-James, você é louco? Poderia ter morrido. – Uma voz grossa e autoritária me acorda aos poucos, de um transe enorme.
-Ela não é tudo isso que falam... – Hunter... ou devo pensar "James". Abro os olhos e me vejo em uma cela.
Coloco a mão em minha cabeça para apalpar a dor, era como se eu tivesse levado uma pancada forte. Me levanto aos poucos, em um ritmo muito devagar e confuso. Percebo que não é uma cela, e sim um grande e enorme salão onde só tinha um sofá, o qual eu estava deitada, dois homens, os quais me odiavam, e um lustre que custa com certeza muito mais que a minha vida.
-Olá, senhorita. – O homem se aproxima sorrindo. Ele e James tinham roupas muito bem elaboradas para serem apenas bêbados.
-Vocês estão muito loucos se estão achando que eu sou uma prostituta, eu estava de camisola porquê... – olho para baixo e vejo que estou de uma espécie de vestido branco e delicado. – Espero que quem tenha me trocado seja o James, Hunter, sei lá...
-Donato II, meu pai, Agnes. – James respondeu pelo pai que concordou com a cabeça.
Aos poucos me recordei de tudo o que havia acontecido na noite anterior, ou atual, não tenho mais noção do tempo.
-Você tentou me matar! – vou para cima de James, mas Donato me segura.
-Ei... acalme-se. – Resolvi escutar o velho, afinal, gente velha sabe mais. – Ele só te deu um sonífero, você dormiu por apenas 30 minutos ou menos.
-Ah... não justifica. O que vocês querem comigo? O que...- me lembrei de que o pequeno e assustado Grimm estaria sozinho ao acordar e ele contava com a minha amizade. – Onde está o Grimm? – Falei de uma maneira mais civilizada.
-O gnomo azul? Ele saberá onde te encontrar, quando for preciso. – Disse James.
-Já ouviu falar sobre a história de nosso mundo. Não?
-Só algumas partes. – Eu menti, eu não sabia nada.
-O mundo foi dividido em dois após uma guerra entre o mal e o bem. Os noturnos, que são monstros, foram liberados pelo mal e aterrorizavam a terra desde então. Mas, por uma obra da bondade absoluta e dos Esperis, que são como seres de extrema luz que cultivam e mantem a paz, conseguiram estabelecer uma regra. O mundo foi dividido entre Gweneth, a ordem do mal, da magia negra e dos noturnos, e Celestia, a ordem do bem, dos bons, dos humanos. – Donato contava com integridade e pude sentir que James estava muito contente em ouvir a história, talvez seu pai contava quando ele era pequeno.
-Isso é história para boi dormir...- bocejo.
-A ordem Celestia irá te ajudar. – Eu estranho muito a fala de Donato. Ele falava enquanto sua perna tremia.
-Me ajudar no que? Eu não preciso de ajuda. – Caminho no enorme salão, observando cada detalhe. As paredes de cores neutras, mas elegantes.
-Proteção. – Disse James.
-Olha para o roxo em seu rosto. Acha mesmo que preciso de proteção? Deixem de ser obcecados. Por que falam de mim no vilarejo? Se quer conheço vocês. E ele é Greel, ou seja, um babaca qualquer com uma farda dizendo que vai cuidar da população e bla bla... não confio nem um fio de cabelo se quer nas mãos deles, senhor Donato. – Paro de caminhar e olho para James, que agora estava com um semblante sério.
-Você não tem para onde ir, querida. – Donato estende seu braço para perto de mim e retira uma mexa de meu cabelo dos meus olhos. – Alcoólatra, solteira e expulsa da casa de sua família. Você está sem saída. – Dou um passo para trás.
- Arabella é mesmo uma tonta por confiar em vocês! – Num ato impulsivo, cuspo no rosto de Donato e o empurro. Ele ri descontroladamente o que me faz temer um pouco ele, senti que James estava na mesma posição que eu, confuso e desconfortável. – O que é tão engraçado?
Dois Greels chegam por trás de mim e me seguram pelos braços.
-Não foi Arabella, foi Grimm. – James sussurra quase que triste pela atitude.
-Levem- a. – Ele aponta para a saída de lá.
Eu pensei em me rebater e tentar socar a cara de cada um deles, até que me soltassem. Mas era muito improvável, eles eram o dobro do dobro do meu tamanho. Eu estava perdida mesmo. Por exaustão, meus olhos, gritando por descanso, caiam. Eu tentava me manter acordada, mas eu precisava dormir. Então adormeci, ali mesmo.
Acordo com um barulho estranho e me levanto para entender onde eu estava, eu fiquei craque em acordar em lugares peculiares. Agora não seria diferente, acordei na floresta. Eu estava cercada por centenas de Greels. Suspirei, eu jamais iria conseguir matar todos.
Donato se aproximou de mim e jogou na minha frente um arco e um acessório que mantinha flechas guardadas. Em seguida, jogou uma bolsa.
-Vá. – Ele disse sem expressão, sem joguinhos, sem raiva. Ele disse com medo. E pessoas como eu e ele não deveriam sentir medo. Todos os Greels apontaram suas espadas e arcos para mim, para que eu obedecesse logo a tal ordem. Agacho no chão e pego meus "presentes" de aniversário antecipados.
Me viro para observar melhor o lugar e vejo que a partir de uma certa gigante e velha árvore, mas estranhamente tentadora, tinha uma divisão invisível. Após ela, o resto da floresta do outro lado era escura e sombria. Não estava de dia, como aqui, lá a lua já reinava. Entendo para onde eu deveria ir. Ordem Gweneth estava a menos de cinco passos de mim. Suspiro, e sem medo, mas com muita dúvida, entro nessa barreira transparente.
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Caçadora - Livro 1
AdventureUma promessa, uma maldição e dois corações... RECOMENDÁVEL PARA MAIORES DE 12 ANOS Autoria completa de B. MORGADE . Livro de Fantasia e Romance PARA OS CONSERVADORES, CONTÉM: Homossexualidade, protagonista feminina que é dona de si, oposição a que...