cheio de tatuagem e roupa preta, fui logo rotulado como um deles e fiquei.

Se soubessem...

Não ligo a mínima sobre o que pensam de mim mesmo, então foda-se.

Que eu seja um bad boy cheio da grana também.

Os caras me cumprimentam com um toque de mão e correspondo, acenando com a cabeça. Assim que sento em um banco perto da mesa de sinuca, vejo os engomadinhos cheirando uma carreira de cocaína.

Odeio essa porcaria.

Eu nunca usei nenhum tipo de droga. Bebo e fumo cigarro de boa, mas dessa merda eu quero distância.

Balanço a cabeça, afastando os pensamentos sombrios.

— Oi, Fabrício! — Uma loira gostosa, quase nua, toca meu ombro e, sem cerimônia, senta no meu colo.

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