quatorze;

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último capítulo!





Perder Teddy foi como levar um tiro no meio do seu peito. Saber que você provavelmente iria perder seu avô foi como ser socado na cara. Era horrível, mas não doía tanto.

Você não tinha ideia de como reagir a essa diferença tão intensa. Você não sabia como lidar com a bagunça de sentimentos em seu coração naquele momento. Como lidar com a culpa e a saudade e todo o resto que você nem sabia como nomear. Você chorou no seu travesseiro aquela manhã, silenciosamente como você costumava chorar de volta em casa, escondido, e você fugiu de Harry.

Hoje não era o seu dia de tomar banho, mas quando você saiu da cama, você tentou lavar sua mão e seu rosto você mesmo.

Suas mãos estavam tremendo.

Elas estavam estranhamente dormentes.

Seus pensamentos estavam caindo pelas suas orelhas antes que você pudesse os entender direito, seus sentimentos fugindo de sua mente em alta velocidade, e ainda assim, você sabia. Você sabia que aquela dor era muito, muito menor do que a dor que você tinha sentido quando percebeu que iria perder Teddy.

O medo não era tão presente.

Fazia você se sentir uma merda, mas...

Só era muito difícil se sentir tão mal por Abraxas quanto você se sentia por Teddy, quando um deles era uma pessoa tão boa e inocente, e o outro tão ruim e culpada.



Abraxas estava com seus pais no hospital no dia em que você nasceu. Ele deixou todo o trabalho dele de lado na mesma hora, e ele foi a primeira pessoa a te segurar em toda a sua existência.

Ele não deixou a enfermeira te entregar para sua mãe até depois dele, apesar dos gritos e choro desesperado de Narcisa para te ver.

Bom e ruim.

Quando você era menor, logo depois de Lucius sair de casa para a guerra, você costumava sentir muita saudade e fazer muita pirraça, exigindo poder o ver. Abraxas sempre te pegava e, sem brigar, te levava para passar o dia no escritório dele, sentado no colo dele enquanto ele te mostrava os papeis que estava escrevendo e fingia que você estava o ajudando muito a fazer seu trabalho. Ele nunca te acordava quando você caia no sono ainda em cima dele.

Aqueles papeis que ele te mostrava eram papeis com o dinheiro que vocês tinham recebido vendendo armas que iriam matar outras pessoas, o dinheiro que vocês iriam lucrar com a guerra. A razão para você não ter seu pai consigo é que Abraxas disse que ele precisava ir lutar, para melhorar a imagem dos Malfoys.

Bom e ruim.

Ele te amava. Ele era um ótimo avô para você.

Como uma pessoa, ele era um monstro.

Bons e ruins para todo lado.

Você não sabia o que fazer com eles.



Você recebeu a notícia da morte dele na rádio.

Eles não mencionaram o nome de Abraxas, mas eles falaram sobre a morte de um prefeito de uma cidade sulista que também acontecia de ser responsável por armar mais de quarto quintos do Exército. Quem mais iria ser?

death hours, DRARRY ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora