3 – EU TIVE UM SONHO, VOU TE CONTAR...
“Eu tive um sonho, vou te contar: eu me atirava do oitavo andar. E era preciso
fechar os olhos pra não morrer e não me machucar. É o que devemos fazer, não temos que ter medo. É o que devemos fazer.” - Eu Tive um Sonho, Kid AbelhaJá no carro, a salvos graças a uma intervenção da polícia, a Bia não se aguentou e disse:
- Puxa, jamais imaginei que conheceria meus ídolos dessa forma, tendo que segurar outras fãs como eu pelo colarinho, enquanto vocês corriam para o carro.
- Sem contar a hora que elas começaram a chacoalhar o carro e ele quase virou em cima de várias delas. Não iam sair muitas pessoas inteiras, se isso ocorresse. – complementou Gabriel.
- Nossa, essa história toda me esgotou. Vou fechar meus olhos um pouco e brincar de fingir que estou cochilando. – disse Cadú, que não convenceu ninguém com esse papo de fingir de cochilar.
- Ei, vocês já se deram ao trabalho de se apresentarem à Bia e agradecerem ao irmão dela por tirá-los dessa enrascada?
- Oi, Bia! Obrigada, irmão da Bia! – isso foi a única coisa que cada um deles se deu ao trabalho de dizer, com exceção do Cadú, cujo fingimento de cochilo se transformou em realidade. Coitada da Bia. Parecia tão empolgada com a nossa chegada e nem um “seja bem vinda” recebeu deles. Olhei para ela e disse:
- Belos ídolos você tem, hãn?!
O dia em si foi tão cansativo, entre a viagem e a confusão no Cassino, que assim que deitei naquela cama macia da minha suíte, apaguei. Só acordei no fim da madrugada, sentindo a presença de mais uma pessoa na cama. Eu ainda estava tão cansada que parecia que meus cílios estavam colados com Super Bonder, e como provavelmente seria um dos meninos que me chacoalharia pedindo ajuda para alguma coisa que ele pode fazer por si próprio - mas não quer – ou a Bia me trazendo um Café Duplo com Leite, resolvi ficar do jeito que eu estava. Do nada, meu pé direito virou alvo de uma massagem deliciosa.
– Que delícia – eu sussurrei. A massagem estava tão boa que deveria até ser um crime parar de fazer em menos de cinco minutos. Mas esse crime não foi cometido, com certeza. Após outros incontáveis minutos, as mãos se dirigiram para meu outro pé. – Nossa, seja quem for, você está me fazendo uma pessoa muito feliz, nesse momento – eu disse preguiçosamente, mas acabei me arrependendo de ter dito, pois ao ouvir aquilo, o dono (eu realmente queria que fosse o dono, e não a dona) do mágico par de mãos largou meu pé esquerdo e se desvencilhou. Quase chorei de frustração, mas seria uma cena totalmente patética. Eu realmente deveria fazer as contas na minha tabela periódica para checar se estava de TPM, pois tudo estava tão... intenso. E então senti as mãos mágicas nas minhas costas. Eu estava usando uma camisola bem curta, que tem um decote gigantesco nas costas, de forma que elas ficavam inteiramente expostas. O carinho estava sendo feito exatamente do jeito que eu gosto, com as pontas dos dedos, amaciando o contato e me arrepiando toda. Nossa, eu estava no céu e não sabia. Os dedos começaram a percorrer a minha nuca, e então, do nada, desapareceram novamente.
– Ah, não! – eu reclamei chorosamente, mas as mãos mágicas ganharam vida novamente. Na minha panturrilha. E um pouco mais pra cima. E um pouco mais. E mais. E então eu gelei. E se fosse um bandido, ou algum funcionário tarado do hotel, ou, o pior de tudo: uma mulher? Não que eu seja preconceituosa ou algo do tipo, pelo contrário, no mundo do rock isso até que é comum, mas como já devo ter deixado claro antes, eu não sou uma garota comum. Em trê segundos eu saí da posição de bruços e fiquei de barriga pra cima, puxando meu edredom até o queixo. Mas por mais que eu me esforçasse, meus olhos não se descolavam. Eu simplesmente não conseguia enxergar. Tentei abri-los com minhas mãos, mas então ele me disse:
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Rock & Pie - Sexo, Amor e Rock and Roll (DEGUSTAÇÃO)
Romance"VIVIANNE SANTINNI SE CONSIDERA UMA GAROTA DE SORTE. ALÉM DE ELA TER SIDO ESCOLHIDA PARA SUBSTITUIR O BAIXISTA DA BANDA ROCK & PIE, QUE JÁ É RELATIVAMENTE CONHECIDA EM SUA CIDADE NATAL, ELA AINDA GANHA A OPORTUNIDADE DE DIVIDIR OS VOCAIS DA BANDA. E...