NAORI VIII - UM MUNDO COBERTO DE PENAS

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Agora que se sentia mais forte como Demonica, mais capaz¸ mais poderosa¸ Naori também se sentia mais amedrontada. Sua pele escurecera e veias que pareciam fluir lava surgiram, seu cabelo cresceu e agora podia ver como eles eram rubros. Garras nos seus pés dificultavam seus movimentos e a rapidez que adquirira subitamente piorou a situação. Resultado: caiu no chão assim que tentou dar o primeiro passo. As asas de penas da cor da terra também eram um novo peso nas costas, bem como os chifres na cabeça. Ela pensou seriamente em pedir para Frelyl desfazer a transformação, mas ao ver como Aukana gostara daquilo até mais que ela mesma, desistiu.

"É a única forma que tens para permanecer na Corte", o Diabla explicou.

"Valerá a pena quando acostumar-te", Aukana estendeu a mão para que levantasse. Ela aceitou a ajuda contente em ser poupada do esforço.

Em verdade, após instantes, o peso extra passou a ser irrelevante. A nova força que tinha pôs tudo em pé de igualdade e Naori conseguiu ao menos permanecer de pé. Era só questão de tempo até conseguir andar.

"Infelizmente, ao contrário de vós, não tenho tempo para testemunhar o primeiro dia de Naori como Demonica, então, com vossa permissão...", Frelyl deu as costas a eles e saiu andando.

"Obrigada!", Naori gritou e o Diabla virou-se novamente. Após poucos segundos fitando-a, ele sorriu e tornou sua caminhada.

"Agora podes conhecer a real Grande Corte do Sul", Aukana anunciou.

"Já não estamos nela?", a garota perguntou enquanto usava os ombros dele para se apoiar.

"Esta é apenas a entrada. A Grande Corte fica do outro lado do corredor."

Quanto mais se aproximava do destino, mais ansiosa a humana camuflada ficava. Como seria a Corte de Frelyl? Os seres mágicos dali seriam benevolentes ou petulantes? Será que alguém descobriria? E se isso acontecesse, o que eles fariam? Seu coração batia mais e mais depressa até que brilho intenso cegou seus olhos. Quando os abriu de novo, não conseguia acreditar no que via.

Na encosta de um morro, uma vila maior que a sua estava em polvorosa. Casas brancas, ruas cheias de seres mágicos e no centro disso tudo uma grande fonte de água em frente a uma casa maior ainda. Tudo era branco, menos as plantas multicoloridas. Em verdade, Naori não conseguia encontrar palavras para descrever a Grande Corte.

"Como um dia irás conhecer tudo isso como a palma de tua mão, acredito que seja melhor mostrar os locais menos conhecidos primeiro. Venha, vamos!", Aukana segurou sua mão e a levou voando pelos céus.

"Aukana, deixe-me usar minhas asas!", a garota pediu.

"Como desejar!", ele sorriu e a soltou. O vento em suas costas e a velocidade lhe desesperavam, e logo ela estava caindo, caindo e fechou os olhos. Como a dor demorou demais a chegar, abriu-os novamente. Estava parada no ar. Suas asas batiam sozinhas.

"A...A...Aukana... Eu e-tou... vo..."

"Voando, Mao'rri!"

"Eu estou voando!", ela gritou. Gargalhou, a situação ganhara surpreendente comicidade. Ria do ar, ria da força que atraía as coisas para o chão, ria do mundo propriamente dito. Ria das regras que diziam que humanos não podiam voar, ela estava voando, não é mesmo? Bateu suas asas mais forte e subiu um pouco, logo estava se acostumando com aquilo.

"Consegues me acompanhar?", o Aspecto da Alegria lançou o desafio.

"Acho que sim"

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