Capítulo 1

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*Brooklyn, 25 novembro de 1985*

Era mais um dia comum. As ruas cheias de pessoas consumindo de tudo, comprando mais e mais, sem parar, em parques da cidade tinham crianças correndo e brincando, sorrindo como se no mundo não existisse mal. Os pássaros voando no céu acinzentado pela fumaça das fábricas... Bom, era um dia comum, como todos os outros, isso para as outras pessoas, é claro. Em minha casa o terror tomava conta, eu e a minha mãe não conseguíamos se sentir seguros nem em nossa própria casa, a qualquer momento aqueles homens poderiam aparecer e tentar algo, é claro, nós pagávamos tudo certinho, faltava pouco para terminar de pagar a dívida, depois de 16 longos anos pagando o que o ex-marido da minha mãe deixou para trás. Eles disseram que contanto que ela pagasse o combinado não fariam nada com ela, mas mesmo assim tínhamos medo, e com razão, no grupo não tinha somente traficantes, tinham psicopatas, assassinos, todo tipo de pessoa "ruim".

Naquele dia minha mãe foi para a casa onde trabalhava de faxineira e eu fui para feira trabalhar, ambos entravamos em nossos trabalhos 7:30 da manhã, porém, ela saia duas horas mais cedo que eu. As horas se passaram, o dia correu como qualquer outro, chegou a hora de voltar para casa. No meio do caminho, enquanto andava na rua igual todos os dias, senti que estava sendo vigiado, então resolvi tomar um caminho diferente. Entrei num beco e nisso três homens apareceram e me cercaram, tinha dois à minha frente e um atrás de mim, quando menos esperei tomei um soco perto do olho que me fez cair. Eu não sabia o porquê estava apanhando e isso me fez lembrar da infância. Na escolinha as outras crianças me batiam e tiravam sarro de mim, por eu não ter pai, por minhas roupas serem velhas, por eu ser de uma família pobre. Enquanto caia no chão, naquela fração de segundo, eram tantas lembranças ruins que não consegui reagir. Já deitado eu não conseguia pensar em mais nada. Será que minha mãe está bem? Só vinha em minha mente se minha mãe estava segura, eram tantos golpes consecutivos que nem consegui reagir à agressão. Depois de 15 longos minutos apanhando como nunca tinha apanhado na vida, os homens desapareceram, me deixando à beira da morte, todo machucado eu fui para casa, mal conseguia andar, meu rosto inchado, em meu olho um corte enorme, minhas roupas todas ensanguentadas. Ao chegar em frente de minha casa, vejo que a porta já está aberta, no momento em que entrei na casa tomei um golpe que me fez cair novamente, sem forças para lutar e já no chão vi minha mãe mãe amarrada, seminua e amordaçada, enquanto eu observava a mulher sendo rodeada por um homem desconhecido, outro homem amarrava minhas mãos e pés, colocava a mordaça para que não pudesse gritar e depois de tudo, me prendeu á uma cadeira, sem poder se mexer, nem falar, eu apenas viu tudo o que eles faziam. Os homens passando as suas mãos sujas no corpo de sua mãe. Enquanto isso acontecia, um dos homens disse:

Você deve estar se perguntando por que estamos fazendo isso... E a resposta é simples, vocês estavam indo bem, pagando tudo conforme combinado mas este mês não foi recebido dinheiro algum, eu não estou nem ai se vocês tem que pagar suas contas ou o aluguel desta casa de merda... A senhora deixou de pagar o que tinha de pagar e agora pagará um preço muito maior

Terminando a frase arrancou uma faca de sua bota, eu e minha mãe começamos a chorar, o desespero, o medo e o suspense eram tantos que ela acaba desmaiando, porém, eu estava firme, embora machucado ainda conseguia ver tudo, foi quando o outro homem disse:

Ei cara, que tal a gente se divertir um pouquinho? 

E o outro respondeu:

Eu acho uma ótima ideia...

Naquele momento, eu estava vendo minha mãe que estava desacordada, ser estuprada. Ambos os homens se "divertiram" com ela. E fui obrigado a ver tudo. Depois de violentar sexualmente a mãe do garoto, um dos homens pegou a faca e cortou o pescoço da mulher. Eu, no entanto, estava com a cara coberta de sangue, lágrimas, machucados e tudo o que se poderia imaginar. Mas para mim, nada disso importava mais pois a única pessoa que tinha, que eu amava, foi violentada e assassinada em minha frente, após o ocorrido, tomei um soco no rosto que me fez desmaiar, eu não fazia ideia de quem fosse aqueles homens mas de uma coisa eu estava certo, depois que melhorasse iria atrás de quem fez aquilo, e embora minha mãe tenha pago caro pelo o que deixou de pagar, algo que não cabia a ela pagar, aqueles caras iriam pagar um preço muito mais alto pelo o que fizeram, e isso não era apenas uma vingança, isso se tornou o meu objetivo.

A vingança pode ser algo familiarOnde histórias criam vida. Descubra agora