*Ohio, 8 de dezembro de 1985*
O pai continua dizendo:
Por onde começo? Ah, já sei, tudo começou quando eu soube que sua mãe estava grávida, era a oportunidade perfeita, pois, ela sempre quis ter um filho mas eu nunca concordei, dai, iria vir alguém que ela iria amar mais que a mim, você no caso, eu sabia que independente do que eu pedisse ela iria fazer, porque ela faria de tudo para deixar seu bebê a salvo.
E eu pergunto:
Dai você pediu dinheiro em troca de me deixar vivo?!
E ele fala:
Isso. Que bom que eu tenho um filho esperto, que entende as coisas rapidamente...
O silencio toma conta do lugar, meu coração que estava acelerado, agora estava mais calmo que tudo, os minutos se passavam mas pra mim parecia segundos, era muita coisa para assimilar, eu não sabia o que pensar, eu ia matar meu pai ou ele que iria me matar? A Layla iria ficar segura? O que minha mãe diria se visse essa situação?
Eram inúmeras perguntas que se passava em minha mente, meus sentimentos também estavam misturados, não que eu gostasse dele mas a raiva que fluía em mim, tinha sumido, a coragem, desapareceu e eu já não sabia o que fazer.
Na sala tinham dois capangas e um estava na porta, eu amarrado e jogado no chão, minha faca também caída perto de mim, porém eu não conseguia me mexer.
Foi quando ouvimos uma batida na porta.
O chefe então manda um dos capangas ver o que aconteceu.
O homem abre a porta e não tem nada, apenas uma poça de sangue, o corpo tinha sumido.
Nisso o meu pai diz:
Um de vocês vai examinar o local enquanto o outro fica aqui.
O capanga que estava na porta tenta contrariar dizendo:
Mas chefe, você não acha melhor nós ficarm...
Quando ele vê que o homem hesitou em fazer o que pediu arrancou um resolver da cintura e atirou em sua cabeça, nisso eu suava frio, tinha medo e estava totalmente nervoso, o que aconteceu? quem matou o homem que estava na porta?
Logo depois ele aponta para o outro capanga e diz:
Vai ir contra minhas ordens também?
O homem assustado mais que depressa concorda em fazer o que for e sai da sala.
Ao fechar a porta escutamos outra batida.
Meu pai sem demora se levanta e vai correndo até a porta, ao abrir não vê nada, apenas o corpo do capanga com o pescoço cortado pela metade.
Indignado ele sussurra:
Que inútil... eu deveria ter escolhido melhor que iria ficar do meu lado...
Ele entra e ao se virar enxerga uma pessoa sentada em sua poltrona, era uma mulher e ela fala:
Desculpinha pelos capangas, mas eles eram uns merdas, e senhor, se puder, poderia desamar meu amigo e colocar essa arma no chão, eu não gostaria de atirar em você...
Logo reconheço a voz, era a Layla, como ela conseguiu fazer tudo aquilo, como ela matou aqueles homens e entrou na sala sem nem mesmo eu que estava lá ver, com a voz surpresa eu digo:
Layla? O que ta fazendo aqui?
Ela sorridente diz:
Oras, estou salvando sua pele
Ambos sorrimos mas nesse momento meu pai que estava me desamarrando atira nas pernas da Layla, o que faz ela jogar a arma longe. Naquele momento meu coração parou, minha mente ficou escura, minha respiração fria e minha pele pálida.
Ele então solta uma gargalhada e diz:
EU NÃO ACREDITO, EU NÃO QUERIA MATAR MEU FILHO, MAS AGORA, TEREI QUE MATAR OS DOIS... Mas antes, talvez eu possa me divertir com ela... Igual fizeram com a sua mãe...
Ao terminar de falar ele caminha na direção dela, nessa hora, eu que estava praticamente solto levanto e corro para pegar a arma da Layla, quando pego vejo que era a minha arma, acho que ela caiu quando me capturaram, meu pai só percebe que eu me soltei depois de eu conseguir pegar a arma, sem demora dou dois tiros em suas duas pernas, o que fez ele cair de joelhos e soltar a arma, nisso eu chego mais perto, pego a Layla e aponto a arma pra cabeça do meu pai dizendo:
Sinceramente, você já me fez sofrer demais, acho que chegou a hora da minha vingança...
Olhando ao redor via reportagens sobre assassinatos, tráfico e estupros, todos que o homem que seria meu pai tinha cometido, ele estava sendo acusado por tudo aquilo e nesse momento vejo luzes vindo de fora e uma sirene extremamente alta, era a polícia, a Layla então diz:
Vamos sair pela janela, ali tem um beco.
Eu concordo com a ideia, mas antes de ir atiro nos ombros do meu pai para ele não ter chances de reagir.
Ao sair pela janela, de longe ficamos observando, a polícia na verdade eram os detetives, eles me supervisionavam desde o ocorrido da minha mãe, sabiam tudo sobre mim, o que eu fazia, quando eu fazia, tudo. Entraram no prédio quando ouviram barulho de tiros, vimos algemarem meu pai e dizer parte dos crimes que ele cometeu, aquilo daria uma bela prisão perpétua.
Estava tudo mais tranquilo, meu pai tinha sido preso, de certa forma acho que essa foi a melhor vingança que eu poderia ter pois vocês já devem imaginar o que fazem com estupradores nas cadeias, eu estava junto com a Layla e resolvo perguntar:
Como você matou aqueles homens e entrou lá?
E ela rindo responde:
Eu não menti quando disse que poderia ser uma assassina, só não sabia que você era...
Caímos na gargalhada, ela então olha nos meus olhos e diz:
Charles... Eu acho que...
E eu ansioso digo:
Acha o que?
E ela fala:
Acho que te amo...
Eu com um sorriso de orelha a orelha digo:
Bom, eu também gosto um pouquinho de ti
Ela ri e me da um tapa no ombro.
Eu rio e digo:
É brincadeira... Eu também te amo
Naquele beco escuro, depois de acabar com uma gangue eu sabia que ela era a mulher perfeita, depois disso acontecer escutamos um homem gritar:
EU OS ENCONTREI, ESTÃO NO BECO
Quando ouvimos isso, eu e Layla saímos rápido de lá com minha bicicleta, enquanto pedalava o mais rápido possível, eu pensava que diferente do meu pai, caso eu tivesse um filho eu não iria embora, eu não faria ela sofrer por dinheiro, e não iria fazer coisa alguma que pudesse machuca-la...
Eu estava correndo como nunca da polícia com a garota dos meus sonhos, acho que minha vida não pode ficar melhor...
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A vingança pode ser algo familiar
Misteri / ThrillerA história se passa no Brooklyn em 1969 e em Ohio em 1985. Neste ano nasce o protagonista (Charles Moore), mas no momento em que a sua mãe dá à luz, seu pai desaparece, é logo cogitado que por não querer ser pai, ele pegou suas coisas e foi comprar...