capítulo três

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Noah Urrea

― Você tem um coração que não cabe em você, Noah. ― Lamar murmurou, talvez como uma reclamação. ― E se isso meter a gente em problema, eu vou fazer o sonso e anunciar sua saída da banda antes mesmo de você saber.

Ele dirigia e eu estava no banco do carona, depois da ligação de Any, eu me desesperei um pouco e Lamar tentou entender a situação o máximo possível. Eu dei a localização e ele apenas estava me levando até lá.

Eu sabia que tinha algo errado com aquelas duas e eu sabia que estaria envolvido em pouco tempo. Apesar de não ter acreditado que ela realmente fosse me procurar.

― Ali! Ali, no ponto de ônibus. Para ali. ― Espalmo a mão no vidro embaçado, fazendo o mais velho bufar antes diminui a velocidade e encontar o carro.

Parecia que estava caindo o céu do lado de fora. Any segurando a criança em seus braços de forma mais protetora possível partiu meu coração de todas as formas possíveis.

Pego as cobertas que havia trazido de casa, abrindo a porta e me apressando para não me molhar.

― Eu disse que ia ser rápido, certo? ― Murmuro, desdobrando o tecido grosso e envolvendo a mais nova ali. ― Tudo bem, vamos.

Any teve certeza que Maya estava bem e aquecida entre seus braços antes de se levantar e me acompanhar até o carro. Tiro a mochila pesada de suas costas com maior delicadeza que podia, a colocando no banco da frente quando entro ao lado da morena.

― Você 'ta bem? ― Questiono, tirando os fios de cabelo grudados em sua testa e os colocando para trás de seus ombros. ― Vocês, quis dizer.

―Uhum. Obrigada, sério, mesmo.

Ela pareceu constrangida o caminho todo. Não trocou muitas palavras, passou o caminho todo brincando com a mãozinha de sua filha.

Aquilo me apavorou de primeira. Any, com certeza, não tem mais de dezessete anos, é uma criança carregando outra. Me incomoda que ela pareça não ter ninguém e me incomoda senti-la tão fria. Ela podia estar vivendo como uma adolescente normal agora. Eu estava um tanto preocupado com como tenha sido até agora, se ela tinha alguém 'pra acompanhar a gravidez e se tinha alguém ao seu lado durante o parto e se as primeiras semanas como mãe tinha alguém para ajudá-la. Eu precisava saber disso.

A chuva continuava a mesma quando o Lamar parou em frente a nossa casa. Josh estava na porta, talvez curioso.

Já dentro de casa, guio Gabrielly até o sofá e deixo que ela se sinta confortável ali, alegando que ia na cozinha buscar água.

― Noah. ― Josh murmura ao se encostar no batente da porta, me observando tirar o copo de vidro do armário. ― Aquela criança. ― Começa, cruzando os braços na frente do peito. ― É sua? Quer dizer, você é o pai dela, ou...

― Quê? Josh, não! ― Digo confuso, tirando a garrafa de plástico da geladeira. ― Eu não sou pai, Bro. Eu só... Conheci as duas e decidi que precisava ajudar.

― É que você chegou todo cuidadoso com elas, e, ficou meio desnorteado quando recebeu a ligação, achei que...

― Relaxa. ― Rio fraco, passando pelo mesmo, segurando o copo e a garrafa. ― Você aceita água, Any? ― Questiono assim que a mais nova está no meu campo de visão novamente.

Ela apenas assente, Maya estava mamando agora, pareciam mais confortáveis.

Encho o copo e a entrego. Meu coração se aperta quando a assisto tomar  aquele copo inteiro como se fosse um bem sagrado. Ainda mais quando ela pede mais.

Eu devia agradecer pela água que eu bebo mais vezes.


Guardian angel - Noany Onde histórias criam vida. Descubra agora