07. Seul/2017 Jimin 2/3

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Seul/final de 2017

05h30 A.M.

Park Jimin abriu lentamente os olhos inchados e sonolentos ao som de Worst day of my life*. Esfregou os olhos e suspirou fundo, se perguntando até quando conseguiria suportar.

Todos os dias, ele acordava enjoado, se sentindo frágil e indefeso, um arremedo da estonteante figura loira e sexy que enlouquecia os homens com movimentos sensuais no palco do clube de striptease.

Acendeu a luminária simples que ficava no chão apoiada em cima dos livros, ao lado do colchão gasto, porque ele não tinha uma cama. Era deprimente olhar ao redor e se deparar com as paredes cheias de mofo e descascadas, os fios aparecendo no teto. Ele despertava triste e sem esperança, mas então olhava para dentro de si e se enxergava aos quinze anos determinado a se mudar para Seul e lutar pelo seus sonhos e aquela imagem era a sua motivação, ele não podia desistir e decepcionar aquela criança.

Tomou banho, vestiu-se com o que encontrou pelo caminho, enfiou um saco de salgadinho na mochila e saiu apressado. Ele possuía poucas peças e todas pretas, pois era a cor que lhe dava a sensação de ordem junto ao caos.

07h30 A.M.

-- Atrasado de novo, Park? Já não disse que seu horário inicia às sete? – Seu patrão bufou com todo o fôlego.

-- Desculpe Sr. Lee, mas alguém acionou por engano o botão de emergência do metrô, atrasando tudo – explicou o jovem mantendo a cabeça baixa, curvando-se respeitosamente ao mais velho.

-- Já estou cheio das suas desculpas. Hoje quem vai anotar os pedidos e servir os clientes sou eu, ouviu? Preciso que faça a limpeza geral, pois a funcionária Goh se demitiu ontem à tarde.

-- Sim, senhor.

-- Anda, vá se trocar. Sua moleza me dá nos nervos.

Jimin não tinha outra opção a não ser obedecê-lo calado, pois precisava muito daquele emprego de meio período. Além do aluguel do quartinho nos fundos do clube, precisava pagar a mensalidade da faculdade de artes onde cursava dança contemporânea.

Ao final do expediente, o garoto já estava livre do uniforme, pronto para ir embora, quando foi abordado pelo patrão, que parecia ainda mais enfurecido do que no início dia.

-- Park, onde pensa que vai? – perguntou o velho, franzindo o cenho, irritado.

Jimin conferiu o relógio de parede fixo na cafeteria, que marcava 13h05.

-- Meu turno terminou. Eu preciso ir pra universidade, o Sr. pode me dar licença?

-- Nada disso, você ainda me deve meia hora de trabalho. Vista o uniforme novamente.

-- Por favor... desse jeito vou me atrasar... – implorou o jovem diante do homem que mais parecia uma muralha de pedra, bloqueando a porta.

-- Sha...Sha... uma criança vomitou no toilete das damas, limpe tudo e depois pode ir.

-- Meu contrato é de balconista e garçom, não sou pago para limpar banheiro! – disse com queixo erguido e a voz firme. Não podia tolerar aquele tipo de abuso.

-- Ora, insolente, devia agradecer por ter emprego. Com esses dentes horrorosos nunca vai conseguir nada melhor!

Um colapso de raiva chegou sem aviso enquanto Jimin esfregava o chão do banheiro. Ele começou a rugir como um tigre ferido e esfregar o chão com tanta força que quase quebrou o porcelanato barato. Odiava que falassem dos seus dentes, que eram um pouco tortos e escuros devido a uma dosagem errada de antibióticos aplicada na infância. Aquele detalhe abalava demais a sua autoconfiança.

Seesaw Connection [yoonseokmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora