quatro;

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Você estava enlouquecendo.

Guerra era uma coisa horrível, isso não precisava ser dito. Era se esconder entre escombros e cadáveres de seus companheiros, e se arrastar pelo sangue e terra e balas caídas, escutando os tiros. Sempre os tiros. E as explosões. Esses terríveis sons que nunca paravam, que sempre causavam morte e destruição e mais e mais lutas, ecoando em sua cabeça para sempre e sempre.

Guerra era uma coisa horrível, e ter participado dela era um trauma que te incapacitava a cada segundo do seu dia, mas enquanto você estava a lutando, ao menos você estava fazendo algo.

Não era a glória que seu pai queria, mas ao menos você estava servindo seu país, e cada vez que você apertava o gatilho e um rebelde caia, você podia segurar seu vômito dizendo para si mesmo que tinha salvado a vida de alguém do seu lado, uma vida que, de acordo com tudo que você tinha sido ensinado, valia mais do que a outra.

Cada morte pelas suas mãos, General Riddle dizia, era um passo em direção a paz, e essas eram palavras horríveis, mas era um tipo de horrível em que, se você se esforçasse muito, você encontrava conforto.

É melhor o que o silêncio. Melhor do que ficar deitado naquela cama, enquanto seus colegas morriam. Você nunca se sentiu tão inútil.

Agonia se revirava em seu estômago, fazia uma completa bagunça com as suas entranhas, e só piorava, a cada segundo que você passava descansando. Se eles estão lá fora, você deveria estar também, e se eles estão morrendo, você deveria também.

Você não merece calma mais do que o resto, e enquanto eles continuam lutando, você deveria estar fazendo o mesmo.

Inútil. Tão, tão inútil.

Você sabia que você não seria de nenhuma ajuda, porém. Tanto quanto você tinha se sentido bem nos momentos após socar Harry, agora que você tinha que lidar com as consequências de ter aberto seus pontos, você estava começando a se arrepender.

Você deveria ter planejado mais antes de atacar.

"Tudo bem," Tonks disse delicadamente, pondo uma mão no seu ombro para de ajudar a sentar. "Lembra, você não precisa fazer isso agora..."

"Não," você a cortou. "Eu preciso."

Ela suspirou, te passando a bengala.

"Eu ainda acho que você precisa de mais tempo descansando," afirmou, mesmo sabendo que você não ia ouvir. "Pomfrey concorda."

"Eu preciso acelerar a minha recuperação, isso sim." E você tentou manter um tom forte, mas a sua voz estava baixa demais, porque você estava fraco e desesperado e tão cansado, e você não conseguiu impedir seu pânico e irritação consigo mesmo de aparecer quando você continuou: "Eu tinha conseguido e eu estava andando, mas então eu fiz algo idiota e eu voltei para estaca zero e agora eu tenho que acelerar!"

Patético.

Tonks balançou a cabeça, nem tentando esconder sua pena. "Tudo bem, garoto. Tenta levantar."

Parecia um retrocesso. Você já tinha feito aquilo, e você já tinha conseguido, mas então você piorou tudo. Antes, você tinha tido mais tempo para melhorar. Agora, tudo estava se repetindo, e mais rápido do que antes.

Dessa vez, foi você que suspirou.

Cansado. Mas ainda assim. Você tinha que fazer alguma coisa. Parado como estava, você estava enlouquecendo.

Então você tentou se levantar.

Sua perna protestou, uma onda de dor disparando desde a ponta do dedinho do seu pé até a sua coxa, te fazendo ficar tonto. Sua visão falhou, e quando você olhou para baixo, você fez o erro de mover o seu ombro. Só doeu ainda mais, lágrimas se acumulando em seus olhos. Você xingou na sua cabeça, mandando um olhar cuidadoso para o menino deitado na cama no canto, e então para a mãe dele do seu lado.

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