O que aconteceu?

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Quarta-feira, 18 de dezembro.

Era o último dia de aula de Luiza, estávamos no carro voltando da escola. Luiza se recusava a ficar com qualquer pessoa que não fosse eu ou Camila.
Minha mulher não teve uma melhora sequer, eu estava tentando ser forte por nós duas.

L: Mama, eu acho que a Mila fez côco. Olhei pelo retrovisor e Luiza apertava o nariz se afastando da bebê na cadeirinha.

L: Então eu acho que você vai ter que limpar ela. Parei no sinal. - Não é você a irmã dela?

L: Não mama, a Mila é fedorenta. Soltei um riso e me virei pra trás.

L: Não chame sua irmã assim, ela só precisa de ajuda.

Luiza resmungou alguma coisa e voltou a assistir desenho no meu celular. Mila, esse nome foi escolhido por mim e meus sogros. Ela dormia tranquilamente, usava um macacão creme com ursinhos rosa, tinha uma faixa rosa na cabeça e meias da mesma cor.
Mila era a cópia fiel da mãe. Seus grandes olhos castanhos, sua agitação e até seu sorriso banguelo me lembrava ela. Eu sentia tanta falta de Camila que nem saberia explicar.
Todos pensavam que eu já estava bem, ou melhor. Mas..não, eu só precisava ser forte e cuidar das meninas. Aprendi a trocar frauda na marra, a dar mamadeira, banho e ficar acordada durante toda madrugada andando de um lado para o outro com um neném no colo.
Claro que eu estava aproveitando aquela fase, era minha filha também. Mas eu queria ter minha mulher ali comigo, aproveitando e curtindo nossas meninas.

Ouvi um grunhido e sabia que Mila já ia começar a berrar de um jeito que ninguém consegue parar. Dirigi o mais rápido possível até em casa, deixei o carro na porta, desci e fui até o banco de trás, tirar as duas das cadeirinhas. Luiza saiu correndo e entrou em casa. Peguei a neném do colo, ainda com medo e entrei como tivesse pisando em ovos.

XXX

18:30

Luiza dormia no sofá, enrolada no seu paninho preferido. Mila estava no carrinho olhando pra mim enquanto eu cozinhava. De vez em quando ela dava uns gritos que me arrancavam gargalhadas. 

L: Mama?. Pulei de susto ao ouvir sua voz. - Desculpa, não queria assustar a senhora. Acariciou a mão da irmã que logo começou a bater as pernas.

Ela amava brincar com a Luiza

L: Oie meu amor, tudo bem. Sorri. - Só não vi que estava acordada, está com fome? A mamãe está faze...

L: Eu sonhei com a mamãe. Vi seus olhos brilharem e uma lágrima escorreu na sua bochecha.

Limpei minhas mãos no pano de prato e senti o corpo da minha filha contra o meu. Agarrei sua cintura e levei minhas mãos até seu cabelo, fazendo um cafuné ali. Senti seu peito pulsar, ela abafava o choro no meu peito. Aquilo doía tanto.

L: Você quer me contar o sonho?. Sentei na cadeira e ela sentou no meu colo.

L: Nós estávamos no natal, trocando muitos presentes e a mama estava muito feliz. Sorriu fraco ao lembrar. - Eu sinto falta dela.

L: Eu também filha, eu também.

Eram assim todas as noites. Luiza chorava antes de dormir, por costume de ter a Camila lhe colocando na cama. Muitas vezes eu ficava balançando ela no colo e a bebê no carrinho, até elas dormirem.
Luiza estava sendo uma criança muito compreensiva, ela me ajudava com as tarefas de casa, até aprendeu a arrumar sua cama sozinha. Ela brincava com a irmã quando eu estava fazendo algo relacionado ao trabalho ou comida. Mas Luiza ainda era uma criança e não conseguia esconder seus sentimentos, eu agradecia tanto por isso.

Childhood Love - Book 2Onde histórias criam vida. Descubra agora