Ele para bem na minha frente. Levanta uma das sobrancelhas.
"Novamente no caminho. Preciso passar. Saia!".
Ah, não!
"Você é muito abusado! VOCÊ esbarrou em mim. Não teve a decência de me ajudar a levantar e ainda é um arrogante! O que custa pedir com educação? Sei que seu cargo deve ser superior ao meu, mas isso não o faz melhor. Sou uma pessoa e exijo respeito!"
A cara de espanto, depois de deboche. Infeliz.
"Ah, e quem a senhorita pensa que é? Sabe quem eu sou? Eu sou Éric Suarez. CEO desta companhia. Então, sim, meu cargo está muuuito acima do seu, com certeza. Afinal, se você fosse da diretoria, eu a conheceria. Aliás, o que faz no meu andar?"
Sinto o sangue deixar meu rosto. Esse é o Sr. Suarez? O chefão. Ótimo. Não sei de onde consegui reunir forças, mas as palavras saíram.
"Sou Ana Borges. O senhor pediu que eu viesse ao seu andar. Para falarmos do cargo para sua assistente."
Ele levantou a outra sobrancelha. Soltou uma meia risada e olhou o relógio.
"Odeio atrasos. A senhorita está muito atrasada. Se não me engano, eu disse 07h30. Em ponto."
"Mas eu cheguei aqui antes disso! A moça da recepção pediu que eu espera..."
"Também odeio desculpas esfarrapadas. Se estivesse aqui no horário, eu seria avisado. E estaria conversando com a senhorita. Ou não."
"Mas eu..."
Ele puxou meu braço, ao mesmo tempo firme, mas não o suficiente para marcar. Senti um "negócio".
"A senhorita definitivamente não serve. Atrevida, respondona, fica no caminho e, acima de tudo, uma irresponsável! Vá ao RH. Agora."
Ele passou e eu fiquei ali, plantada. Eu fui demitida, é isso? Demitida. Meu único objetivo era manter o emprego, eu nem queria outro, mas nem consegui o novo e nem fiquei com o que já era meu. Inacreditável! Mas eu cheguei na hora, e ela me mandou esperar!
Ela me mandou esperar!
A raiva subiu. Mas tentei manter as estribeiras.
"Então."
Ela me olhou e abriu novamente o sorriso. Só que agora eu vi que não era simpático coisa nenhuma. Sonsa!
"Sim?".
"O Sr. Suarez foi embora. E disse que eu estava atrasada. No entanto, nós duas - fiz sinal com os dedos - sabemos que isso não é verdade. Ele não foi avisado. Por quê?"
Ela teve o descaramento de fingir surpresa. Abriu a boca, levou a mão direita ao peito e disse:
"Nossa, eu jurava que tinha avisado! Cabeça essa, a minha. Uma pena. Bom, já está feito, não é? Resta a você voltar para o seu lugar. Ou melhor, ir para o RH. Eu ouvi."
Ela ficou me olhando, com a cara mais deslavada! Uma força superior me segurou, ou eu teria voado nela. Não costumo apelar para a violência, mas tem horas que... dá vontade de torcer o pescoço de alguém!
Sorri de volta, peguei as minhas coisas e fui até o RH.
Broaca! Não estou acreditando nisso! E como eu vou falar para o Sr. Suarez que não foi culpa minha? Ele não quer me ouvir. Olha, coitada da que for trabalhar com ele. Homenzinho insuportável.
Chegando lá, meus papéis já estavam prontos. A vaca sorridente ligou e acertou tudo. Verifiquei os papéis, e em 4 dias eu voltaria ali para a homologação.
Amanhã, vou tentar falar com ele. No início do expediente. Ao menos esclarecer isso. Não quero sair com uma culpa que não é minha!
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Olá, galera! Estão gostando? Por favor, quem ler, aqui, poderia deixar uma opinião, o que precisa melhorar, ou se está gostando? Sou nova nisso e é bem estranho escrever para várias pessoas (bom, se lerem, não é mesmo?).
Obrigada!
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Desejos
RomanceTrabalhar com o chefão pode se mostrar uma tarefa e tanto. Ana Borges irá descobrir que, às vezes, a rotina deve ser quebrada para que algo de bom possa aparecer.