Capítulo 1 - Pandora

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 O dia amanhecera agradável. Assim que o sol despontou no céu, Pandora fora fazer a rotineira verificação das suas verduras e hortaliças atrás do pequeno chalé em que reside no meio de uma densa floresta,resguardado por árvores centenárias em um pequeno vale.

 É começo de Primavera e estava ainda à comemorar com a Mãe Terra o Solstício e agradecer por todos os elementos ao seu redor.

 Sentara-se no gramado encostada a um árvore e concentrou-se na brisa fresca que trazia os cheiros da natureza e os sons dos animais que acabaram de despertar. Fechou os olhos e entregou-se no turbilhão de sensações entrando num transe que acarretaria em renovar as suas energias. Após alguns minutos, com suas energias renovadas, ouviu a voz, tão conhecida, com um delicado timbre aos seus ouvidos anunciando que deveria seguir naquele dia para a Vila e que lá saberia a que fora destinada.

 Levantou a saudar a voz agradecendo o chamado.

 Desde sua infância fora instruída a desenvolver seus dons em busca de ajudar o próximo e se defender, pois a "caça ás bruxas" estava cada vez mais forte e a Igreja não via com bons olhos e não media esforços para aniquilar a raça ao qual se sentia ameaçada. Com suas histórias macabras sobre as bruxas, fazendo com que o povo se apavora e denuncia-se qualquer prática considerada pagã, várias mulheres de diferentes idades foram queimadas em praça pública ou enforcadas após sucessivas torturas físicas, psicológicas e a maioria delas nem sequer tinham noção do que era ser bruxa além do que a Igreja pregava; Muitas almas inocentes foram condenadas, muitas com problemas psíquicos confundidas por estarem falando com espíritos e outras poucas por terem sido descobertas ao praticar algo abominável aos olhos do Vaticano. Nada justifica tais atrocidades.

 Anos atrás fora iniciada de fato pelo Mago Áquila, ao qual a acolhera como uma filha, pois era orfã de pai e mãe, filha única e vivia como mendiga próxima as tabernas em busca de migalhas de pão e restos de comida para sobreviver. Desde que fora encontrada, Áquila enxergou um brilho diferente em sua aura, que denotava ter sangue ealma de feiticeira e foi ai que voltou a ter uma família, lar e um amigo. Ele já era velho e até seus últimos dias lhe ensinou coisas preciosas e coisas das quais nunca compartilhara com ninguém, a deixando na responsabilidade de morrer se fosse preciso pelas práticas e modo de vida, além de ter lhe dado dignidade e sabedoria. Fora também como um Pai e desde a sua passagem, dedica-se a todo Solstício celebrar a partida terrena de seu Mestre numa forma de senti-lo próximo em meio a solidão ao qual escolhera.

 Colhe as hortaliças, verduras e algumas frutas de árvores próximas em uma cesta de palha, esta tendo sido confeccionada por ela mesma emmeio a seus treinos de paciência plena anos atrás. Aprendera com seu Mestre e Tutor tudo sobre os seres vivos ao redor e como utilizar da natureza e preservá-la. Além de aprender poções de vários tipos e utilidades, sabia a arte dos elixis, venenos, perfumes e remédios extraídos da própria natureza e assim ajudava a pouca população da região e garantia a sua sobrevivência.

 Calça as únicas sandálias que possui e veste um vestido já surrado pelo tempo, mas muito limpo e com cheiro das ervas que cultiva. O caminho até a Vila é de quase 2 quilômetros, então segue após efetuar um feitiço de miragem, ocultando assim sua humilde moradia de invasores de índole duvidosa. Vai de encontro a sua égua branca, de nome Aura e a leva para a pequena charrete, um dos poucos bens que seu Pai e Mestre deixara. Coloca as cestas em cima da charrete e segue rumo á Vila.

 Seguindo por um caminho próximo a estrada de terra, em meio as flores e árvores, saúda toda a natureza, agradece por mais um dia de vida ,enquanto vez ou outra infla seus pulmões do mais puro e doce ar. Vai conversando sempre com a Aura, pois sabe que a entende. Os pinheiros, carvalhos e várias outros tipos de árvores balançam seus galhos ao sabor do vento, enquanto pássaros variados estão a cantar. O dia clareia cada vez mais, os animais ao redor retornam a sua rotina diária pela sobrevivência e todos os sons ao redor são como música aos seus ouvidos atentos.

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