Capítulo 5: Descansar.

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— Ele precisa saber, Senhora Stevenstein. O garoto está aflito e com dificuldades para comer e dormir! Ele precisa saber o que foi tudo aquilo e por que o pai simplesmente pediu como seu último pedido sua viagem para a Ásia. Ele também sente a falta de Francis. — Gerald alertava Pam pegando nos seus ombros e levantando sua cabeça. 

— Eu sei, Gerald. Eu só não sei se consigo... É uma coisa muito forte para mim.

— Senhora Pamela, este é seu trabalho como figura materna! Seja forte por ele, se não conseguir por ti! Ele precisa saber da verdade, não se pode viver com uma ilusão de que ele simplesmente vai voltar e criar ele. Temos que começar a lidar com isso! 

Robert estava amedrontado com a situação que ocorreu dias atrás, após o hospital ele soube que seu pai havia viajado para a Ásia e agora, no terceiro dia, estava a retornar. Parte da energia de Robert havia sido drenada com toda aquela energia negativa que emanava daquele evento. Nem mesmo as visitas de David podia lhe animar, na verdade, o piorava um pouco. O jeito mesquinho e um pouco babaca de seu amigo não era suportável naquele momento tão frágil.

Robert sonhava com seu pai quando conseguia dormir, sonhava que brincava com ele. Onde ele era o monstro indomável e o pequeno tinha que o impedir. Brincavam na imensidão do jardim, seu pai se escondia entre as plantas e sempre o pegava de surpresa, Robert nunca ganhou uma dessa brincadeira. O garoto estava ansioso, sabia que seu pai voltaria hoje e tudo voltaria ao normal sem nem necessitar de explicações. Nisso ele se apegava. As imaginações cessam ao abrir da porta, a luz dói ao bater em seus olhos já acostumados com a escuridão. Era Pam, sua mãe.

— Oi mãe! Notícias de papai?

— Bem, na verdade sim. Podem não ser o que espera...

— Ahhh, ele só vai voltar amanhã, né? Eu sabia por que já está muito tarde e... — Robert é interrompido pela sua mãe.

— Filho, deixa eu sentar do seu lado? — Ele consente com sua cabeça e ela o faz. —Então, o seu pai está bastante doentinho, entende? Ele viajou pois tem negócios não resolvidos lá. E sim! ele vai voltar hoje, ele já está no táxi para cá. Só que... Ele está MUITO doentinho, do tipo que... — Ela suspira e esconde os olhos lacrimejados. — Que em um momento ele dorme para sempre... Seu papai logo em algumas semanas vai ficar com o papai do céu, filho. 

Robert chorava baixinho, quase em silêncio. Era esperto o suficiente para saber o que aquilo significava. A ficha ainda não havia caído, nunca mais ver seu pai? Crescer sem aquele homem brincalhão que ele amava tanto? Inconcebível. Robert abraçou sua mãe com todas as forças, molhando o pijama que ela utilizava. Logo a criança não aguentou e foi aos prantos, a mãe se solidarizou, chorando também.

— Não quero que ele vá, mamãe!

— Ninguém quer, meu querido... Mas foi o que papai do céu escolheu, ele quer a companhia dele!

— Papai do céu não pode me tirar o papai! Não é justo!

— Venha cá, meu anjo. — Ela abraça ainda mais forte o pequeno, ela sentia a dor do garoto quando ele repousava a cabeça nela. Ela acalmava o garoto passando os dedos por aquelas mechas castanhas. Ela lentamente o colocava para dormir, até que o garoto não resistiu aos encantos e dormiu. Meia hora depois seu marido chega, em um táxi simples carregando algumas malas. Ele dá uma gorjeta de mil dólares e adentra sua casa. Depois de cumprimentar sua amada calorosamente e seu mordomo amigavelmente, ele vai checar seu filho. Ao notar que o mesmo dormia, o observou com afeto.

— Ele é lindo, não é? — Perguntou Francis a sua amada.

— Puxou a você. E está destruído... Eu não sei se ele vai ficar triste ou feliz quando te ver... — Ela falava, em baixo tom.

Arcano - Descobrindo o místico.Onde histórias criam vida. Descubra agora