Eu caminho em direção ao único grande castelo da região. Em volta de mim, tudo estava repleto de gramas polidas e flores hidratadas, talvez estivessem mais saudáveis que eu. Isso me irrita, droga, até o mato é perfeito aqui nesse fim de mundo.
Eu nunca fui de julgar ninguém, e isso agora me deu ódio. Eu odeio não ter percebido o quão ridículo Jockel é. Talvez eu apenas ignorasse, porque eu me vi nele. Mas depois do que vi e vivenciei, sentenciei-o a morte.
Noturnos pareciam me ignorar ao me verem sem a capa, que esqueci na casa dos pequenos que me acolheram. E eu não entendi. Por que não reparavam em uma mortal idiota que tinha uma espada em suas mãos? Parecia ser algo comum para eles. Algo totalmente comum. Isso ata um nó enorme e complicado em minha cabeça. Fere meu ego por inteiro. Eu achava ser uma aberração entre eles, mas pelo visto sou tão normal quanto outro qualquer noturno. Tirando o fato de que não sou uma noturna.
Me deparo de novo em frente á esse enorme e ridiculamente assustador portão. As malditas gárgulas estavam lá, para minha infeliz recepção. As olho com desprezo e sinto que elas compreenderam isso. De uma forma inesperada, todas elas se alinham, uma de frente para a outra, formando uma passagem, uma passagem para mim. Elas abaixam suas cabeças, ou com respeito ou com medo. Ou talvez fosse nojo. Ainda não decifrar gárgulas.
-Vocês são malucas. - Eu falo jogando o cabelo para trás.
Passo pelo corredor de gárgulas e chego até a porta fácil de ser aberta. A porta de entrada. Preparo a minha espada, Lorde Jockel gostava de arrancar corações, agora o seu seria tirando. Talvez eu desse como jantar para as gárgulas. Será que o gosto seria do agrado delas? Deve ser amargo.
Abro enfim, um sopro de poeira negra é arrastado junto ao embalo da porta. Entro de cabeça erguida, procurando por Magnus, que dessa vez não estava com prostitutas, nem com ninguém. Se quer estava aqui. Não estou reclamando, é mais fácil matá-lo sem um gigante ogro o protegendo.
Vou até a enorme escada que se localizava no salão principal, subo cada degrau pensando na satisfação que estou prestes a sentir.
Chego á uma porta vermelha e elegante. Coloco a mão na maçaneta, e com força, a giro. Fazendo com que se abrisse.
Um amplo quarto, com uma cama espetacular, um armário meio aberto com milhares de roupas, um espelho enorme de ouro e um mármore marrom por todo o lugar. As paredes eram enfeitadas com quadros lindos e humanos demais para alguém como Jockel. Ouço o som de água, ele estava tomando banho, com outra pessoa, ou talvez ele falasse sozinho e risse sozinho também. Me escondo atrás de uma pilastra que havia no quarto.
Ele e uma bela noturna, saíram juntos do banheiro, enrolados em toalhas. Ela era alta e tinha um cabelo curto, rosa. Sua orelha era pontiaguda e seu nariz também, e esse era seu charme.
Ele deixou sua toalha escapar enquanto se trocava, pude ver sua nádegas, que por sinal não eram nada mal. Enquanto colocavam alguma roupa, trocavam frases tentadoras. Quando se vestiram por completo, Jockel encarou-se no espelho enorme e caro, passou um perfume que me hipnotizou até mesmo em uma certa distância em que estávamos.
-Jo, querido. Já vou, tenho que voltar para a aldeia dos elfos, promete me deixar te procurar?- Ela disse de uma forma mais melosa do que parece. E eu quase vomitei.
-Eu... prometo que pensarei. Adeus, Lira. - Ele fez um gesto de despedida para ela e ela devolveu com beijinhos no ar, saindo do quarto.
-É isso que você faz em quanto milhares de pessoas morrem por sua culpa? - Eu saio de trás da pilastra e vou ao seu encontro, encaixando a espada ao lado de seu corpo, como ameaça;
-É, e por que se importa, você também mata.
-Eu matei. Não faço mais isso.
-Então por que está aqui? Por que está com um olhar vingativo e apontando uma espada para mim? Quer tomar um cházinho?Bater um papo? - Ele se vira para mim e puxa a espada para o seu próprio pescoço, sério.
-Eu não tolero injustiça. Se quer sair desse lugar, se vire para achar essa tal coração. Não mate inocentes. Isso é covardia. - Ele me empurra até a pilastra e joga a espada para longe. Suas duas mãos estava pouco acima do meu cabelo, encostadas na pilastra.
