cinco;

3.2K 476 1.2K
                                    

Quando você dormia, você sonhava.

Era raro. Sono era raro. Havia tanto de Teddy. Tanto de se preocupar com o menino e cuidar dele e o encarar com preocupação, ou apenas ser mantido acordado por ele, pelas suas preocupações, pela dor nas suas pernas e ombro.

Você fechava seus olhos, mas sua mente não desligava e o mundo ao seu redor continuava gritando e te cutucando e te mantendo num constante estado de euforia e terror. Dormir era tão vulnerável, tudo naquele lugar te lembrava disso. Cada parte de seu corpo te lembrava de como você poderia ser atacado se você abaixasse a sua guarda.

De vez em quando, você estava tão exausto que você caia no sono. Nesses momentos, você sonhava. Você desejava estar acordado.

Seu pesadelo era sempre o mesmo – Narcisa estava na sua frente. Ela estava usando um vestido e um sorriso, e seu rosto estava tão delicado quanto sempre, as mãos dela tão suaves e sem calos quanto sempre. Ela tocava a sua bochecha, e ela sorria demais, sorria até as bochechas dela parecerem estar distorcidas. O cabelo dela era tão branco.

Tão intocado.

Seus olhos se encontravam e–

E, de repente, o mundo ao seu redor estava pegando fogo.

Você tentava a fazer andar. Tentava a puxar para algum lugar seguro. Era como se os pés dela fossem feitos de concreto, presos no chão, presos bem em meio ao perigo.

As unhas dela se fincavam mais fundo na sua bochecha.

"Você encontrou glória?" ela perguntava, docemente, sorrindo. "Você encontrou vitória? Quando você vai ganhar essa guerra, querido?"

E, sempre, nesse momento, você pensava eu estou morrendo de medo.

Eu quero que ela me solte agora.

Sempre, na hora que você acaba de pensar isso, um ferimento de bala crescia na cabeça dela. A mão de Narcisa caia pro lado do corpo dela, mas seu sorriso continuava. Ela parecia tão em paz, enquanto o sangue, grosso e quase preto, escorria pela sua testa.

"Querido," ela sempre dizia, "não chore. Isso seria hipócrita, não acha? Eu não sou a única pessoa que você já matou."

E então ela começava a tossir vermelho.

E você acordava.

A culpa era tão grande em seu peito que, na maior parte dos dias, você não conseguia levantar. Você não conseguia se mover e você não conseguia respirar. Por um segundo, viver parecia demais.

Eventualmente, você tinha que fazer exatamente isso. Você tinha que ser útil para alguma coisa, então você se obrigava a sair da cama e segurar suas lágrimas, parar de apertar o colar ao redor do seu pescoço e desejar apenas poder o enrolar com força e puxar até você cair duro e roxo no chão.

Pensamentos como esse não iam te ajudar em nada.

Então você continuava.

Suas mãos, porém – o tremor nelas você não conseguia controlar. Ele nunca parava.



De vez em quando, Teddy não tossia. De vez em quando, ele só ficava deitado, olhando para o teto e respirando devagar demais, encolhido contra si mesmo como se ele quisesse desaparecer.

Havia algo ainda mais preocupante sobre isso.

"Só tente o fazer comer algo," implorou Tonks, no primeiro dia em que ela tinha concordado em o deixar aos seus cuidados.

death hours, DRARRY ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora