O lamento de Naruto

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Infelizmente, o que era para demorar apenas alguns minutos, durou a noite toda e eu peguei no sono mais uma vez no quarto da Hina. Ou seja, pela manhã, quando percebo a burrada que cometi apagando com Hinata em meus braços, tomo coragem; e, novamente, com muito cuidado para não acordá-la, saio na ponta dos pés. Só o que não imaginava era encontrar meu pai esperando por mim na porta do quarto.

— Vem cá, mocinho. – ele me pega pela orelha e me arrasta para longe dali.

— Ai, ai... Tá doendo! – resmungo sentindo minha orelha formigar.

— Não conversamos sobre isso? – meu pai questiona em seu tom autoritário.

— Sim, mas eu só fui ver como Hina estava. – me defendo alisando a orelha ardida.

— A noite toda? – rebate incrédulo.

— Cai no sono!

— Naruto! – Minato exclama sério. – Se Hiashi descobre isso, capaz de não deixar mais Hinata te ver, é isso o que você quer? Ficar longe dela?

— Hina tem medo de dormir sozinha, na casa dela ela tem Hanabi, aqui ela tem a mim. – respondo mesmo sabendo que deveria ficar calado.

Pois meu pai tem razão.

— Então está decidido, Hinata não dorme mais aqui.

— PAI! – retruco inconformado.

— Hoje daremos um jeito de levá-la para a casa dela. – ele faz menção de se virar. – Ah, essa conversa não acabou. Outra coisa, sua mãe ficará sabendo da sua excursão noturna ao quarto de Hinata.

Droga, droga. Mil vezes droga!

Vou para o meu quarto batendo o pé e me jogo na cama. Depois de algum tempo, sinto curiosidade de espiar meus pais e tento achá-los pela casa, encontrando-os na pequena biblioteca que temos. Os dois parecem conversar:

— Não vai ser possível separá-los, eu vi nos olhos de Naruto, ele realmente gosta da Hinata. - ouço meu pai argumentar.

— Mas os dois são muito novos, Hiashi não vai permitir um relacionamento entre eles. Hina tem somente quinze anos. - minha mãe pondera parecendo preocupada.

— Do que adiantaria proibir? O mais sensato a se fazer nesse caso, é supervisionar o relacionamento deles. - ele protesta, sensatamente.

— Acho melhor expormos tudo isso pessoalmente, antes que vire uma bola de neve. - minha mãe revida.

— Tem razão. - meu pai concorda.

Ouço movimentação lá dentro e disparo pela casa, para que eles não me vejam, meu coração bate forte conta o peito só de pensar na possibilidade de Hiashi me proibir de ver Hinata. Depois de todos esses anos sendo grudado com ela, ele não seria capaz de fazer isso por mero capricho, seria?

Não posso nem pensar nessa hipótese!

(...)

Mais tarde, no mesmo dia, quando a neve finalmente cede um pouco, Hinata retorna para sua casa deixando um vazio gigante dentro de mim. Já tinha me acostumado a tê-la por perto e vê-la todo dia pela manhã. Pior do que isso, foi o fato de que eu nem pude me despedir como gostaria, só pude lhe dar um beijo rápido na bochecha, enquanto meus pais observavam toda a cena. Me senti tão invadido! Além disso, a conversa que ouvi pela manhã não sai da minha cabeça, tomara que as aulas voltem logo, para que eu possa pelo menos vê-la na escola. Hiashi-san não pode me afastar da Hina!

Depois que ela vai embora, eu me enfio no quarto, pensando em tudo o que se passou hoje, por que será que meus pais estavam tão preocupados? Sei que Hiashi-san é um pouco sério e sisudo, mas ele gosta de mim, não gosta? Do contrário não deixaria Hina ficar aqui, além do mais, eles são amigos de muito tempo. O que de mal poderia ocorrer?

Com tudo isso em mente e já sentindo saudades da Hina, acabo adormecendo.

(...)

Acordo horas depois, ouvindo uma discussão acalorada, apuro meus ouvidos e saio do quarto para ouvir melhor. Então fico espiando meus pais conversarem na sala.

— Hiashi é intransigente e egoísta! – Meu pai parece alterado, jamais vejo-o levantar o tom de voz assim.

— Calma, amor. Pense que Hinata é realmente nova, tente entendê-lo. – minha mãe tenta apaziguar a situação.

— Tente explicar isso para o Naruto, você não viu os olhos dele, Kushina. Seu filho está gostando verdadeiramente dessa garota, eles convivem juntos desde criança. A decisão de Hiashi vai quebrar o coração do nosso filho. - meu pai reflete, pesaroso.

— Da Hinata também, você viu o quanto ela esperneou quando o pai comunicou sua decisão. - minha mãe suspira, aflita.

Após ouvir essas palavras, uma sensação horrível me assola e eu me sento na escada, até que meu pai repara em minha presença:

— Sinto muito filho, você não tem mais permissão para ver a Hinata.

— O que? - questiono, me sentindo muito fraco repentinamente.

Meu pai se aproxima de mim e me abraça apertado. Diante disso, eu sinto meu coração começar a sangrar imediatamente. Enquanto muitas lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto.

Amor à segunda vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora