capítulo seis

8K 695 228
                                    

Noah Urrea

― E, ela é incrível, mãe. ― Digo para o telefone, puxando a grama do jardim. ― Ela é a pessoa mais forte que eu conheço, e ela passou por tanta coisa. Eu queria poder ter conhecido-a antes.

― Eu acredito que a gente tem a hora certa para aparece na vida das pessoas, querido. ― Seu tom tranquilo e acolhedor me aquece. ― E é importante que você esteja sendo o apoio de alguém. Seu gesto foi lindo.

Eu a contei sobre Any, cada detalhezinho. As coisas que eu percebi, as coisas que a própria me disse, o que ela não disse também. Minha mãe é a pessoa que eu mais confio nesse mundo, e receber o apoio dela numa situação tão delicado, era com certeza meu ponto fraco.

― Obrigado. ― Acho que a minha voz começa a ficar embargada aqui. ― Você consegue acreditar que existem pessoas más a esse ponto, vivendo no mesmo mundo que a gente?

― Consigo, meu amor. ― Sinto seu sorriso daqui. ― Mas me conforta saber que existem pessoas como você. 'Pra todo mal tem uma cura, eu prometo.

Respiro fundo. Sinto meus olhos queimarem e pela primeira vez eu me sinto emotivo com a história de Any, o suficiente para começar a chorar.

― E se não chegar para todo mundo, mãe? Eu agradeço a Deus por estar no caminho da Any e poder ajudar... Mas existem outras meninas na mesma situação, ou pior!

― Infelizmente, a gente não pode ajudar todo mundo, meu amor. ― Diz, sua voz ainda me tranquiliza.

Deixo o silêncio se acomodar por algum tempo. Eu não gostava de chorar, porquê não gostava de admitir que as coisas podiam me atingir. Mas Any me atingiu desde o início e eu não podia evitar.

― Está tudo bem em chorar, Nono. ― Suas palavras parecem ler meus pensamentos. Acabo soluçando. ― Até seu pai chora as vezes.

― Eu te amo tanto, queria que você estivesse aqui sempre, todo dia. ― Suspiro, percebendo que o sol já estava sumindo.

― Bom, nós vamos no natal. ― Lembra. ― Linsey está super animada.

― É, eu também tô. ― Seco meu rosto com a gola da camisa preta que eu vestia, respirando fundo uma última vez antes de me levantar. ― Você podia vir antes.

― Antes quando, Noah? ― Escuto sua risada anasalada. Rio junto.

― Amanhã? ― Tento. ― É que eu queria procurar os pais da Any, e queria levar elas em um médico, sei lá, consulta de rotina, sabe? Tem essa coisa de documentação, e ela precisa estudar também, né? Eu precisava de você. ― Murmuro receoso, abrindo a porta de madeira sem pressa.

― Eu vou tentar, amor. ― Essa era sua voz exata de quando ela estava se rendendo. Ufa. ― Se eu for, porque eu não te prometo nada, eu chego a tarde, tudo bem? Preciso ir agora.

― Ok. Obrigado, eu te amo tanto. ― Sorrio. ― Tchau, até amanhã.

Guardian angel - Noany Onde histórias criam vida. Descubra agora