-Você não sabe de nada. - Ele diz sem joguinhos, sem piada, ele diz porquê era a verdade. Eu não sei de nada. - Eu preciso sair daqui e eu não matei ninguém.
-Matou... eu estive lá. - Meu coração acelera e eu fico ofegante, ele se afasta ao perceber e encara o chão. Então, consegui olhar para o seu rosto, finalmente, percebendo que seus olhos estavam, agora, azuis como o oceano.
-Não é bem como você acha que é. Mas você não precisa saber disso. - Ele andar em direção da porta e eu entro em sua frente.
-Eu quero saber. Não seja egoísta. - Ele perde a paciência que ela já não tinha e me puxa pelo braço, me joga em sua cama e senta ao meu lado.
-Era uma vez um Deus, ele teve dois filhos, irmãos que se odiavam,ambos tinham funções opostas e missões contrárias. Eles tinham ordens, e uma delas era, de forma alguma, descer do Olimpo, que era a morada deles, para a Terra. A morada dos mortais. Mas eles não sabiam disso. Um era inteligente o suficiente e sabia que obedecer as regras de seu pai era o melhor a se fazer. Mas o outro era curioso e quis conhecer o que era esse lugar que seu pai e os Esperis tanto o falavam. Então, em sigilo, ele foi á essa tal terra mágica que de magia não tinha nada. Ele se encantou com cada criatura que conheceu, noturnos ou não, ele viu beleza até mesmo nos seres mais ridículos. Para não perceberem que ele havia ido ao lugar proibido, ele saia escondido a partir do nascimento da lua. E nesse período de conhecimento, seu irmão soube de suas fugas. ele contou para seu pai, e ambos fizeram algo secretamente, criaram uma alma semelhante ao curioso, destinada á ele. Foi feita no Olimpo e desceu a Terra sob as ordens do Deus, feita para encantar o pobre sonhador. Ele então, se apaixonou pela mulher. Eles eram perfeitos um para o outro. Mas ela foi tirada dele, tirada pelo Deus. Ele se revoltou. Ele sabia que era um plano de seu irmão e de seu pai. A jovem morta, iria ser ressuscitada, senão enfrentariam a ira do apaixonado. Deus se recusou, e uma guerra começou. Mas não no Olimpo, na Terra. As criaturas dela eram fissurados no homem louco de amor, então o ajudaram nessa luta. Os mortais eram fáceis de serem manipulados e ficaram opostas a ele. Ele venceu aquela guerra, mas não ganhou a menina. Ela sobreviveu, mas ela não amava ele. Ela amava seu irmão, e na verdade só queria sua morte. Durante essa luta, Deus voltou ao Olimpo, mas seu irmão foi morto pelos noturnos. O que fez Deus o amaldiçoar pelo resto da vida. Ele, após fazer a mulher voltar a vida, contou sobre a morte do outro irmão, a fazendo odiar o apaixonado por completo. Ele tirou-lhe a alma, colocando dentro de outro corpo, outro corpo que ainda iria nascer. O homem foi aprisionado a viver na Terra, preso em um lugar da onde não poderia sair, até que fosse amado de novo pela mesma mulher. Desde então, o filho do Deus conhecido como Zeus, vive a eternidade até encontrar seu único amor, para que possa a fazer o amar outra vez. Você acha ele egoísta, acha? - Ele sacode meu corpo com as mãos em meus braços e os olhos lacrimejantes.
O processo de entender tudo o que estava acontecendo ali, naquele momento, foi tão complexo. Todos que eu conheci me distorceram algo, ou mentiram. Ou não contaram. Ele foi sincero, da forma dele. Eu estava envolvida nisso tudo, envolvida demais. Eu o via como um monstro, um monstro incrivelmente lindo, mas... agora, ele parecia como eu. Vítima da vida por conta de algo que não lhe foi desejado. Isso não era culpa dele.
-Então você é um semi-deus ? Chuto que você é o que foi morto. - Ele me encara com mais raiva, mas parece hesitar em dizer algo. - Ei - Eu seguro em sua mão - Eu posso te ajudar em encontrar sua noiva, mas você tem que me deixar morar aqui, e tem que prometer não matar mais ninguém. - Ele ergueu um pouco sua sobrancelha e sorriu.
-Se contar a alguém, eu juro que lhe darei para as gárgulas te comerem.
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Caçadora - Livro 1
AdventureUma promessa, uma maldição e dois corações... RECOMENDÁVEL PARA MAIORES DE 12 ANOS Autoria completa de B. MORGADE . Livro de Fantasia e Romance PARA OS CONSERVADORES, CONTÉM: Homossexualidade, protagonista feminina que é dona de si, oposição a que...