| 02 | ATITUDES ERRADAS

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_Boas garotas - ele começou, sorrindo descaradamente -, escondem grandes segredos.

_Concordo. 

_O que te leva a crer que Dominic esteja certo? - Marian sondou Judith, após aquela resposta mecânica.

A francesa afastou a mecha loira que caía sobre o rosto. Aquela era uma de suas manias que mais me irritavam, mas que de uma forma estranha seduziam diferentes tipos de homens.

_Essa frase quer dizer que não importa o quão santa pareça ser uma mulher, ela sempre irá cometer um pecado. - Judith explicou, os grandes olhos azuis cintilantes, olhando em volta e prestando atenção nos detalhes.

_Isso soa um tanto machista. - por mais que eu tentasse, era impossível esconder o meu desconforto e irritação com aquela brincadeira de fim de tarde. - Uma mulher é livre para fazer as suas próprias escolhas e independentemente de serem certas ou erradas, isso não lhes dá direito de julgá-la.

_Mas não estamos julgando ninguém. - Damien proferiu suave, mas firme. Ele, assim como todos os seus irmãos, era incrivelmente bonito. E apesar de ser o mais velho dentre os quatro, eu poderia afirmar que ele era um dos mais interessantes. Sua personalidade calada e séria lembrava muito a de Dimitri. Eu gostava de pessoas assim, porque elas se pareciam comigo. - É apenas uma opinião.

_Uma opinião fortemente pejorativa! - eu afirmei, olhando diretamente para Dominc em reprovação.

Ele sorriu travesso, deu de ombros e tomou um gole do vinho.

_Você concorda ou não?

_A resposta não é nítida para você?

_Nem tudo é o que parece ser. - Dominic sempre malicioso e escorregadio, tinha olhos de serpente e um ar misterioso. Ele definitivamente não era confiável. - Agora, Lorninha, revele um pensamento em voz alta e veja se alguém concorda com você.

Estávamos reunidos perto da piscina de borda infinita. O sol já havia se posto, mas ainda era muito cedo. Dimitri estava no quarto trabalhando pelo computador, enquanto eu, Judith e seus três irmãos conversávamos sobre coisas adversas e jogávamos um com o outro.

O clima era um pouco frio, por isso eu usava um casaco de lã em cima do maiô. Todos pareciam, entretanto, confortáveis com seus trajes de banho. Estávamos sentados em círculo e apenas Dominc e Marian se encontravam deitados no acolchoado elegante da mansão. Damien estava ao meu lado direito e Judith no esquerdo, o que me deixava tanto quanto desconfortável. E a minha frente, é claro, além de Marian, Dominic sem camisa e sem a menor vergonha na cara.

Eu pensei um pouco antes de dizer qualquer coisa possível. O vinho suave que todos nós estávamos a beber era um dos mais antigos dentre a coleção particular da família de Dimitri e naquele início de noite o álcool possuía um gosto memorável, eu logo saberia o porquê.

_Homens cafajestes não são vítimas de seus sentimentos passados e sim culpados por decepções futuras. - a raiva, o ódio e rancor escorreu entre cada palavra que eu pronunciei.

Houve um breve segundo de análise e de silêncio. Um segundo interminável.

_Isso também equivale às mulheres? - Damien questionou, pensativo.

_Boa pergunta, Dami! - Dominic sorriu, provocativo. - E então, Lorninha, qual a resposta? Estou curioso.

_Sim. As pessoas têm caráter ou não, mas isso não se delimita pelo gênero. - respondi em automático.

_Concordo então. - Marian espreguiçou-se e sorriu em seguida. - O fato de ter sofrido alguma decepção passada não justifica nada.

_É o que venho repetindo a mim mesmo por um longo tempo. - Dominic murmurou, desviando o olhar. Em seus lábios um sorriso, mas ele não era de verdade.

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