| Capítulo 5 |

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O celular vibra, mais uma vez, com uma mensagem e nem preciso olhar para saber quem é

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O celular vibra, mais uma vez, com uma mensagem e nem preciso olhar para saber quem é. Dona Adriana já mandou exatamente 10 desde o começo do dia. Quer saber se tomei os remédios, se fiz nebulização, se me alimentei direito, se estou pegando friagem...

Sorrio, respondendo de novo que está tudo bem. Até ela se acostumar, se é que isso um dia vai acontecer, será um longo processo. A verdade é que minha mãe não sabe mais ser ela mesma, não sabe o que fazer sem que eu esteja por perto. Espero que volte a trabalhar, que se redescubra no casamento. Tenho consciência de que a doença os afastou até como casal.

Paro em frente à ampla cantina de madeira e me dirijo ao último balcão. O espaço é tão organizado que foi dividido em duas seções: lanchonete e restaurante. Olho o bonito cardápio, com opções para todos os gostos, e escolho a promoção do dia com arroz, feijão, salada, peito de frango e um suco de laranja. Preciso economizar! Barbara tinha me falado que sempre há pratos bem em conta, uma boa pedida quando precisar ficar na universidade no período da tarde.

Apesar de saber que é muito cedo para isso, vou me inscrever no programa de estágio. Tenho entrevista marcada às 13h com a senhora Taylor. Sei que é difícil conseguir antes do segundo semestre, no entanto, quero ser uma das primeiras da fila quando a oportunidade aparecer.

Uma graninha, mesmo que seja pouco, vai ajudar muito a evitar gastos extras dos meus pais.

A atendente não demora nada para entregar uma bandeja com meu pedido. Sorrio e agradeço, seguindo em direção a uma mesinha do lado de fora, perto das árvores. Eles devem estar acostumados a serem ágeis com as centenas de alunos que frequentam a São Leopoldo.

Antes de começar a comer, tiro discretamente uma cápsula das enzimas digestivas da bolsa e a engulo com o suco. Apesar da dieta hipercalórica, tento escolher alimentos saudáveis e nutritivos na maior parte do dia. Percebi que essa opção me dá mais disposição do que os milk-shakes que tomava direto antes.

Enquanto mastigo, aproveito para rever o cronograma de aulas entregue pela professora de Introdução à Filosofia. Amei o primeiro dia, apesar de quase não falarmos sobre algo específico. Foi mais a apresentação de cada um e do conteúdo programático.

Minha turma não é muito grande e tem mais homens do que mulheres. Nesse curso, ter entrado com 21 anos não fará diferença, pois pelo que percebi, a maioria é mais velha. Tinha ficado com receio de serem metidos por causa da situação financeira, mas me surpreendi. O pessoal é divertido, e parece tão entusiasmado quanto eu.

Quem escolhe essa área geralmente é porque gosta muito mesmo. Não é bem remunerada, nem valorizada.

Levo mais uma garfada à boca, e o barulho alto de risadas tira meu foco do papel. Sigo o som por instinto, e noto um grupo de garotos bonitos vindo à minha direita com Serena no meio deles.

Ela é, sem dúvidas, uma menina popular e descolada. Está tão entretida na conversa que nem nota minha presença.

Espere aí, eu conheço essa jaqueta preta de couro. Estreito os olhos e confirmo que é o cara que esbarrou em mim mais cedo. Ele também está alheio, mas parece que é à tudo em sua volta.

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