"Não feche os olhos..."
Na sua opinião, essa era uma ordem bem estúpida, considerando que os seus olhos não estavam nem abertos, para começo de conversa. Você até tentou piscar, mas você não conseguia. Você não conseguia se mover, não conseguia fazer nada a não ser pensar no quanto tudo doía. Você não sentia como se estivesse no controle do seu corpo. Era como se você estivesse flutuando em cima dele, algo entre acordado e dormindo, vivo e morto.
Seu ombro estava queimando e a sua perna também, e você queria chorar, mas você não podia. Você não conseguia.
"Fica comigo," uma voz feminina e desconhecia pediu de algum lugar em cima de você.
Você estava deitado em algo mais macio do que o chão, mas mais duro do que qualquer colchão que você teria na sua casa, e a dona da voz estava segurando seus ombros, te mantendo preso enquanto outras mãos se concentravam nos seus ferimentos.
"Você está ouvindo?" ela perguntou. Tudo que você pôde fazer era soltar uns grunhidos que nem chegavam perto de parecer com palavras de verdade. Sua cabeça caiu pro lado. "Não, não, fica comigo. Não feche os olhos. Isso é uma ordem, soldado."
Meus olhos já estão fechados, você pensou. Eu acho que eles estão costurados juntos, para ser sincero.
É claro, você não conseguiu falar nada em voz alta.
"Abre os olhos."
Mais mãos foram pressionadas contra você, gritos enchendo o ar.
"Rápido, eu preciso de uma gaze..."
"É tanto sangue..."
"O que?!" Uma das mãos se distanciou. "Pelo amor de Deus, quem deixou a criança ver isso?"
"Eu não sei, Poppy!" a primeira voz exclamou, soando um pouco irritada e te apertando com mais força.
Você estava morrendo. Você tinha certeza disso. Soltando umas tosses feias e sufocantes, seus olhos se fecharam e você pressionou o lado de trás da sua cabeça no que quer que você estivesse deitado. Deus. Deus. Você estendeu sua mão e agarrou as mangas do vestido da mulher que te segurava, um apelo silencioso por respostas e um modo de parar a dor.
Por favor, faça parar.
"Soldado, respira. Vamos, tente respirar."
Você estava tentando. Você estava tentando, mas você simplesmente não conseguia recuperar seu fôlego. Uma pontada de dor subiu pelo seu braço, te fazendo soltar um grito estrangulado. Uma mão agarrou a sua, dedos longos e calosos entrelaçando firmemente aos seus e os puxando em direção ao peito da pessoa.
"Ok. Respira comigo, ok? Me acompanha?"
Você se sentia tão entorpecido, seu corpo inteiro tão quente e pesado. Apesar das mãos tentando te ajudar, seu braço deslizou para fora do aperto da mulher, batendo contra algo e te trazendo ainda mais dor.
"Soldado, não!"
Você não estava ouvindo mais, porém.
Seus olhos se abriram. Você não esperava por isso.
Sua visão estava tão trêmula e embaçada que você não conseguia ver nada a não ser o teto de madeira em cima da sua cabeça, e respirar parecia o trabalho mais difícil que alguém já tinha te dado. Não ajudava que estivesse escuro, a sala muito pequena em que você se encontrava iluminada apenas por uma vela.
O que?
Tinha...
Tudo aquilo tinha sido apenas um sonho?
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death hours, DRARRY ✔️
FanfictionA história é assim: Os lábios do herói têm gosto de mel e liberdade e cinzas, e as mãos dele são grandes e calorosas onde estão tocando as suas bochechas. Ele tem um sorriso torto na boca e suor caindo por sua testa, e há uma grande gaze empapada de...