Capítulo 12: O Vale Escondido.

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O pouso foi tranquilo, havia apenas um hangar repleto de engenhocas e ferrarias antigas, mas com espaço para guardar um pequeno avião

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O pouso foi tranquilo, havia apenas um hangar repleto de engenhocas e ferrarias antigas, mas com espaço para guardar um pequeno avião. Robert e Manuel prosseguiram para a tal vila em uma pickup, levantando areia e poeira por onde passava. Era um clima frio, Robert sentia sua respiração ofegante, resultado do ar rarefeito. 

— Olha, depois que eu te deixar na vila, voltarei pro hangar. Tenho mantimentos pra uma semana e é isso que eu vou ficar. Se você quiser voltar antes disso, você me contacta através desse comunicador. — Ele entrega um tipo de rádio, com um microfone implantado. — É conectado diretamente ao satélite. Se passar de uma semana e tu não voltar, eu volto, entendido?

— Tudo bem... — Robert respondeu, ainda encarando os horizontes longínquos. A vila depois de alguns minutos já começava a aparecer, era pequena, mas maior do que Robert pensava. De longe já era possível ver os habitantes de lá, as mulheres carregando cestas na cabeça e alguns vigias, observando quem chega. Manuel deixa o carro carregando as malas e sua mochila. Estava por si só. E nem ao menos sabia falar o idioma tibetano, não seria nem um pouco fácil.

Robert notou os olhares de curiosidade. Alguém diferente adentrando a vila cheio de trapos e mochilas. Os habitantes fixaram seus olhos, alguns se sentiam ameaçados, cerrando os punhos enquanto o mesmo passava. Robert adentrou no que parecia ser um casebre, cheio de prostitutas com os seios de fora e se oferecendo para os homens do local. Ele então tentou se comunicar com o homem que gerenciava o bar local. 

— Ajuda. Ajuda. — Ele gesticulava em uma frustrada maneira de tentar fazer o homem entender. O mesmo respondia no idioma tibetano, uma língua que Robert não tinha um pingo de conhecimento.

—  Fodeu... Água, água! —  Ele gesticulou a ação de uma pessoa bebendo água através de um copo, e foi entendido. Ele recebeu um copo de água, e o bebeu em algumas goladas. Enquanto Robert pensava em uma maneira de gesticular um clã, o homem começou a falar com ele naquele idioma. Robert negava com a cabeça, não sabendo o responder. Até que então, um homem encostado em um canto do local responde o barista. Robert não entendia nada.

—  Ele tá achando que você vai trabalhar pra ele. — O homem falou, se aproximando de Robert. Era alguém jovem, de cabelos ébanos que caíam até o início dos ombros e seus olhos puxados. Em volta de vinte a vinte cincos anos. —  Estava achando que você queria ser uma prostituta.

—  Finalmente alguém fala minha língua, obrigado... E o que você falou pra ele?

—  Que você era apenas um burro inocente. 

—  Ei...

—  Jamyang, prazer.

— Robert. — Ele cumprimenta o homem. — Você precisa me ajudar, eu pago.

— Eu não preciso nada. — O homem respondeu, curto e grosso. — Eu sei pra onde você está indo, e dinheiro lá não vale de nada. 

— Como sabe pra onde eu vou? 

— Por qual outro motivo um ricasso ocidental viria aqui no meio do nada com nada além de suas malas? Pra procurar ajuda mística. Claro. — Convencido, dizia. Errado não estava.

— Então existe um clã aqui...

— Clã não, é uma seita. E sim... Existe. A vila toda conhece eles. 

— Eles moram por aqui? — Robert entusiasmou-se.

— É claro que não! Na verdade moram um tanto distante. Sou eu quem levo toda semana um carregamento de comida para lá. 

— Por favor! Me leve para lá!

— Não, não posso. Eles gostam de sigilo, imagine levar um americano lá! 

— Por favor, Jamyang! Eu imploro, eu tenho muitas perguntas para eles! 

— Já disse que não. Não insista.

— Se você convive com eles, tenho certeza que conhece isso! — Ele checa a mala e dela retira o amuleto esmeralda, o homem parece reconhecer. — Preciso saber o que é isso, por favor!

— Você me cansa, sabia? — Ele esfregou os olhos como forma de cansaço. — Vamos até lá. Só que a pé! 

Robert não acredita mas sabe que não tem escolhas, ele aceita. A peregrinação começa num instante. O cenário era feito majoritariamente de planícies esmeraldas e montanhas gélidas, rodeando todo o local, não existia muitas árvores, ao fundo, alguns bovinos felpudos pastam enquanto Robert andava até o local, sentia alguns pingos de água gelada bater em seu rosto e molhar ambas barba e cabelo. Presságio de chuva. 

— Então... Quanto falta? — Robert dizia, ofegante.

— Muito. — Foi só o que o homem respondeu.

— Você não facilita, huh? 

— Você que aceitou vir, amigão. Não reclame.

— Sim mas...

— Vamos só continuar, quanto mais falamos, menos andamos. — O homem nota que Robert esfregava seus braços para se aquecer. — Esfregue o tórax, os braços se aquecem sozinhos. 

— Ah! Obrigado.

A viagem então perdurou por algumas horas a fio. A chuva acabou virando neve e até parou. A viagem muda no momento que eles chegam na encosta de uma montanha. Havia uma espécie de rachadura entre as pedras dela. Robert não entendeu bem o que era tudo aquilo, apenas acompanhou o homem. Ele sentiu medo de ser uma emboscada, tudo batia. Um lugar inóspito, numa fenda, no escuro e sem sinal. Ele fechou os punhos e se preparou pra tudo enquanto seguia os homens, seu coração pulsava demasiado quando ele ficou boquiaberto. A fenda então se abriu, e se revelou um tipo de vale desconhecido, escondido por dentro de uma montanha.

Lá ele viu grandes árvores, o barulho da água caindo vinha de uma cachoeira no local, o lago que se formava viviam carpas enormes. E no centro, iluminando por uma luz que vinha do céu, existia uma grande pagoda, belíssima e intocada.

 E no centro, iluminando por uma luz que vinha do céu, existia uma grande pagoda, belíssima e intocada

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— Então é aqui que estão minhas respostas... —Ele sussurrou consigo mesmo, respirou fundo e prosseguiu, descendo as escadas de pedra.

— Então, é aqui. Lhe seguirei até a porta. 

— Certo, obrigado, Jamyang!

O homem consente com a cabeça, e ambos seguem. Passando pela pequena ponte acima do lago e finalmente subindo as escadas da pagoda. Ao abrir as grandes portas, ele vê um homem sentado no fundo da sala, em uma cadeira. Zen e meditativo. O homem abre os olhos e diz, calmamente:

— Bem vindo, Robert. 

— O que? Como sabe meu nome? — Robert se assusta e olha para Jamyang, nesse momento, o homem parece brilhar e tirar um véu dourado de si, se revelando ser aquele idoso que esteve em sua loja. Aquilo explode a mente de Robert.

— Estávamos esperando você...





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