Nunca é fácil

Sete

Estou terminando o almoço quando ouço gritos, subo as escadas correndo, entro no quarto, ela tá deitada, encolhida e gritando, eu corro pra ela, meu primeiro instinto é abraçá-la mas eu paro antes de encostar nela, me afasto um pouco
- Meredith, Meredith, você tá em casa, é um sonho, amor, é o Andrew, acorda
Ela se senta rápido e ofegante, ela olha pra mim com os olhos arregalados, assustados
- Mer, você sabe onde está?
Ela assente
- Você está segura, tá vendo?
Eu pego um copo com água que eu deixei ao lado da cama e entrego pra ela que toma devagar, ela fecha os olhos, encosta na cabeceira da cama
- Isso vai passar, não é?
- Vai sim, claro que vai
Ela respira fundo
- Deita aqui comigo
- Eu vou lá embaixo 2 minutos desligar o fogo
Ela concorda, eu desço correndo e volto rápido também, quando ela me vê, se arruma na cama, eu dou a volta e deito do outro lado
- Você pode... me abraçar?
- Claro, amor, sempre, vem cá
Eu me aproximo mais dela, ela se arruma na cama e deita no meu peito, eu a abraço
- Eu tenho medo, o tempo todo
- É compreensível mas vai melhorar
- Eu preciso ver o Dr Schutz
- Quando você quiser
Ela suspira e ficamos calados por um tempo
- Como você tá?
Ela me pergunta
- Eu não saberia explicar
Mais um tempo em silêncio
- O que eu vou dizer para as crianças?
- Diga que você caiu, escorregou no hospital
Ela suspira
- Eu vou tentar dormir mais um pouco
- Tá bom
Ela vira pro outro lado, se arruma na cama, depois vira e pega minha mão
- Vem, você deveria tentar dormir também
Eu me arrumo na cama e a abraço, eu queria tanto isso, por ela, por mim, sentir ela assim nos meus braços, ela segura meu braço entre os dela e eu cheiro o cabelo dela, então eu acabo realmente pegando no sono.
Não sei por quanto tempo eu dormi, acordei com ela se mexendo na cama, muito agitada, eu tento tirar o braço devagar mas ela segura
- Não, Andrew, não vá, por favor
Eu a abraço mais apertado
- Amor, eu to aqui
Ela para de se mexer e abre os olhos
- Desculpa
- Ei, não precisa se desculpar, nós estamos juntos nisso, tá?
Ela vira pra mim devagar, nos olhamos nos olhos um do outro
- Eu não sou mais a mesma
Eu levanto a mão devagar e quando encosto no rosto dela, ela se contrai, eu tiro mas ela pega minha mão e coloca de volta
- Eu amo você
- Mesmo que eu não seja mais eu?
- Amor, você ainda é você e nós vamos passar por isso
- Eu não vejo como
- Vamos viver dia após dia, tá bom, eu to aqui
- Quanto tempo você vai aguentar isso?
- Eu não vou a lugar nenhum , eu amo você