*Ohio, 5 de dezembro de 1985*
Na madrugada de 5 de dezembro, fiquei acordado limpando e arrumando um lugar para esconder o corpo, foi quando resolvi decepar o corpo do homem e carboniza-lo em uma churrasqueira, e assim foi, após tudo resolvido tomei um banho, joguei aquelas roupas fora, e fui dormir, como se nada houvesse acontecido.
Ao acordar escovo os dentes, penteio o cabelo, lavo o rosto e estou decidido a ir falar com Layla. Eu estava um pouco nervoso, pois nunca tinha tentado sair com ninguém, era a primeira vez que ia tentar algo assim.
Chegando na casa de Layla eu aperto a campainha, a avó dela abre a porta e com uma voz um pouco trêmula digo:
Olá Sra. Jhonson, a Layla está?
A velhinha responde:
O meu filho, ela está no banho, mas pode entrar, eu te sirvo um pouco de chá
Eu concordo e entro, enquanto tomava uma xícara do chá feito pela avó espero Layla sair do banho. Foi quando a moça saiu do banheiro, estava envolta em uma toalha azul, a sensação que ela transmitia para ele é como se tudo estivesse em paz e não existisse nenhum problema, e ela pergunta:
O que esse menino ta fazendo aqui?
E a avó responde:
Ora minha filha, ele veio te ver...
Ela parecia estar surpresa e disse que iria colocar uma roupa e quando terminasse era pra ele subir para o quarto dela, neste momento fiquei mais nervoso do que estava, mas alguns minutos depois eu subo e todo enrolado, mas sem demora começa a dizer:
Então, é que... Eu queria... Sei lá... Te convidar para sa...
Antes de terminar a frase Layla coloca seus braços em volta do meu pescoço e começa a me beijar, eu que nunca tinha saído com ninguém estou dando uns amassos com uma gata, mas a moça para e fala:
O que você queria me dizer?
Eu todo corado respondo:
Eu ia te chamar pra ir em algum lugar, talvez um restaurante ou ir caminhar no parque, não sei...
E sem demora ela diz:
Até que você não beija tão mal, talvez a gente saia, quer ir quando?
Com uma expressão feliz no rosto falo:
Se pra você estiver tudo bem, podemos ir hoje à noite...
Ela concorda em sair comigo, nós descemos para sala de estar, chegando lá a avó fala:
Poxa Lay, não sabia que você tinha um namoradinho novo...
E ela corrige:
Estamos apenas saindo vovó, apenas isso.
Eu sem jeito me despeço de ambas e vou embora pois tinha de ir ao psicólogo. Naquele dia o percurso de bicicleta foi diferente, parecia que eu via mais cores nas coisas. Eu não era um cara ruim, mas com meu transtorno bipolar era perigoso até mesmo para uma pessoa que não tem medo de nada, como a Layla.
O relógio marca 19:00, vou até a casa dela, chegando lá ela já esta pronta para ir, estávamos indo para um parque, tomar um sorvete, caminhar, e no meio da caminhada eu pergunto:
Por que me beijou?
Ela sem olhar para mim diz:
Ué, porque eu quis
Eu confuso, mas continua insistindo nisso:
Mas eu poderia ser um assassino...
E ela com prontidão retruca:
Bom, até onde sabemos eu também posso ser uma...
Nisso ela corre em direção a um balanço de pneu que tinha em uma das árvores do parque. Naquele momento, enquanto via ela correr para o pneu, eu senti algo, um sentimento que nunca tinha sentido na vida e só ela fez ele sentir aquilo, eu não sabia se era pelo beijo ou pelo senso de humor que a moça tinha, mas eu sabia de algo, ela era diferente.
O relógio marca 21:40, os dois deitados na grama olhando as estrelas quando ela começa desabafar:
Meus pais trabalhavam numa companhia aérea, meu pai era piloto e minha mãe aeromoça, eles se conheceram num voo para Berlin, se apaixonaram e se casaram, alguns anos depois me tiveram...
Eu questiono:
E aonde eles estão agora?
Ela com uma voz entristecida diz:
Não sei aonde estão, mas sei que estão mortos
O clima ficou pesado, a tensão caiu como uma bigorna na conversa, mas ela continua:
Eles morreram a alguns anos atrás num acidente de avião e desde então moro com a minha avó.
Eu então conto que sua mãe foi assassinada, mas não contei que foi na minha frente, não contei nenhum detalhe sobre, só que minha mãe tinha sido morta e meu pai tinha me abandonado, foi então que a menina falou:
Você disse que poderia ser um assassino certo?
E eu olho pra ela sem expressão alguma, e ela continua:
Por isso quis te beijar com você, temos algo semelhante... não acha?
Eu debochando digo:
Não temos pais??
Ela ri e responde:
É, isso também, mas igual á mim, você não tem nada a perder...
Nos encaramos e sob a luz do luar nos beijamos, foi naquele momento que tive certeza, não era somente pelo beijo, nem pelo senso de humor, ela era diferente mesmo, eu gostava disso e a menina parecia gostar de mim também...
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A vingança pode ser algo familiar
Mystère / ThrillerA história se passa no Brooklyn em 1969 e em Ohio em 1985. Neste ano nasce o protagonista (Charles Moore), mas no momento em que a sua mãe dá à luz, seu pai desaparece, é logo cogitado que por não querer ser pai, ele pegou suas coisas e foi comprar...