Trinta: Confissões

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Antes de começar saibam que: Minha heroína não é forte, não! Ela não é perfeita, nem madura, nem consegue vencer sozinha. Mas essa história não é sobre ela! É sobre alguém muito maior que ela, que mesmo na fraqueza dela, na imaturidade, e nos inúmeros erros e pecados, mostra-se grande, forte e poderoso! E é sobre o poder transformador do sangue do Cordeiro! Não espere ver superação, mas arrependimento e mudança de vida.

Boa leitura.

CAPÍTULO TRINTA: CONFISSÕES

Senti como se todo o sangue estivesse deixando meu corpo quando vi Coelho sair do automóvel. O semblante dele não era nada amigável. Na verdade, eu nunca o vi tão bravo como parecia estar naquele momento. Um calafrio percorreu meu corpo quando o analisei brevemente e notei o distintivo pendurado em seu peito e a arma no coldre na cintura.

— Você não vai me mandar pra cadeia, não é? — perguntei assustada enquanto meu amigo oficial ainda me encarava com aqueles olhos estreitos.

— Por quê? Você cometeu alguma injustiça que mereça punição? — ele questionou em tom grave e irônico, fazendo-me engolir em seco e, logo depois deu a volta no veículo e fez o favor de abrir a porta do passageiro, dando espaço para que eu entrasse com a bebê. — Deveria agradecer porque eu estou de férias, do contrário você agora estaria de algemas e voltaria pra casa de camburão. Agora entra logo na porcaria do carro, Sarah.

Aquela ameaça me causou desconforto, pois Josué não parecia estar para gracinhas.

— Tudo bem — murmurei e, como uma criminosa, sentei-me no banco com Mabel, sem conseguir encarar o homem autoritário ao meu lado. Ele fechou a porta e não voltou de imediato para o seu lugar. Enquanto isso, reparei no alvoroço que toda aquela cena causou entre os curiosos ao nosso redor e fiquei sem saber aonde enfiar minha cara. — Sua mãe está muito encrencada, filha — comentei com Mabel que soltou uma de suas gargalhadas inoportunas. — Obrigada pela sensibilidade.

Permaneci abraçada a minha ovelhinha, que certamente deveria ser a única a não estar me odiando naquele momento e acabei notando a demora Coelho em retornar. Quando procurei nos arredores, logo o vi parado extremamente tenso a alguns metros do veículo, talvez pensando. Por um instante seus olhos tristes encontraram os meus e, além de vergonha, fui inundada por culpa.

"Ah, Senhor! O erro foi meu, mas, por favor, derrame sua graça e permita que eles tenham misericórdia de mim e me perdoem" implorei voltando a sentir um aperto no peito.

A porta se abriu novamente, rompendo meus pensamentos e me dando um baita susto. Era Josué e, por algum motivo, ele não entrou logo de cara.

— Sim, eu as encontrei — eu o ouvi trocando informações com alguém no celular, obviamente sobre mim. — Estão bem, não se preocupe. — Ele fez uma pausa. — Aconteceu exatamente o que eu te falei. Aposto que se eu não tivesse chegado ela teria embarcado. Obviamente não pensou em nada. Ia passar fome e frio em algum outro lugar. — Aquelas palavras me atingiram como uma bala no peito. — Chegamos em uns quarenta minutos. Até mais.

Que vergonha! Como eu fui burra!

Josué finalmente entrou, colocou o cinto e, ainda parecendo tomado de raiva, alisou a própria face freneticamente. Por alguns segundos intermináveis eu só consegui ouvir as inspirações e expirações fortes e sentir o modo intenso com o qual eu era analisada. Meio minuto depois ele girou as chaves na ignição e deu inicio a viagem, sem falar um pio.

O silêncio sepulcral nos seguiu pelas rodovias vazias de Santa Fé e a cadaa minuto eu me sentia cada vez mais culpada e miserável. Eu queria acabar logo com aquilo. Queria que Josué falasse alguma coisa, qualquer coisa, e não me evitasse como estava fazendo, pois isso só me deixava mais temerosa quanto ao modo como seria recebida de volta.

Ensina-me amarOnde histórias criam vida. Descubra agora