A resposta de sua mãe finalmente chegou, e você não conseguia parar de encarar o envelope ainda fechado.
O papel era tão clarinho, tão limpinho. Sem nenhuma marca, sem nenhum amassado. Você não sabia como ele tinha conseguido continuar assim, depois de tudo que deveria ter passado para chegar aqui. Tinha sido entregue no Acampamento, antes de chegar nas suas mãos. Tinha passado por tantos soldados. E, ainda assim, continuava intocado.
A mágica de Narcisa, você imaginava. Ela sempre soube como fazer tudo parecer perfeito e limpo e reluzente, de alguma maneira.
Ela sempre soube como varrer todas as falhas para debaixo do tapete, onde elas podiam ser ignoradas e esquecidas.
Era tão mais fácil daquele jeito.
Você passou as pontas de seu dedo pela cera que mantinha o envelope fechado, quase que com medo de que se você fizesse até a menor das pressões ela iria se quebrar completamente. Era tão dourada. Tão brilhante. Quase parecia que tinha sido feita de ouro de verdade. E talvez tivesse. Seria a cara de seu avô fazer algo assim e...
E você achava que ia começar a gritar, porque havia sangue seco em seu casaco e vômito de um dos pacientes nos seus sapatos, e sujeira no seu rosto e embaixo das suas unhas, e você simplesmente não merecia segurar aquilo com mãos como aquelas.
Você não merecia tocar na mesma coisa que sua mãe tinha tocado, não daquele jeito, não agora que você estava tão quebrado e sujo e marcado pela guerra.
Narcisa não era parte desse mundo.
Você estava se sentindo horrível e, enquanto você passava suas mãos pelos seus olhos, você percebeu que você nem tinha mais certeza que você tinha uma razão de verdade para isso, ou se você só estava tão completamente exausto. Você não sabia qual era a última vez que você dormiu por mais de três horas seguidas.
Você piscou, suspirando. Mal conseguia ler a nome de Narcisa no envelope, não havia como você ser capaz de ler a carta inteira dela.
O que ao menos te dava uma desculpa para a esconder embaixo de seu travesseiro e ignorar seus medos. É. Ótimo, na verdade. Essa era uma ótima desculpa e você iria adorar a usar, sentindo apenas o mínimo de culpa.
Ótima ideia, Draco.
É claro, você só estava pensando isso por causa de todo o sono, mas tanto faz. Não é como se você realmente fosse ir dormir como uma pessoa saudável.
Você ainda tinha mais pacientes para checar.
Você tinha acabado de ver Hermione – ela estava se recuperando bem mais rápido do que você, mais rápido do que você achava que era possível, determinação e força de vontade e teimosia pura a dando forças – e estava voltando para seu quarto para dar uma olhada em Teddy.
Quando você abriu a porta, ele praticamente pulou em cima de você, o que, se fosse literalmente qualquer outra pessoa, teria sido super irritante.
O sorriso dele, porém, era tão grande e brilhante que você simplesmente não conseguia sentir qualquer coisa a não ser interesse e curiosidade sobre o que ele ia falar.
"Eles vão me deixar sair!" o menininho gritou. Você se encolheu um pouco, porque, uau, ele era alto, mas você também tentou sorrir de volta para ele. A expressão era meio estranha em seu rosto, mas o que valia era a intenção.
Atrás de Teddy, você viu Tonks sorrindo para você. Bem como o do filho dela, o rosto da mulher estava brilhando. Você não acha que tinha visto alguém tão honestamente feliz desde que a guerra começou, dez anos atrás, e uma parte de você – uma grande parte – não podia deixar de ficar impressionado: como eles conseguiam manter ter suas almas não esmagadas pelos horrores da guerra?
VOCÊ ESTÁ LENDO
death hours, DRARRY ✔️
Fiksi PenggemarA história é assim: Os lábios do herói têm gosto de mel e liberdade e cinzas, e as mãos dele são grandes e calorosas onde estão tocando as suas bochechas. Ele tem um sorriso torto na boca e suor caindo por sua testa, e há uma grande gaze empapada de...